Rio Bonito já conta com mais de R$ 125 milhões para começar a reconstrução
O ciclone que destruiu 90% da cidade e tirou seis vidas encontrou de frente a força paranaense e brasileira. Em 72 horas, o Paraná se moveu: R$ 50 milhões em auxílio direto, 320 casas emergenciais e uma rede de solidariedade comovente. Conheça quem eram as vítimas e o que já foi arrecadado
Já se passaram 72 horas desde que um tornado atingiu Rio Bonito e região no final da última sexta-feira (07), causando estragos graves e em larga escala. O fenômeno, que percorreu o município durante dois minutos, veio acompanhado de rajadas de vento destrutivas, que chegaram a atingir 250 km/h, e queda de granizo, destruindo aproximadamente 90% da cidade, com seis óbitos confirmados até o momento, sendo uma delas registrada em Guarapuava.
O adeus às vítimas fatais
As seis pessoas que perderam a vida em consequência do tornado foram identificadas durante o sábado (08), veladas e enterradas no domingo (09). As vítimas são José Neri Geremias, Jurandir Nogueira Ferreira, Adriane Maria de Moura, Claudino Paulino Risso, Julia Kwapis e José Gieteski.
José Neri Geremias, de 53 anos, faleceu em Guarapuava, a cerca de 130 quilômetros de Rio Bonito. Ele estava em casa quando o temporal atingiu o Assentamento Nova Geração. O corpo foi encontrado na manhã de sábado (08). José trabalhava na área da construção civil e havia perdido recentemente o filho, de 33 anos, em um acidente de carro ocorrido em julho.
Jurandir Nogueira Ferreira, 49 anos, atuava em uma cooperativa agroindustrial da região. Ele morreu a cerca de 500 metros de casa. Segundo relato do filho, Jackson, Jurandir buscava abrigo no carro durante a tempestade quando um poste se partiu e caiu sobre o veículo.
Adriane Maria de Moura, de 47 anos, era natural de Sulina, cidade a aproximadamente 50 quilômetros de Rio Bonito. Trabalhava em uma empresa de laticínios e recentemente comemorava o progresso da filha, que está concluindo o curso de fisioterapia. Adriane estava em um supermercado que desabou durante o tornado. A prefeitura de Sulina emitiu nota de pesar à família.
Com 57 anos, Claudino Paulino Risso foi encontrado sob os escombros de sua residência. Ele havia passado a tarde cuidando da neta, de dois anos. Pouco tempo depois de a filha buscar a criança, o tornado atingiu a casa. Claudino foi uma das vítimas fatais encontradas no local.
A adolescente Julia Kwapis, de 14 anos, estava na casa de uma amiga quando o imóvel foi arrastado pelos ventos. Ela chegou a ser levada ao hospital em Laranjeiras, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a família, Julia aguardava com alegria sua cerimônia de Crisma, que aconteceria naquele fim de semana, e havia preparado um churrasco para celebrar.
Aos 83 anos, José Gieteski é a vítima mais idosa do desastre. Poucas informações foram divulgadas sobre as circunstâncias de sua morte e o local onde o corpo foi encontrado.
Impactos e desafios
Os efeitos do tornado em Rio Bonito foram severos, atingindo tanto a infraestrutura quanto o cotidiano da população. Diversas famílias foram diretamente afetadas, com 750 pessoas feridas e aproximadamente 1 mil estão desalojadas, recebendo apoio das equipes locais e estaduais de emergência. Segundo dados da da prefeitura de Laranjeiras do Sul, município vizinho, até às 10 horas da manhã do último domingo (09), havia realizado 835 atendimentos, sendo 143 UBS Dr. Felipe de Sio (Postão); 138 no Centro Médico Hospitalar São Lucas; 435 no Instituto São José, 18 no Centro Universitário Campo Real e 81 pela SAMU. Trinta e dois pacientes necessitaram ser internados e 4 estavam na UTI.
Lei garante repasse direto de recursos a famílias
O governador Carlos Massa Ratinho Junior sancionou na noite de domingo (09) a lei nº 22.766/2025, que altera o Fundo Estadual para Calamidades Públicas (Fecap) e permite o repasse direto de recursos financeiros às famílias atingidas pelo tornado que devastou Rio Bonito e outras cidades na última sexta-feira (07). A proposta foi aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa em duas sessões extraordinárias realizadas no mesmo dia, com o objetivo de agilizar o socorro às vítimas. Antes da mudança, a legislação previa apenas transferências fundo a fundo entre Estado e municípios. Agora, os recursos poderão ser entregues diretamente às famílias com casas destruídas.
