400 alunos participam de palestra sobre violência doméstica no Cine Teatro Iguassu

Ação da Comissão da Mulher Advogada da OAB levou Lei Maria da Penha de forma lúdica às crianças do 4º e 5º ano, com apoio da prefeitura e da Polícia Militar

Na manhã e tarde de ontem (02), o Cine Teatro Iguassu recebeu um público especial. Cerca de 400 alunos do 4º e 5º ano da rede municipal de ensino participaram de uma palestra educativa sobre violência doméstica, realizada dentro da campanha Agosto Lilás.

A iniciativa, organizada pela Comissão da Mulher Advogada da OAB – Subseção de Laranjeiras do Sul, buscou levar às crianças e adolescentes noções fundamentais sobre respeito, proteção e direitos. O evento contou com apoio da prefeitura, por meio da secretaria de Educação e da secretaria de Assistência Social, além da Polícia Militar, que trouxe contribuições importantes sobre prevenção e denúncia.

Primeira edição
A presidente da Comissão da Mulher Advogada, Gisele Spancerski, destacou a satisfação em proporcionar um momento inédito de reflexão às crianças. “Foi a primeira vez que realizamos um evento como este. Sentimo-nos realizadas em trazer esse conhecimento para os alunos, mostrando a eles o que é a violência, como reconhecer um ambiente seguro e para quem pedir ajuda. Queremos que eles saibam que podem contar com professores, diretores, pedagogos e até mesmo com a polícia em situações de risco”, afirmou.

Gisele ressaltou ainda o caráter transformador da ação. “É um sentimento de vitória, de dever cumprido. Se uma única criança que esteve aqui hoje conseguir ajudar uma amiga, uma vizinha ou até mesmo um familiar em situação de violência, já terá valido a pena cada minuto que dedicamos a essa atividade”.

Base familiar
A vice-presidente da Comissão, Thayna Coradeli, explicou que a escolha do público-alvo, alunos do 4º e 5º ano, foi estratégica. “Queríamos trabalhar com crianças que já têm discernimento para compreender esse tema, mesmo sendo complexo. Acreditamos que é na infância que se constrói o respeito, dentro de casa e na escola. Trouxemos a Lei Maria da Penha de forma lúdica, para que elas pudessem entender o que é violência contra a mulher e como isso impacta a vida em sociedade”, destacou.
Thayna lembrou ainda da colaboração da secretaria de Educação, que garantiu transporte escolar, professores e equipe pedagógica para acompanhar os alunos durante a atividade.

Ludicidade
Para facilitar a compreensão, a contadora de histórias Cláudia Motta, que dá vida à personagem Lady Flor, conduziu uma narrativa acessível sobre a trajetória de Maria da Penha. A abordagem lúdica ajudou a traduzir um tema pesado em uma linguagem clara e próxima da realidade infantil. “É um assunto difícil, que muitas vezes não é falado. Mas a contação de histórias permite que as crianças entendam a gravidade da violência de forma leve. Muitas vezes elas não percebem as sutilezas das agressões verbais ou psicológicas dentro de casa. Ao ouvir essa história, acredito que conseguiram compreender melhor a importância da lei e da luta contra a violência doméstica”, afirmou Cláudia.

Prevenção e denúncia
A palestra também contou com a participação dos cabos Vidal e Bonfim, da Patrulha Maria da Penha, e da policial militar Vivian Oro, que falaram sobre a violência infantil e os canais de denúncia disponíveis. Além de orientações práticas, os militares interagiram com os alunos por meio de música e dinâmicas educativas. “Essas crianças são os futuros líderes da nossa sociedade. Aqui estão os próximos professores, advogados, juízes, radialistas e pais de família. Compartilhar esse conhecimento hoje é plantar uma semente para mudar a mentalidade da comunidade amanhã”, afirmou o cabo Vidal.

Semente de transformação
O evento foi considerado um marco pelos organizadores e participantes. Ao reunir instituições, educadores, autoridades e voluntários, a palestra mostrou que a luta contra a violência doméstica precisa começar cedo, com informação clara e linguagem acessível.

A Comissão da Mulher Advogada reforçou que pretende manter ações semelhantes nos próximos anos, ampliando o diálogo sobre respeito e prevenção entre crianças e adolescentes. “Se conseguimos despertar em cada criança aqui presente a consciência de que ninguém deve sofrer em silêncio e que sempre há a quem recorrer, então já demos um passo essencial na construção de uma sociedade mais justa e segura”, concluiu Gisele Spancerski.