DA LEI DE REPRODUÇÃO

 (O Livro dos Espíritos Perguntas 693 a 701)

                OBSTÁCULOS À REPRODUÇÃO

                693. São contrários à lei da Natureza as leis e os costumes humanos que têm por fim ou efeito criar obstáculos à reprodução?

                “Tudo o que embaraça a Natureza em sua marcha é contrário à lei geral.”

  1. – Entretanto, há espécies de seres vivos, animais e plantas, cuja reprodução indefinida seria nociva a outras espécies e das quais o próprio homem acabaria por ser  vítima. Pratica ele ato repreensível, impedindo essa reprodução?

“Deus concedeu ao homem, sobre todos os seres vivos, um poder de que ele deve usar, sem abusar. Pode, pois, regular a reprodução, de acordo com as necessidades. Não deve opor-se-lhe sem necessidade. A ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para restabelecer o equilíbrio entre as forças da Natureza e é ainda isso o que o distingue dos animais, porque ele obra com conhecimento de causa. Mas, os mesmos animais, também concorrem para a existência desse equilíbrio, porquanto o instinto de destruição que lhes foi dado faz com que, provendo à própria conservação, obstem ao desenvolvimento excessivo, quiçá perigoso, das espécies animais e vegetais de que se alimenta.”

                694. Que se deve pensar dos usos, cujo efeito consiste em obstar a reprodução para satisfação da sexualidade?

 “Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem é material.”

CASAMENTO E CELIBATO

695. Será contrário à da Natureza o casamento, isto é, a união permanente de dois seres?

                “É um progresso na marcha da Humanidade.”

                696. Que efeito teria sobre a sociedade humana a abolição do casamento?

                “Seria uma regressão à vida dos animais.”

                O Estado de natureza é o da união livre e fortuita dos sexos. O casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se observa entre todos os povos, se bem que em condições diversas. A abolição do casamento seria, pois, regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes.

                697. Está na lei da Natureza, ou somente na lei humana, a indissolubilidade absoluta do casamento?

                “É uma lei humana muito contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da Natureza são imutáveis.

                698. O celibato voluntário representa um estado de perfeição meritório aos olhos de Deus?

                “Não, e os que assim vivem, por egoísmo, desagradam a Deus e enganam o mundo.”

                699. Da parte de certas pessoas, o celibato não será um sacrifício que fazem com o fim de se votarem, de modo mais completo, ao serviço da Humanidade?

                “Isso é muito diferente. Eu disse: Por egoísmo. Todo sacrifício pessoa é meritório, quando feito para o bem. Quanto maior o sacrifício, tanto maior o mérito.”

                Não é possível que Deus se contradiga, nem que ache mau o que ele próprio fez. Nenhum mérito, portanto, pode haver na violação da sua lei. Mas, se o celibato, em si mesmo, não é um estado meritório, outro tanto não se dá quando constitui, pela renúncia às alegrias da família, um sacrifício praticado em prol da Humanidade. Todo sacrifício pessoal, tendo em vista o bem e sem qualquer idéia egoísta, eleva o homem acima da sua condição material.

                POLIGAMIA

                700. A igualdade numérica, que mais ou menos existe entre os sexos, constitui indício da proporção em que devam unir-se?

                “Sim, porquanto tudo, em a Natureza, tem um fim.”

                701. Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme à lei da Natureza?

                “A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real; há apenas sensualidade.”

                Se a poligamia fosse conforme à lei da Natureza, devera ter possibilidade de tornar-se universal, o que seria materialmente impossível, dada a igualdade numérica dos sexos.

                Deve ser considerada como um uso ou legislação especial apropriada a certos costumes e que o aperfeiçoamento social fez que desaparecesse pouco a pouco.

Do Livro: O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Allan Kardec. Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro – RJ. 92ª Ed. 2011.

Manoel Ataídes Pinheiro de Souza. CEAC Guaraniaçu PR. manoelataides@gmail.com