Correios alertam para déficit de até R$ 23 bilhões e apresentam plano de reestruturação

Estatal planeja crédito, cortes e modernização para evitar desequilíbrio nas contas e renovar serviços

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos informou nesta segunda-feira que pode enfrentar um déficit de até R$ 23 bilhões em 2026 se não forem aplicadas medidas de reestruturação financeira e operacional. O alerta foi feito pelo presidente da estatal, Emmanoel Rondon, ao detalhar um plano voltado à recuperação de liquidez e ao equilíbrio das contas.

Causas do desequilíbrio e situação atual

Segundo a direção da empresa, a alta participação de despesas com pessoal: cerca de 62% do total de custos, e a necessidade de cumprir a universalização do serviço postal em áreas remotas elevam o déficit estrutural anual. Rondon destacou que 90% dos gastos têm perfil fixo, o que limita a capacidade de investimentos e de adaptação a mudanças no mercado de logística.

A estatal acumula resultados negativos recorrentes desde 2022, com prejuízos que superaram R$ 6 bilhões entre janeiro e setembro de 2025. A falta de caixa também tem levado ao adiamento de pagamentos a fornecedores e à pressão sobre operações, afetando prazos e eficiência dos serviços.

Medidas do plano de reestruturação

Para enfrentar a crise, os Correios anunciaram um Plano de Reestruturação 2025-2027 com três frentes principais: recuperação de liquidez, reorganização interna e modernização operacional. A primeira fase, segundo Rondon, tem como meta recuperar o caixa da companhia até março de 2026.

A estratégia inclui a captação de R$ 12 bilhões em crédito junto a bancos, com parte dos recursos já contratados para quitar dívidas e recompor o fluxo financeiro. A empresa também prevê reorganizar seus quadros, com redução de postos de trabalho e otimização de custos, além de parcerias estratégicas para compartilhar estruturas.

A venda de imóveis sem uso e a modernização da malha logística com automação e tecnologia fazem parte do plano para melhorar competitividade e reduzir perdas. A empresa estima que essas ações possam gerar ganhos na ordem de bilhões de reais ao longo do período de reestruturação.

Rondon afirmou que, sem a implementação das medidas propostas, a continuidade das operações e a qualidade dos serviços prestados em todas as regiões do país podem ser comprometidas.