O decreto que regulamentará a medida definirá os critérios de repasse, com previsão de liberação de até R$ 50 mil por família. O investimento inicial do governo estadual é estimado em R$ 50 milhões. “O objetivo era ser rápido e concluímos essa etapa com apoio fundamental dos nossos deputados estaduais. Esse esforço coletivo mostra que a união ajudará a reconstruir Rio Bonito do Iguaçu e outras localidades atingidas pelo tornado e os temporais dos últimos dias”, afirmou o governador Ratinho Junior.
Planejamento para reconstrução das moradias e estruturas públicas
O governo estadual iniciou o planejamento para reconstruir residências, escolas e a sede da APAE de Rio Bonito, na região Centro-Sul. As obras começarão assim que as equipes técnicas concluírem o diagnóstico estrutural das construções danificadas. Cerca de 200 engenheiros da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) estão em campo desde domingo (09), avaliando os danos e a estabilidade dos imóveis.
Paralelamente, a Cohapar elabora um programa específico para a construção de novas moradias, já que aproximadamente 90% da infraestrutura do município foi comprometida, incluindo residências, comércios e prédios públicos.
O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Educação (Seed-PR) e do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), está trabalhando na recuperação das escolas atingidas pelo tornado que devastou Rio Bonito do Iguaçu na sexta-feira (7), com o objetivo de garantir a retomada segura das aulas.
Vistorias e levantamento dos danos
Desde domingo (09), engenheiros e técnicos da Fundepar realizam vistorias no município para avaliar a extensão dos prejuízos. Duas das sete escolas estaduais da cidade registraram danos estruturais significativos, enquanto todas enfrentam problemas no transporte escolar. As demais instituições tiveram danos menores, como janelas e vidros quebrados, que já estão sendo reparados.As unidades mais afetadas foram o Colégio Estadual Ludovica Safraider, que atende cerca de 700 alunos, e o Colégio Estadual Ireno Alves dos Santos, com 251 estudantes. O ginásio do Ludovica foi completamente destruído, e há estragos parciais na biblioteca, secretaria e laboratórios. No Ireno Alves, o principal dano foi na cobertura. As equipes realizam a limpeza das salas e preparam as medidas para reconstrução.A diretora-presidente da Fundepar, Eliane Teruel Carmona, destacou que o trabalho envolve cooperação entre os núcleos regionais de educação: “Estamos mobilizando mobiliário e equipamentos de outras escolas de forma temporária, até que as unidades de Rio Bonito do Iguaçu sejam totalmente recuperadas.”Para atender às demandas mais urgentes, a Fundepar destinou R$ 75 mil por meio do Fundo Rotativo, sendo R$ 50 mil para o Colégio Ireno Alves e R$ 25 mil para o Colégio Ludovica Safraider. O valor será usado em reparos prioritários e serviços de limpeza.Ainda não há estimativa do valor total dos prejuízos, mas os engenheiros estão elaborando laudos técnicos que indicarão a necessidade de demolição ou reconstrução parcial dos prédios. Após a conclusão dos relatórios, uma empresa será contratada em caráter emergencial para realizar as obras, conforme o decreto de Estado de Calamidade Pública assinado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, que também autoriza o município a solicitar apoio federal e recursos do Fundo Estadual de Calamidade Pública.
Transporte escolar comprometido
O tornado também afetou o transporte escolar. Mais de 2.200 alunos, sendo 948 da rede estadual, dependem dos ônibus para chegar às escolas. O município possui 41 veículos, entre frota própria e contratada, e grande parte foi danificada.De acordo com o Núcleo Regional de Educação (NRE) de Laranjeiras, a garagem onde os veículos são guardados foi uma das áreas mais atingidas. A Fundepar está realizando um levantamento dos danos e articulando apoio de cidades vizinhas para restabelecer o transporte.
Aulas suspensas e plano de contingência
Nesta segunda-feira (10), as aulas continuaram suspensas em todo o município. O Colégio Ludovica Safraider permanecerá sem atividades por tempo indeterminado, enquanto o Colégio Ireno Alves dos Santos deve retomar as aulas na quinta-feira (13). Já as escolas do campo, que não sofreram danos, devem reabrir na quarta-feira (12).Enquanto o transporte escolar não é restabelecido, os estudantes que dependem do serviço ou estudam no Colégio Ludovica Safraider receberão materiais impressos e aulas remotas. O Colégio Estadual do Campo Joaquim Nasário Ribeiro, localizado em Campo do Bugre, servirá como abrigo e ponto de armazenamento de doações.Ao todo, 1.940 alunos da rede estadual permanecem temporariamente sem aulas devido aos estragos provocados pelo tornado.
