Ação do Instituto Emater ajuda a dar sustentabilidade ao agronegócio paranaense

Sérgio Mudrovitsch de Bittencourt/Engenheiro Agrônomo – Instituto Emater

A agricultura paranaense apresentou nos últimos anos uma significativa evolução tecnológica, tornando-se referência nacional e internacional. Não apenas a produção e as produtividades têm aumentado, mas também tem ganhado destaque a atuação da pesquisa, fiscalização e Extensão Rural que dissemina entre os produtores sistemas de produção eficientes e tecnologias de ponta. Hoje, o desenvolvimento rural sustentável é parte preponderante da missão do Instituto Emater e o tema está integrado a diversas áreas técnicas da Extensão Rural. Os esforços tem se concentrado, principalmente, na racionalização do uso dos insumos e na conservação do solo e da água.

Quando se trata da racionalização do uso de insumos, especialmente dos agrotóxicos, uma ferramenta fundamental tem sido o Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP e MID) que estabelece o uso dos agrotóxicos apenas quando a praga ou doença podem causar dano econômico. Dessa forma é dada a oportunidade para que inimigos naturais possam se reproduzir e, muitas vezes, o controle biológico das pragas seja feito por agentes naturais. As pulverizações, quando necessárias, priorizam a utilização de produtos de menor toxicidade e são realizadas com equipamentos regulados, evitando o desperdício de insumos e a poluição.

Com relação ao manejo da água na área rural é interessante lembrar que nas áreas cobertas por floresta a água das chuvas encontra o anteparo das folhas das árvores para só então escorrer de forma mais branda para o solo. Raízes, folhas e galhos formam uma camada de matéria orgânica que da sustentabilidade à vida microbiana do solo e proporciona porosidade ao terreno, permitindo a infiltração e armazenagem da água, abastecendo os lençóis freáticos, nascentes e plantas.

Nas áreas agrícolas as lavouras, reflorestamentos e pastagens, quando bem manejados, devem maximizar a cobertura do solo e formar uma camada protetora que auxilia a infiltração da água de forma semelhante ao que acontece nas florestas. Solos bem manejados possuem maior capacidade de infiltração da água que fica disponível para as culturas por um maior período de tempo, evitando danos econômicos causados por pequenas estiagens. A ausência de boas práticas de manejo do solo e da água conduz à ocorrência de processos erosivos que comprometem a sustentabilidade do agronegócio. A erosão, além de importantes danos socioeconômicos, causa enchentes, assoreamento e poluição de rios e nascentes.

Mais renda

As propriedades rurais ocupam aproximadamente 90% do território paranaense, o que aumenta a importância dessas áreas para a conservação dos recursos naturais. Hoje existe o consenso de que as propriedades rurais são produtoras de água. Em verdade os agricultores que adotam práticas conservacionistas adequadas são os principais guardiões dos recursos hídricos, já que os solos bem manejados armazenam grande volume de água que abastece e regulariza a vazão de mananciais hídricos, onde se incluem os de abastecimento público. Um grande leque de práticas conservacionistas difundidas pela Extensão Rural e parceiros são apoiadas e divulgadas por programas como o PROSOLO PARANÁ estão a cobertura permanente do solo, o plantio em nível, a integração de estradas e lavouras, proteção das nascentes e a recuperação das matas ciliares entre outras.

Com a adoção do bom manejo do solo cria-se um ambiente onde as plantas desenvolvem um sistema radicular mais profundo, possibilitando melhor nutrição vegetal. Essas plantas, mais saudáveis, são mais tolerantes ao ataque de pragas e doenças, reduzindo ainda mais o uso de agrotóxicos e proporcionando maior produtividade e renda para o agricultor e para toda a sociedade.

Também os fertilizantes, quando mal utilizados, podem causar prejuízos econômicos aos produtores e poluição. A Extensão Rural tem levado aos produtores rurais novas tecnologias como a calibração da fertilidade dos solos e a agricultura de precisão que aumentam a eficácia dos fertilizantes, diminuem os custos de produção e maximizam a produtividade.

Serviço Ambiental

Vale ressaltar que a responsabilidade e contribuição do agricultor para a conservação ambiental vão além do uso conservacionista do solo. No Paraná apenas 3% do território é ocupado por Unidades de Conservação (UC) como áreas indígenas ou parques Estaduais. Outros 18% são parte de propriedades que os agricultores são obrigados a manter com a vegetação nativa (Áreas de Preservação) prestando um relevante serviço ambiental, sem o necessário apoio ou reconhecimento da sociedade. Essas áreas preservadas são espaços fundamentais para a conservação dos recursos hídricos, biodiversidade e combate ao aquecimento global.

Por ocasião da Semana do Meio Ambiente o Instituto Emater apresenta alguns números revelam à sociedade alguns resultados da sua atuação no ano de 2016. Por meio do programa Microbacias foram atendidos 3.871 agricultores. Além disso, 7.924 produtores foram orientados pelos extensionistas para adequarem ambientalmente suas propriedades. O manejo de pragas, doenças e plantas invasoras chegou a 9.347 produtores e 7.692 pessoas foram atingidas pelas ações de educação ambiental do Instituto. Em 2016, o público total da Extensão Rural chegou a 99.513 pessoas, sendo 77.122 agricultores familiares. Esse público reúne segmentos diversos da sociedade paranaense, entre eles trabalhadores rurais, assentados, jovens, mulheres, indígenas, pescadores e quilombolas. A tônica do trabalho extensionista é a difusão de boas práticas agrícolas, elemento essencial para dar sustentabilidade ao agronegócio paranaenses.

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