Caminhada contra o feminicídio reúne 2 mil pessoas em Curitiba
Mobilização marcou o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, celebrado em 22 de Julho. Promovida pelo Governo do Estado, mobilização teve a participação de mulheres e homens de todas as idades. O aspecto mais destacado foi a importância da denúncia da violência
No Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, celebrado nesta terça-feira, dia 22 de julho, mais de 2 mil pessoas se reuniram em Curitiba para a Caminhada do Meio-Dia, iniciativa que busca sensibilizar sobre a violência contra as mulheres e é um ato de memória às vítimas de feminicídio. A mobilização, promovida pelo Governo do Estado, aconteceu na Capital e em outras 180 cidades paranaenses, com a participação de mulheres e homens de todas as idades.
Esta é a terceira edição da caminhada, organizada pela Secretaria de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi), em parceria com a Casa Civil, a Defensoria Pública e outros órgãos. Segundo a secretária Leandre Dal Ponte, da Semipi, o objetivo é sensibilizar a sociedade para a urgência do enfrentamento à violência de gênero e valorizar as políticas públicas em defesa da vida das mulheres. “É importante registrar que a violência não é um problema privado, mas uma ferida social. A Caminhada do Meio-Dia, que nasce da dor mas caminha na esperança por um mundo melhor, é um ato público de mobilização, conscientização e, principalmente, uma manifestação clara de que a violência contra a mulher não é mais aceita em nosso Estado”, afirmou.
Leandre ressaltou a participação em massa da sociedade paranaense na mobilização em prol das mulheres. “Precisamos de homens e mulheres de todas as idades, etnias e credos que se levantem junto conosco e possam levar essa mensagem para que aquelas mulheres que sofrem violência entendam que não estão sozinhas e se encorajem a fazer a denúncia”, ressaltou.
Fátima Rigoni se juntou à caminhada porque a filha, Franciele Gusso Rigoni, foi vítima de feminicídio. A mulher de 36 anos foi assassinada em 2023 pelo marido na própria casa, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. “Este é um ato em que a gente tem a oportunidade de fazer a sociedade refletir sobre a morte de tantas mulheres. Minha filha foi assassinada pelo marido por causa de um seguro de vida”, contou. “Nem eu e nem a irmã, que era muito próxima dela, conseguimos perceber o que estava acontecendo. Por isso é importante que estejamos atentos e possamos refletir sobre a educação dos nossos filhos e filhas”, disse Fátima. “Temos que levar essa reflexão a toda sociedade. Eu luto como mãe, sou uma mãe amputada, que perdeu uma filha para essa violência. Ninguém vai repor a Franciele na minha vida, mas é ação que eu peço, porque muitas mulheres precisam hoje e muitas ainda vão precisar”.
Representando as religiões de matriz africana, a ialorixá Josiane Dasgostini destacou a importância da união de pessoas de todas as cores e credos no combate à violência de gênero. “O silêncio traz a agressão, então se não nos mobilizarmos, a agressão pode ser cada vez maior. Nós, enquanto mulheres, temos que perder o medo de falar das violências que sofremos. A denúncia contra o feminicídio e a violência de gênero têm que ser falado. Por isso a mobilização do Estado e da sociedade civil é tão importante, porque conscientiza as mulheres para que possamos ser livres”, disse.
Eliana Arantes Bueno Salcedo preside o Movimento Mulheres que se Importam, criado em 2013 na Primeira Igreja Batista de Curitiba. “Somos um movimento sem placas e apartidário, que atua na prevenção da violência contra as mulheres. Já participamos da caminhada no ano passado e considero muito importante essa união dos órgãos municipais e estaduais com a sociedade civil. Precisamos de políticas públicas para as mulheres e de união para enfrentar a violência”, ressaltou.
Participante da ONG Mulheres Unidas, do bairro Tatuquara, Eva Gouveia também se uniu à mobilização. “Trabalhamos com idosos e crianças e sabemos como a união das mulheres ajuda a transformar a sociedade. Cada um fazendo um pouquinho, conseguimos fazer a diferença. Procuramos passar para todo mundo que atendemos que o ‘não é não’ e que devemos estar todos juntos lutando contra o feminicídio”, destacou.
Dia estadual
O Dia Estadual de Combate ao Feminicídio foi estabelecido pela lei 19.873/2019, sancionada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior em junho de 2019. A data de 22 de julho foi escolhida em referência à morte da advogada Tatiane Spitzner, assassinada pelo marido em 2018, em Guarapuava.
Presenças
ambém participaram da caminhada o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi; os secretários estaduais das Cidades, Guto Silva; da Justiça e Cidadania, Valdemar Bernardo Jorge; do Desenvolvimento Social e Família, Rogério Carboni; do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca; do Planejamento, Ulisses Maia; e da Administração e Previdência; Luizão Goulart.