O Estado faz tudo? Parte III

A grande questão que se deve debater no Brasil, agora é o que preferimos: empobrecer os ricos ou enriquecer os pobres. Para alcançar o primeiro objetivo, basta adotar o anteprojeto de Constituição da Comissão de Sistematização e entrar para a história como o país dos dois Cabral, o que descobriu e o que encobriu o Brasil. Se o objetivo é enriquecer os pobres é hora de abandonar a sensibilidade inconsequente, declaratória e inepta e sepultar o mito de que a esquerda tem exclusividade autoral sobre a noção de progressismo – quando se vê, ao contrário, que o maior progresso no mundo real está hoje nas sociedades capitalistas abertas e democráticas.

O fulcro dessa sensibilidade inconsequente é a presunção de que o Estado é capaz de criar recursos do nada. Como o Estado não tem poderes divinos (ainda que nossos políticos se declarem em vão, que estão sob a tutela de Deus), tudo o que ele pode fazer é tirar de um e dar a outro.

Nesse processo, diga-se de passagem, há m custo, pois é preciso nomear pelo menos um funcionário público para operar a distribuição.

Ou seja, o Estado nunca consegue tirar R$ 100 de um rico e dar os mesmos R$ 100 a um pobre. No meio do caminho, parte do valor fica com a burocracia. Numa estimativa um economista calculou que, ao fim de uma operação dessas, se o pobre receber 60 daquilo que outrora foi 100, tudo correu muito bem. Em alguns casos, a burocracia acaba custando mais do que os R$ 100 – o que significa que ela acaba sendo sustentada não apenas pelo rico mas pelo próprio carente em nome do qual age. Além do amis, em muitos casos, o Estado toma recursos tanto dos pobres quanto dos ricos, a começar pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS). Todos pagam, o rico e o pobre, pois no Brasil é cobrado imposto sobre alimentos…