A guerra dos mundos

Na noite de 30 de outubro de 1938, a programação musical da rádio estadunidense CBS (Columbia Broadcasting System) foi interrompida para a divulgação de uma suposta invasão da Terra por marcianos. Obviamente, era uma notícia falsa, as tão conhecidas fake news. Para ser mais exato, tratava-se de um projeto pensado e dirigido pelo jovem ator e futuro cineasta Orson Welles (1915-1985), no caso, uma adaptação da obra “A guerra dos mundos” do escritor britânico H. G. Wells (1866-1946). A peça literária foi planejada para ser divulgada em meio a interrupções do programa musical noturno ao estilo dos plantões de notícias urgentes da TV Globo cuja vinheta faz acelerar os corações dos brasileiros com as más notícias que costumam vir em seu bojo. Sabe-se que a divulgação da peça literária em seu formato surpreendentemente ousado e original causou pânico na costa leste dos Estados Unidos da América. Quanto à dimensão deste (pânico), há registros que afirmam ter acometido milhões de pessoas, outros falam que há muito exagero e que não passariam de algumas milhares.

            O genial Orson Welles, num arroubo criativo municiado pela impetuosidade de sua juventude (23 anos) fez história e, possivelmente amizades com a indústria farmacêutica cujas vendas de remédios ansiolíticos fora turbinada. Welles em suas chamadas narrava estranhas luzes observadas em uma região específica de Marte e posteriores choques de meteoros com a Terra, que ao serem observados de perto tratavam-se de grandes cilindros metálicos que ao se chocar com a superfície formavam crateras. Tais objetos que iam chegando sucessivamente ao planeta, eram relatados por quem os viu a outras pessoas e também às autoridades, mas, sem obter muito crédito. Os curiosos continuavam a observar os objetos e presenciaram os primeiros movimentos destes, quando as cápsulas se abriram e seres com grandes olhos e cérebros hipertrofiados deles saíram, tais seres possuíam tentáculos e uma pele marrom oleosa. Os marcianos se sentiram intimidados e começaram a matar todos os humanos que se aproximavam do local em que estavam.

            As forças armadas foram chamadas e batalhões inteiros foram dizimados por uma arma que emitia uma luz branca e fazia tudo arder em chamas. Os marcianos que tinham grandes restrições locomotoras pela gravidade maior na Terra do que em seu planeta de origem se movimentavam por meio de gigantescas máquinas com tripés. Os marcianos eliminavam quem os combatia, mas, também todos aqueles que encontravam no caminho. O pânico tomou conta da população que fugia dos subúrbios de Londres, a região escolhida pelos marcianos para iniciar a invasão ao planeta. A destruição, a desordem e a fome se instalou e pessoas se preocupavam em se por a salvo dos marcianos, mas, tinham que procurar formas de conseguir alimentos, algo que se tornara escasso. As intenções dos marcianos, ficara óbvio para todos, dizimar a espécie humana e ficar com seu planeta.

            Não vou passar mais detalhes da trama para não incidir em spoiler, no entanto, teço aqui mais algumas considerações, é importante lembrar que este livro foi publicado em 1898. É, portanto, uma obra do século XIX e não pode ser comparada às obras atuais de ficção científica, afinal, o tempo trouxe maior acúmulo de conhecimentos científicos e, obviamente, há na atualidade obras que mexem mais com nossa imaginação. Digo que recomendo sua leitura, afinal é um clássico pioneiro da ficção científica e deve-se ter em mente que, os mais atualizados livros de ficção científica do momento, poderão ser risíveis daqui a 120 anos. Ler um clássico antigo de determinado gênero ficcional é conhecer os “aminoácidos” que deram vida às obras posteriores e mais complexas.

Sugestão de boa leitura:

Título: A guerra dos mundos.

Autor: H. G. Wells.

Editora: Suma, 2016, 1ª edição,312 pág.