Sem o seu concurso, o da educação, o ser humano retorna ao primarismo de que se vem libertando no curso dos renascimentos carnais.
Poderosa alavanca para o progresso espiritual, constitui-se o mais eficiente recurso moral para a edificação do ser humano. Confundida com a instrução, ainda não foi compreendida no sublime objetivo de que se faz mensageira.
Acreditam alguns estudiosos que o ser humano é as suas heranças ancestrais, que nenhuma educação consegue modificar.
Outros, menos pessimistas, asseveram que a mente infantil é uma folha de papel em branco, na qual se escreverão os atos, as informações que lhe irão nortear o destino.
Nada obstante a valiosa contribuição de educadores notáveis do passado, a iniciar-se por João Comenius, prosseguindo pelo eminente Rousseau e adquirindo relevância em Pestalozzi, foi Allan Kardec aquele que, sintetizando as sábias lições desses predecessores, demonstrou, através da reencarnação, a excelência do labor educativo…
Educadores vinculados a programas políticos, no entanto, preocupam-se mais com as estatísticas a respeito da alfabetização, descuidando as bases morais da educação, que exige espírito de abnegação e cuidados especiais. Apresentam dados falsos de pessoas alfabetizadas, que mal conseguem ler e escrever, dando uma imagem que não corresponde à realidade de uma sociedade educada…
A violência, a agressividade que irrompem em perversidade cruel por toda parte, atestam a falência da educação nos institutos onde parece funcional, e especialmente no lar, no qual se formam a cidadania e a dignidade do ser humano.
Em seu lugar, o descaso dos pais irresponsáveis em conviver com os filhos, relegando a tarefa que lhes cabe a servidores remunerados, a fim de disporem de tempo para mais prazeres, para a aquisição de recursos que oferecem aos filhos, em mecanismos de fuga psicológica para não se darem eles mesmos…
Como consequência, o imediatismo das sensações, repercutindo na promiscuidade sexual, na drogadição, nos estertores dos transtornos psicológicos, domina crianças e jovens, assim como incontáveis adultos, em lamentável desestruturação que se reflete numa sociedade indiferente pelo sofrimento do próximo, que vive medrosa e inquieta.
A solução do grave problema repousa na aplicação dos tesouros ainda desconhecidos da educação moral pelo exemplo, através da autoeducação, das lições vivas na conduta edificante.
Enquanto permanece a preocupação com a instrução, com os métodos tecnológicos de preparação do indivíduo para o triunfo social, para ganhar dinheiro, e não para a autorealização, os desastres sociais caracterizarão a cultura que se estiola numa civilização competitiva, egoísta e cínica, rica de coisas e pobre de sentimentos elevados. Para tal cultura, o ser humano vale pelo que possui e acumula exteriormente, não pelos valores de enobrecimento e dignidade pessoal, desse modo limitando a vida ao breve espaço berço-túmulo…
Como afirma Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, parte 3ª, Capítulo X, item 872: Cabe à educação combater as más tendências. Fá-lo-á utilmente, quando se basear no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza moral, chegar-se-á a modificá-la, como se modifica a inteligência pela instrução e o temperamento pela higiene.
Não foi por outra razão que Jesus permitiu-se o título de Mestre, em reação de ser o educador sublime, que lecionou o amor como essencial à vida e o dever como diretriz de segurança para o progresso, assim como fator de equilíbrio para a aquisição da felicidade…
Livro: LIBERTAÇÃO DO SOFRIMENTO. Joanna de Ângelis (Espírito), psicografia de Divaldo Pereira Franco. Livraria Espírita Alvorada Editora. Salvador. BA. 2008.
Manoel Ataídes Pinheiro de Souza. Sociedade Espírita Amor e Conhecimento, Guaraniaçu – PR.