Pesquisas confirmam que a maioria das pessoas, por mais que queira, não consegue dizer não, problema que pode afetar o desenvolvimento social. Dizer não com clareza é uma das primeiras habilidades adquiridas pelos seres humanos. No início da vida, muito antes de aprender a falar, os bebês já são capazes de deixar claro que estão descontentes com a temperatura da água do banho, ou que já saciaram a fome e não querem mais mamar. O gesto de balançar a cabeça para os lados, linguagem não verbal de negativa compreendida da mesma forma em quase todas as culturas ao redor do mundo. Nada disso, no entanto, impede que, quando cresçam, muitas pessoas sejam incapazes de negar um pedido. Um estudo concluiu que as pessoas são mais afeitas de dizer sim do que não. A equipe de uma pesquisadora abordava estranhos na rua e pedia que fizessem alguma coisa inesperada. Cada entrevistador tinha um número certo de indivíduos a interpretar e, antes de se pôr a campo, antecipava quantos achava que iriam atender sua solicitação. Os resultados surpreenderam. Em uma situação, jovens pediam para usar o celular de um desconhecido, dizendo que a bateria do seu havia acabado. A expectativa era a de que 90% recusassem, mas metade aceitou ajudar.
A dificuldade de negar ajuda de pedido tem raízes na pré-história, quando se percebeu que as chances de sobrevivência eram maiores se as pessoas se organizassem em bandos e colaborassem umas com as outras, do que se vagassem sozinhas por ambientes inóspitos e cheios de perigo. A evolução do cérebro e o desenvolvimento do sistema límbico tornaram as interações cada vez mais complexas.
Agindo em conjunto, a humanidade se mostrou capaz de obter ganhos para sua sobrevivência. Por isso, se uma pessoa lhe pede um favor, a reação natural é colaborar com ela. O problema se manifesta cada vez que o indivíduo se vê de alguma forma forçado a fazer algo que não quer, apenas para não se sentir rejeitado.