Quando se fala sobre o além-túmulo surge à mente do ouvinte a imagem longínqua de uma terra perdida acolá das fronteiras da vida, e muitos se quedam a conjeturar, em torno de uma região mirabolante em que a fantasia em nuances de tragédia dantesca se mescla a uma opoteose lírica com as características infernais das tradições religiosas. Todavia, o além-túmulo escapa a qualquer descrição e, às vezes, as histórias que ali se desenrolam começam antes mesmo da sepultura.
O veículo da morte, em transportando o homem de um estado vibratório para outro, apenas o desnuda para enfrentar a própria consciência livre, que descortina os grandes mapas das suas atitudes grafadas através do tempo, nos escaninhos da consciência. E quando este homem não se prepara devidamente para enfrentar o libelo inconfundível do próprio eu, embrulha-se nos pesados crepes da revolta, buscando fugir pela estrada do remorso, ou descendo as escadas da desesperação, ou atirando-se aos mar das lágrimas como se assim pudesse evitar que a voz da divindade dentro dele mesmo calasse a sua constante modulação, que mais cedo ou mais tarde se fará ouvir no seu imo…
Dante, descrevendo o inferno, fê-lo em pinceladas leves, considerando as punições terríveis que cada um cria para afligir-se, quando pela vilegiatura física,porque em verdade, o homem que mergulha na carne e que dela faz um tremedal de prazer, nãodifere muito do verme que engorda presunçoso nas bagas da putrefação…
O além-túmulo representa, portanto, o encontro do homem consigo mesmo, com a consciência livre. Daí a necessidade de cada um construir a futura habitação por meio de uma salutar conduta, enquanto no casulo fisiológico. Os fatos criam vibrações que se impregnam no perispírito, gerando ondas de harmonia ou desequilíbrio.
Por mais se fixe a descrença nos centros mentais não se destrói tal realidade.
Porque alguém se furte ao dever, o dever não fugirá dele. Porque se evite a verdade não se ficará indene ao encontro com ela. Porque se negligencie o compromisso, este por si só não se resgata. Porque alguém fuja à execução do programa do bem, não se faz que o bem desapareça da Terra. Porque se negue a vida imperecível esta não se extinguirá…
Lágrimas, dor, enfermidade – eis a balada triste que se ouve em todos os quadrantes, na diversidade das vibrações em derredor do Orbe, nas organizações extraterrenas ou na face imensa da Terra, onde vivem as criaturas encarnadas.
Mente – ação; pensamento – vibração; onda mental – construção espiritual.
A Terra hoje como ontem é um campo de energia que se adensa na matéria e de matéria que se dilui na energia.
No setor moral-religioso tudo igualmente são vibrações: prece-raio, meditação-onda; vibrações do espírito em direção ao dínamo celeste que as capta, e donde fluem e refluem abundantes, criando o campo de forças positivas em torno de quem as emite.
Fujamos do crime de qualquer natureza onde e como quer que medre. Evitemos o contágio da cobiça, da degradação moral como e onde se espraie.
Na abençoada busca do Cristo, recordemos que todo aquele que perseverar até o fim terá ingresso na vida…
Livro: CRESTOMATIA DA IMORTALIDADE. Joanna de Ângelis (Espírito), psicografia de Divaldo Pereira Franco. Livraria Espírita Alvorada Editora. Salvador. BA. 2ª Ed. 1994.