Deslizando incansável, o rio não cogita de examinar as bênçãos que conduz nem sindica o solo por onde segue.
Bailando no ar, o perfume nada pede além da amplidão para espraiar-se.
Convertendo-se em alimento, não espera o grão outra dádiva da vida senão o trituramento.
O sol fecundo não escolhe sítio para visitar com luz calor e vida.
A chuva fertilizante não tem preferências por onde espalhar vitalidade.
Todos cooperam em nome da Divindade sem exigência e sem reclamações.
São úteis e passam. Nada esperam, nada impõem.
Aqueles que os podem utilizar, beneficiam-se e não recordam sequer dos bens que auferem com eles, mas nem por isso eles deixam de produzir.
Examinando as lições sem palavras com que a Natureza se expressa, pode o homem, com o discernimento, muito fazer em favor do próximo e de si mesmo.
Não digas, quando a ingratidão te bater à porta: Nunca mais ajudarei a ninguém!
Não exclames, quando a impiedade dos teus beneficiários chegar ao reduto do teu lar: Para mim, chega!
Não reclames, quando a soberbia dos teus pupilos queimar tuas mãos generosas com as brasas da maldade que carregam consigo: E eu que tudo lhes dei!
Não sofras, dizendo, quando o azorrague daqueles a quem amas te ferir o devotamento: Arrependo-me de ter ajudado!
Não retribuas mal por mal, pois que, assim, vitalizarás o próprio mal.
A noite domina quando encontra sombras no roteiro e a enfermidade se alastra quando se agasalha em organismos indefesos.
O bem que se faz a alguém é luz que se acende interiormente.
Gostarias, sim, de recolher gratidão, amizade, compreensão… Todos nós gostaríamos de experimentar os pomos da gratidão.
A árvore, porém, não pergunta a quem lhe colhe o fruto para onde o carrega, que pretende dele. Felicita-se por poder dar e se multiplicar através da semente que, atirada alhures, abençoa o novo solo com outras dádivas de alegria.
Imita-lhe o exemplo. Teus frutos bons, que produzam bons frutos além…
Tuas nobres tarefas, que se desdobrem em tarefas superiores mais tarde.
A ti a alegria de fazer, doar, e nunca a ideia de colher reconhecimento ou gratidão.
Gratidão, pode ser, também, pagamento.
Seja grato o teu coração, mas não esperes pelo reconhecimento de ninguém.
A reencarnação, por impositivo da Lei, aproxima de ti queridos afetos de ontem, adversários do pretérito que te buscam para receber ou para exigir, envergando trajos diferentes e estranhos sobre espíritos conhecidos. Refaze ou completa a tarefa interrompida, o dever esquecido.
A água do rio harmoniosa que o sol traga em haustos de calor tornará ao solo, ao curso antigo, em chuva dadivosa.
O Bem que faças, viajando sem parar em muitos corações, espalhará luz no longo curso e, amanhã, nos caminhos sem fim do futuro, mesmo que não o saibas ou o tenham esquecido, ressurgirá mais além, mais formoso, mais fecundo.
Livro: DIMENSÕES DA VERDADE. Joanna de Ângelis (Espírito), psicografia de Divaldo Pereira Franco. Livraria Espírita Alvorada Editora. ª ed. Salvador. BA. 2015.