Os Ingratos

Uma das imperfeições do caráter que merece cuidados especiais e correção adequada é a ingratidão. Aqueles que lhe padecem o jugo, devem ser tidos como Espíritos adormecidos no primarismo de que têm dificuldade para conseguir a indispensável libertação.

Sofrem-lhe o acicate e deixam-se conduzir perigosamente pelos tormentos da indiferença ao amor e ao reconhecimento, amolentando-se na falta de sentimentos dignificadores.

Os ingratos conduzem o coração enregelado pelo egoísmo e vivem asfixiados na soberba.

Ignoram as bênçãos da alegria de retribuir, que constitui excelente conquista do processo da evolução.

Incapazes, porém, de discernir com claridade mental as ocorrências a sua volta e a respeito de si mesmos, atribuem-se valores que não possuem, acreditando-se credores de merecimentos que não existem. São sagazes e ambiciosos, hábeis na arte de iludir e de conquistar, indiferentes na maneira de repartir.

Na sua vã cegueira, norteados pela presunção de que se sentem dominados, pensam que as demais pessoas têm o dever de servi-los, mesmo quando reiteradamente ingratos.

Usam a máscara da simpatia durante a necessidade, e, após atendidos, apresentam a carantonha da má vontade.

Orgulhosos, nunca pensam em retribuir, de alguma forma, uma parcela sequer do muito que recebem, porque isso os humilharia, esquecendo-se de valorizar o esforço e a bondade de quem lhes distendeu a mão generosa e o sentimento solidário.

Transformam-se em parasitas sociais, sugando as energias dos operosos no bem como daqueles que se devotam à prática da misericórdia e da compaixão.

Simultaneamente, são soberbos, pois que exigem sempre, jamais oferecendo qualquer contribuição retributiva.

Por mais que sejam beneficiados, logo se olvidam, até quando surge nova ocasião de necessitar de apoio, esperando prosseguir sob amparo e atendimento.

Recebem mil vezes e, se por alguma circunstância não podem ser atendidos na enésima vez, reagem, furibundos e insanos, como se houvessem sido gravemente prejudicados pelo seu próximo.

Ociosos, não se esforçam por mudar de situação através do trabalho, e, mesmo quando o conseguem, não modificam a estrutura da personalidade mórbida.

Apesar, porém, da frieza moral, que é atributo da sua inferioridade, chega o dia em que a consciência neles desperta e a culpa se lhes instala, amargurando-os pela via solitária onde as Soberanas Leis os colocam para reabilitar-se.

Renascem, então, em condições subalternas, deplorando as necessidades ora reais, que os maceram, porque, no Estatuto Divino, a gratidão desempenha papel preponderante, em favor do equilíbrio geral…

Valoriza tudo quanto te seja oferecido e procura reconhecer que, talvez,não seja por mérito de tua parte, mas por bondade do teu generoso doador. Retribui, então, tudo que recebas, com um sorriso ou uma palavra gentil, um gesto de ternura ou uma ação de equivalente significado.

Se não desejares parecer preocupado em retribuir para nada ficares a dever, faze a outrem conforme foi feito em relação a ti.

 

Livro: ILUMINAÇÃO INTERIOR. Joanna de Ângelis (Espírito). Psicografia Divaldo Pereira Franco. Livraria Espírita Alvorada Editora. 3ª ed. Salvador. BA. 2015. Págs. 73-77.

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