O Cristão e o enfrentamento do mundo

Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, odiou a mim.  Jesus (João, 15:18)

 Mesmo entre os adeptos das inumeráveis crenças religiosas, são encontrados os irmãos que se lamentam em demasia.

                Parece que se acostumaram a afivelar ao rosto máscaras de padecimentos e de infelicidades crônicas, sem as quais estariam muito deslocados no meio social de que fazem parte.

                Lamentável é percebermos que, sendo a mensagem do Evangelho anunciada como de alegria e de esperança, haja um número tão expressivo de almas que fixaram em seus caracteres a morbidez que velhas e infelizes lideranças lhes impuseram ao apresentar os pontos e normas das respectivas crenças.

                Muita gente guarda a ilusão de que o fato de estar inscrita em dada agremiação de fé religiosa seria o suficiente para se ver livre de enfermidades, das lutas da vida e dos infortúnios diversos que caracterizam a marcha planetária. Em chegando ao mundo terrestre, todo e qualquer espírito, desde os mais simplórios aos mais bem aquinhoados de valores gerais, estará a braços com as condições do planeta. É como se um príncipe penetrasse uma choça para visitar um pestilento. Não obstante a sua hierarquia social, teria que suportar os maus odores do ambiente e pisar o mesmo chão pisado por todos.

                Assim, então, não será complicado entender porque Sócrates, o grande Sócrates, foi obrigado a sorver uma taça de veneno embora só fizesse  o bem, embora só ensinasse maravilhas; porque Gandhi, o Mahatma, foi vilmente assassinado quando só pregava a vivia para o bem; porque Jesus, o Cristo, foi morto numa cruz pelo crime de ensinar e viver o amor entre as criaturas.

                Aqueles que se acham por demais desafortunados, infelizes ou desgraçados perante os obstáculos à boa saúde, diante dos apertos financeiros ou face às relações sociais tormentosas, devem observar com mais atenção a forma como viveu o nosso Modelo espiritual, o nosso Senhor. Os que sonham com uma vida sem problemas, mesmo estando na Terra, com certeza se acham injustiçados por Deus, por tê-los internado nessa e não noutra paragem cósmica.

                Jesus afirmou que o discípulo não está acima do seu mestre (Mt 10:24) e nos propôs ter coragem e bom ânimo diante de tudo o que sofrêssemos provocado pelos desmandos e exorbitâncias dos nossos irmãos do mundo, o que podemos estender para toda e qualquer aflição ou carência que nos assalte na marcha comum.. O desalento, o desânimo perante os episódios ou momentos críticos já indicam grande inclinação à derrota, à falência completa.

                Se na Terra nem Jesus foi poupado ao sofrimento imposto pelos homens, sem que Ele mesmo nada devesse como é que nós, espíritos em regime de resgate para a harmonização própria com as leis do Criador, vamos pretender um tratamento melhor do mundo para conosco?

                À frente de toda dificuldade que nos apareça, trabalhemos no sentido de superá-la com alegria. Diante de toda dor que nos alcance, realizemos o nosso esforço de modo a suplantá-la, mantendo a chama da esperança de tempos melhores mais adiante.                Atentos ao Apóstolo Paulo, que nos ensinou a dar graças por tudo (1 Ts, 5:18), evitemos esse clima de tragédia ou de vitimização que, costumeiramente, muitos religiosos imprimem em suas vidas. Se tivermos que sofrer e chorar, que o façamos confiantes de que Deus vela e que, mais dia, menos dia, nossos dramas será resolvidos, se perseveramos na ação feliz do bem até o fim.

                Sem dúvida, Jesus é Aquele que nos veio ensinar a extrair o lado bom e útil de todo sofrimento que nos seja imposto, seja por almas em processo de dasajustamento e perturbação, seja nas erupções do mundo íntimo, em virtude de guardarmos a certeza de que tudo tem a sua raiz, a sua razão de ser.

                Nas experiências das relações humanas, caso venhamos a sofrer toda a carga do ódio daqueles que, ensandecidos, injustos ou cruéis invistam contra nós, enquanto tomamos as providências cabíveis, recomendadas pela nobreza e pela dignidade moral, mantenhamos a paz interior, reconhecendo que, antes de nós, também Ele, pulcro e bom, padeceu igualmente.

 

Livro: QUEM É O CRISTO?. Francisco de Paula Vítor (Espírito), psicografia de José Raul Teixeira. Fráter Livros Espíritas.  Niterói – Rio de Janeiro – RJ. 3ª Ed. 2008. Pág. 95.

Manoel Ataídes Pinheiro de Souza – CEAC, Guaraniaçu – PR manoelataides@gmail.com

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