O livro da Andreia e a sabedoria da Vanize

Duas professoras em quem devemos prestar atenção

Falar das conquistas femininas não é uma novidade neste periódico. Nem poderia. É papel da imprensa. E aqui a chefe nos cobra. Ainda assim, costumamos não usar palavras como “empoderar” as mulheres. Empoderar é dar poder para alguém. Quem está dando esse poder? Os homens? Aí já não vale.

Preferimos fortalecer, porque é dever de toda sociedade reaprender a valorizar o feminino. Com essas reflexões trazemos nesta edição a matéria da página 3 que discorre sobre duas mulheres.

O lançamento do livro da professora Andreia Fey, além de fazer uma justa homenagem é um resgate histórico de dezenas de talentosas mulheres musicistas, que passaram quase despercebidas. Foram vítimas do costume de relegar as mulheres ao mundo privado, enquanto os homens estão sob os holofotes. Andreia foi buscar num homem, o francês Pierre Bourdieu, o embasamento teórico para mostrar as raízes dessa situação. Em seu livro “A Dominação Masculina”, o genial Bourdieu (1999) explica que a (re)produção dos gêneros e a persistência das relações de dominação de gênero se dão a partir do ‘habitus’, sistema socialmente constituído de disposições cognitivas e somáticas, modo de ser, estado habitual, especialmente do corpo, sujeito à inércia. Ou seja, tendemos a reproduzir modelos anteriores e naturalizar a mulher como sujeito de menor valor. Andreia analisa o recorte da música, mas ele está presente em toda a vida social. Vale a leitura!

A emocionante entrevista da professora Vanize, também merece ser lida e analisada, especialmente por dois públicos. Seus alunos poderão conhecer um pouco mais da carismática professora que sempre buscou estar próxima de suas turmas. Sem perder o jeito de boa descendente de italianos (ou seja, falar com as mãos e dizer sempre o que pensa), essa icônica personagem da educação laranjeirense formou duas gerações e inspirou muitos jovens a entrar para o magistério. Este é o outro público que muito ganha em conhecer melhor a história de Vanize. Seu alerta sobre o atual estado da arte nas salas de aula é duro e compartilhado pela maioria da classe. São tempos em que a educação e os professores estão perdendo seu valor.

Mas essa professora de sorriso inconfundível, ainda consegue ser otimista. Ver menos preconceito e mais generosidade em seus jovens alunos. Oxalá! Bom descanso professora Vanize, depois de 27 anos em sala, aproveite essa nova etapa da vida, que tanta sabedoria seja acompanhada em igual medida, de saúde.