E se a morte for uma viagem?

Minha mãe tinha saído do hospital naquela semana porque “tinha que ficar boa pra vir no meu casamento”. Veio e dançou! Nem parecia estar enferma… Ela amava dançar! Depois disso, ela ficou boa por alguns meses e foi internada novamente, dessa vez na UTI.

Quando cheguei no hospital, PASMEM: Ela recebeu alta!
O médico a trouxe até a portaria e me disse: “Você é o remédio que ela estava esperando! Ontem ela estava mal, mas ao saber da sua vinda se recuperou.”

Levei a minha mãezinha pra casa e fiquei com ela por alguns dias, mas sabia que nosso tempo estava se esgotando…
Numa tarde, lendo em seus olhos que apesar de estar feliz pela minha companhia, ela ainda sofria pela morte do meu irmão, num acidente anos antes, contei pra ela a história de uma viagem, que a morte é como pegar um ônibus para uma linda viagem, alguns pegam esse ônibus antes, outros pegam depois… Falei pra ela imaginar:

_”Mãezinha, pensa que ele foi numa viagem, que ele está num lindo lugar, que ele só foi antes de nós, porque quando chegar a nossa hora, nós viajaremos também e iremos para lá.”

Ela me olhou profundamente com aquele olhar que enxerga até a alma e disse: _”Você é a filha mais diferente que tenho… Você fala coisas bonitas…”

Eu disse: “Quando chegar a sua hora, pode embarcar tranquila, mãe. Quando eu for, procurarei a senhora lá.” E com um sorriso silencioso, ficamos por algum tempo comendo acerolas embaixo da árvore, no quintal da casinha dela…
E ela embarcou em menos de 15 dias …

Que façamos de tudo para viver bem enquanto estamos aqui, estamos todos no ponto de ônibus.

Que a viagem dos que estão embarcando seja linda e que os anjos os esperem na chegada. 

Quando chegar a nossa vez de fazer essa viagem, que estejamos felizes, pois voltar para a Casa do Pai e ser bem recebido é o grande desejo de nossos corações.

Te escreve, com carinho, essa viajante: Márcia Oliveira (@pormarciaoliveira)

Versão para o site:

E se a morte for uma viagem?

Minha mãe era uma mulher festeira: Tinha saído do hospital naquela semana porque “tinha que ficar boa pra vir no meu casamento”. Veio! Dançou a noite toda e eu a via tão leve e tão feliz que nem parecia estar enferma… Ela amava dançar!
Após esse evento, ela ficou boa por poucos meses e foi internada novamente, enquanto nos mudávamos para longe… Movimentos que a vida exige…  

No final da Jornada Mundial da Juventude, saindo do Rio de Janeiro para casa, fui avisada que ela estava na UTI. 

Mudei a rota e voei para o Mato Grosso! 

Ao chegar no hospital, PASMEM:
Ela recebeu alta!
O médico a trouxe até a portaria e me disse: “Você é o remédio que ela estava esperando! Ontem ela estava mal, mas ao saber da sua vinda se recuperou.”

Levei a minha mãezinha pra casa tão feliz, fiquei com ela por alguns dias, mas eu sabia que nosso tempo estava se esgotando:
Lendo em seus olhos que apesar de estar feliz pela minha companhia, ela ainda sofria a tristeza pela morte do meu irmão, num acidente trágico anos antes, contei pra ela a história de uma viagem, que a morte é como pegar um ônibus para uma linda viagem, (ela amava viajar), alguns pegam esse ônibus antes, outros pegam depois… Falei pra ela imaginar:

_”Mãezinha, pensa que ele foi numa viagem, pensa que ele está num lindo lugar, que ele só foi antes de nós, porque quando chegar a nossa hora, nós viajaremos também e iremos pro mesmo lugar.”

Ela me olhou profundamente com aquele olhar que enxerga até a alma e disse: _”Você é a filha mais diferente que tenho… Você fala coisas bonitas…”

Eu disse: “Quando chegar a sua hora, pode embarcar tranquila, mãe. Quando eu for, procurarei a senhora lá.” E com um sorriso silencioso, ficamos por algum tempo comendo acerolas embaixo da árvore, no quintal da casinha dela…
E ela embarcou em menos de 15 dias …

Que façamos de tudo para viver bem enquanto estamos aqui, pois estamos todos no ponto de ônibus.

Que a viagem dos que estão embarcando seja linda e que os anjos os esperem na chegada. 

Quando chegar a nossa vez de fazer essa viagem, que estejamos felizes, pois voltar para a Casa do Pai, ser reconhecido e bem recebido é o grande desejo de nossos corações.

Te escreve, com carinho, essa viajante: Márcia Oliveira (@pormarciaoliveira)