Mobilização de maquinários e equipes
Desde a madrugada do último sábado (08), mais de 30 equipamentos, entre escavadeiras, pás-carregadeiras, caminhões e tratores, atuam na limpeza, desobstrução de vias e remoção de entulhos em Rio Bonito. As máquinas foram cedidas pela prefeitura, por municípios vizinhos e por órgãos estaduais como o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR) e a Defesa Civil.O secretário das Cidades, Guto Silva, destacou o trabalho conjunto entre Estado e prefeituras:“O foco é devolver as condições mínimas de infraestrutura para a cidade voltar a funcionar. Nenhuma família ficará sem apoio e vamos reconstruir Rio Bonito com união e solidariedade”. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Shunig, informou que o momento é de intensificar a limpeza para preparar o município para a reconstrução. Segundo ele, não há mais registros de vítimas ou desaparecidos.A operação conta com o apoio de 15 municípios da região e centenas de voluntários. Um dos voluntários, Daniel Waczak, motorista do setor de Saúde de Virmond, relatou a solidariedade entre as cidades vizinhas:“Tem gente de várias regiões ajudando. É uma união muito bonita. A gente precisa se colocar no lugar do próximo”.
Atuação integrada e apoio emergencial
Os trabalhos envolvem equipes da prefeitura, DER-PR, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Copel, Sanepar, secretaria de Estado da Saúde e voluntários. O Corpo de Bombeiros mantém 44 militares e 23 viaturas, incluindo helicópteros, para apoio logístico e atendimento emergencial.Neste domingo (09), a Defesa Civil iniciou uma nova fase de operação, com equipes divididas por setores da cidade. Elas estão recolhendo entulhos das residências para que os maquinários façam a remoção completa.A Assembleia Legislativa também homologou o decreto estadual que reconhece a situação de calamidade pública em Rio Bonito, medida que permite acelerar a liberação de recursos e facilitar os processos de reconstrução.
Fundo de Calamidade garantirá auxílio direto às famílias
O secretário estadual da Segurança Pública, Hudson Teixeira, confirmou que o Fundo Estadual de Calamidade Pública destinará R$ 50 milhões para apoiar a recuperação do município. O repasse direto às famílias tem como meta reduzir a burocracia e acelerar a reconstrução.A Cohapar, em parceria com o Crea-PR, está levantando os prejuízos materiais para direcionar corretamente os recursos. O tornado destruiu cerca de 90% das estruturas da cidade. A secretaria de Estado da Educação já autorizou a reconstrução das escolas e adiou a aplicação do Enem no município.
Abastecimento, energia e assistência às famílias
Equipes da Sanepar informaram que o sistema de abastecimento de Rio Bonito foi restabelecido, com apoio de caminhões-pipa e geradores. Também foram distribuídos 50 mil copos de água para desabrigados e profissionais que atuam no socorro.A Copel restabeleceu 50% da rede elétrica até a tarde desta segunda (10), incluindo locais prioritários como o Centro de Comando da Defesa Civil, o posto de saúde e o Centro do Idoso. Mais de 200 profissionais da companhia continuam atuando na recomposição da rede.Além disso, o Estado está instalando um Centro de Triagem e um de Acolhimento Psicológico para oferecer apoio às famílias atingidas. Essas estruturas estão sendo reativadas à medida que os serviços de água, energia e internet são restabelecidos.
Envio de suprimentos e assistência emergencial
A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil enviou uma carreta e quatro caminhões-baú com quatro toneladas de alimentos, 565 colchões, 370 kits dormitório contendo cobertor, travesseiro, lençol e fronhas, 154 kits de higiene, 100 kits de limpeza, além de 2.600 telhas e 54 rolos de lona. A Defesa Civil também coordena a organização das doações encaminhadas a quartéis do Corpo de Bombeiros e outros pontos de coleta para garantir a distribuição adequada aos atingidos.
Distribuição e prioridades das doações
Devido aos grandes danos em residências e prédios da cidade, a entrega dos donativos será feita de forma coordenada. A Defesa Civil orienta que as doações sejam levadas diretamente aos quartéis do Corpo de Bombeiros, já que o município não dispõe de estrutura para armazenar grandes volumes de materiais.Além de alimentos, produtos de higiene e limpeza, há maior necessidade por materiais de construção, como rufos, calhas, telhas de fibrocimento de 5 mm, forros de PVC, pregos, parafusos, postes e betoneiras.“O momento agora é de reconstrução, por isso a prioridade é por materiais de construção, principalmente para a recuperação dos telhados das casas que ainda podem ser reformadas”, explicou o secretário estadual das Cidades, Guto Silva.O secretário também destacou a importância de profissionais especializados na reconstrução.“Quem puder ajudar, há necessidade de pedreiros, encanadores, eletricistas e carpinteiros. Empresários que possam ceder profissionais serão de grande ajuda. Toda colaboração é bem-vinda.”O prefeito de Rio Bonito, Sezar Augusto Bovino, reforçou a urgência das doações.“A primeira etapa é reconstruir as casas parcialmente destruídas. Essas doações são essenciais, pois há previsão de chuva a partir de quarta-feira (12). Precisamos garantir abrigo para as famílias que podem retornar às suas casas”.
