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Para a maioria, morrer é finar-se, acabar-se, destruir-se no caos… Na concepção de tantos, a morte, considerada como tabu, dever ser mantida fora das cogitações costumeiras do quotidiano.
No entendimento de muitos homens, da morte jamais alguém retornou para dizer como as coisas se passam do outro lado, se é que existe.
Poucos são dos que, compreendendo o fenômeno, nas suas bases, mantêm-se equilibrados, embora naturalmente sofridos, por terem na morte o processo de renovação da vida, longe da indiferença daqueles que se localizam na faixa da desvalorização da vida.
A consumpção do veículo corporal, representa importante normativa da existência, considerando-se que coisa alguma no mundo constituída por matéria complexa deixará de alterar-se na dinâmica do transformismo bioquímico.
É da natureza que tudo que nasce tem de perecer, exceção feita ao Espírito, entidade imortal pela própria condição das substâncias simples, originais, de que é formado em sua estrutura íntima.
No largo caminho do entendimento terreno, um enorme contingente de povos, com seus filósofos e mestres, pensadores religiosos ou científicos, poetas e artistas desdobraram o pensamento sobre a morte, que sempre intrigou a Humanidade.
Na China, na Índia, entre os gregos e persas, nos conceitos dos caldeus quanto nas reflexões romanas e egípcias, a questão da morte ganha destaque, ensinando que por trás de sua cerosa máscara, desprende-se a excelente mensagem de vida formidável.
No complexo I Ching e no sensível Livro dos Mortos, de remotas eras chinesas e egípcias, compreende-se a morte como simples modo do ser convergir para a Vida Cósmica, além da Terra.
No Velho Testamento dos hebreus, quanto no Testamento Novo, que narra os fatos e feitos do Sempre-Vivo Nazareno, a morte sobressai-se como o virar das páginas do livro da experiência dos Espíritos, permitindo-se ler os escritos da Vida estuante.
Foi Jesus que demonstrou, à saciedade, a grandiosidade da exuberante vida, nos tempos em que no mundo ele movimentou-se.
Com Ele, dialogaram Elias e Moisés, desaparecidos séculos antes de Sua vinda. Junto a Ele, deblateraram e se aturdiram tanto legião, nas montanhas das Decápolis gregas, quanto o Espírito inconsequente, que se vale do médium desajustado da Sinagoga de Cafarnaum. Os mortos sempre estiveram ao Seu lado, voltando para narrar seus feitos e demonstrar os defeitos que os atormentavam no Além.
Não há morte, pois, no Universo, senão vida eloquente cantando as glórias de Deus nos campos da eternidade.
Se foste compelido a padecer o guante da grande abominada, arrebatando-te o ser querido, não te entregues ao desespero ou à rebeldia. Une-te à oração e prossegue disposto e nobre na conquista de felicidade para ti, enviando vibrações de carinho e respeito aos entes desenlaçados do corpo somático.
Se experimentas em ti mesmo a lâmina de Dâmocles retirando-te das sensações grosseiras da matéria, reflete com equilíbrio e lembra-te de orar, fazendo ponte para as fontes excelsas dos excelsos Dispensadores.
Sem as expressões mórbidas, frutos da ignorância, ou da descrença em Deus, repassa os feitos da tua vida e não deixes de lado a certeza de que um dia seguirás, pela estrada da desencarnação, por onde já foram tantos amigos e desafetos, amores e adversários, a fim de te defrontares com os resultado dos teus feitos, felizes ou não.
Pensando na fulgente vida que te aguarda, mais adiante, renova-te no bem; dispõe-te a servir ao bem; inspira-te no bem sem mácula, sem te perderes na manutenção de distúrbios e conflitos da alma, certo de que, nos passos do amor e do devotamento à Vida sublime, estarás conquistando a palma de luz que o Cristo a ri reserva, após o rol de lutas que vives no mundo.
Livro: VOZES DO INFINITO. Diversos Espíritos. Camilo (Espírito), psicografia de José Raul Teixeira. Fráter Livros Espíritas. Niterói – Rio de Janeiro – RJ. 1ª Ed. 1991.
Manoel Ataídes Pinheiro de Souza – CEAC, Guaraniaçu – PR manoelataides@gmail.com