INIMIGOS DO ESPIRITISMO

(Prefácio da Prece pelo Inimigos do Espiritismo)

Bem-aventurados os famintos de justiça, porque serão saciados.

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus… (São Mateus, 5:6)

De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de consciência. Lançar alguém excomunhão sobre  os que não pensam como ele e, reclamar para si essa liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: A caridade e o amor do próximo. Perseguir os outros, por motivos de suas crenças, é atentar contra o mais sagrado direito que tem todo o homem, o de crer no que lhe convém e de adorar a Deus como o entenda. Constrangê-los a atos exteriores semelhantes aos nossos é mostrarmos que damos mais importância à forma do que ao fundo, mais às aparências do que à convicção. Nunca a abjuração forçada deu a quem quer que fosse a fé; apenas pode fazer hipócritas. É um abuso da força material, que não prova a verdade. A verdade é senhora de si: convence e não persegue, porque não precisa perseguir.

O Espiritismo é uma opinião, uma crença; fosse até uma religião, por que se não teria a liberdade de se dizer espírita, como se tem a de se dizer católico, protestante, ou judeu, adeptos de tal ou qual doutrina filosófica, de tal ou qual sistema econômico? Essa crença é falsa, ou é verdadeira. Se é falsa, cairá por si mesma, visto que o erro não pode prevalecer contra a verdade, quando se faz luz nas inteligências. Se é verdadeira, não haverá perseguição  que a torne falsa.

A perseguição é o batismo de toda ideia nova, grande e justa e cresce com a magnitude e a importância da ideia. O furor e o desabrimento dos seus inimigos são proporcionais ao temor que ela lhes inspira. Tal a razão por que o Cristianismo foi perseguido outrora e por que o Espiritismo o é hoje, com a diferença, todavia,  de que aquele o foi pelos pagãos, enquanto o Espiritismo o é por cristãos. Passou o tempo das perseguições sangrentas, é exato; contudo, se já não matam o corpo, torturam a alma, atacam-na até nos mais íntimos sentimentos, nas suas mais caras afeições. Lança-se a desunião nas famílias, excita-se a mãe contra a filha, a mulher contra o marido; investe-se mesmo contra o corpo, agravando-se-lhe as necessidades materiais, tirando-lhe o ganha-pão, para reduzir pela fome o crente…

Espíritas, não vos aflijais com os golpes que vos desfiram, pois eles provam que estais com a verdade. Se assim não fosse, deixar-vos-iam tranquilos e não procurariam ferir. Constitui uma prova para a vossa fé, porquanto é pela vossa coragem, pela vossa resignação e pela vossa paciência que Deus vos reconhecerá entre os que seus servidores fiéis, a cuja contagem ele hoje procede, para dar a cada um a parte que lhe toca, segundo suas obras. A exemplo dos primeiros cristãos, carregai com altivez a vossa cruz. Crede na palavra do Cristo, que disse: Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, que deles é o reino dos céus. Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma. Ele também disse: Amai os vossos inimigos, fazer bem aos que vos fazem o mal e orai pelos que vos perseguem. Mostrai que sois seus verdadeiros discípulos e que a vossa doutrina é boa, fazendo o que ele disse e fez.

A perseguição pouco durará. Aguardai com paciência o romper da aurora, pois que já rutila no horizonte a estrela d’alva.

Do Livro: O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Allan Kardec. Federação Espírita Brasileira. Rio – RJ. 11ª Ed. 1989.

CEAC – Soc. Espírita Amor e Conhecimento. Guaraniaçu – PR.  manoelataides@gmail.com

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