Solidariedade
O CEO da Cimed, João Adibe Marques, em vídeo publicado em seu instagram no domingo (09) ao lado de seu filho, se comprometeu, em nome de sua empresa, a quitar 100% da mercadoria perdida por parte dos seus clientes. “Todos os produtos vão ser repostos. Você, empresário, que acabou de ouvir esse vídeo, faça o mesmo pela população”, convidou Adibe. Além da Cimed, o Distrito 4640 do Rotary Club também se mobilizou com mão de obra e captação de recursos por meio de canais oficiais. Juntos, as prefeituras de Laranjeiras e Quedas, a Faculdade Campo Real de Laranjeiras, a Coasul e os movimentos católicos, como a Jornada Jovem de Laranjeiras, Cascavel e Quedas, Lareira; os campistas, Legendários entre outros, assim como a Zoe e a Assembleia de Deus auxiliaram com pontos de coleta, equipes de saúde, maquinário, chaves Pixs, além de voluntariado, alimentos, vestuário, mobília, produtos, entre outros produtos.
Canais oficiais
Atente-se para fazer doações nas chaves oficiais:
- CNPJ Município de Rio Bonito: 95.587.770/0001-99
- Fundo Estadual para Calamidades Públicas – Fecap
CNPJ: 52.807.487/0001-12
Agência: 3793-1
Conta Corrente: 14.454-1
- Pix Rotary Club de Laranjeiras do Sul: 42991483854
- Pix Coasul: ajudariobonito@coasul.com.br
Governo anuncia construção emergencial de 320 moradias
O governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciou ontem (10) a construção emergencial de 320 casas em Rio Bonito. A medida será executada paralelamente ao repasse de até R$ 50 mil por família para reconstrução de moradias parcialmente danificadas.
Os trabalhos terão início assim que as equipes de engenharia finalizarem os levantamentos técnicos dos terrenos. A previsão é que as primeiras casas sejam entregues em até 90 dias.
“Queremos que, dentro desse prazo, uma parte significativa das moradias já esteja concluída. A Cohapar está em contato com as empresas do programa ‘Casa Fácil Paraná’ para garantir a execução das obras em Rio Bonito do Iguaçu”, afirmou o governador. As unidades serão entregues gratuitamente às famílias que perderam completamente suas residências.
O governo dará preferência às empresas que utilizam o modelo off-site, no qual as paredes são pré-fabricadas em ambiente industrial e instaladas já com sistemas elétricos, hidráulicos, portas e esquadrias. O investimento total será de aproximadamente R$ 60 milhões, com casas de cerca de 45 metros quadrados.
Segundo o presidente da Cohapar, Jorge Lange, será utilizado o valor de referência do programa ‘Casa Fácil Paraná’, e um chamamento público será aberto ainda nesta semana para selecionar as construtoras, priorizando aquelas que apresentarem o menor prazo de entrega.
Medidas complementares e repasses diretos às famílias
No domingo (09), o governador sancionou a lei que altera o Fundo Estadual de Calamidade Pública (Fecap). O cadastro das vítimas já está em andamento, com o apoio de engenheiros da Cohapar e do Crea-PR. “A nova legislação garante mais agilidade na reconstrução. Também estudamos liberar insumos locais, como tijolos e madeira, mediante avaliação técnica”, explicou Ratinho Junior.
Os critérios para o recebimento dos recursos serão definidos por decreto. A previsão inicial é de investimento de R$ 50 milhões, com auxílio de até R$ 50 mil por família para reparos ou reconstrução total das residências atingidas.
Governo Federal libera R$15 milhões
O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, autorizou a liberação imediata de R$ 15 milhões para acelerar a reconstrução de uma escola e de um ginásio municipal.
Durante a visita ao município, o ministro sobrevoou e percorreu as regiões mais afetadas, acompanhado do prefeito Sezar Bovino, de representantes das Defesas Civis estadual e municipal e de técnicos da Defesa Civil Nacional. O processo de reconstrução deverá exigir tempo e esforço coletivo. O governo federal assegurou que continuará acompanhando a situação e prestando o apoio necessário para a recuperação do município.



