Paraná é destaque na vanguarda da exportação de pescados

A piscicultura paranaense ainda é pequena entre as atividades do agronegócio, mas vem mostrando avanço na indústria e influência na balança comercial

O Paraná se destaca na produção e exportação de pescados. Em relação aos números desse mesmo período em 2021, o crescimento no volume de pescados exportados é de 240%, um salto de 350 toneladas para 1,2 mil toneladas. Os dados são do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) no Boletim Semanal de Conjuntura Agropecuária, referente à semana de 29 de abril a 5 de maio. Entre janeiro e março de 2022 a receita foi de US$ 568 mil no primeiro trimestre do ano passado para US$ 3,2 milhões.

A principal espécie de pescado exportada é a tilápia, que corresponde 182 mil toneladas, representando 66% de toda exportação no estado.

Crescimento exponencial

Segundo Edmar W. Gervásio, administrador do Departamento de Economia Rural (Deral), a atividade de cultivo de peixes, apesar de pequena, cresce em torno de 15% ao ano. “A piscicultura paranaense representa em torno de R$ 1 bilhão de reais do valor bruto da produção, a soja por exemplo, gera R$ 29 bilhões”.

Ele acrescenta que como a atividade ainda é recente, há necessidade de investimentos em tecnologia e genética. “Hoje a dificuldade maior é o alto custo de produção”.

O brasileiro ainda come pouco peixe, com exceção da região norte do Brasil. Isso vem mudando com o estímulo ao consumo e principalmente pelas agroindústrias estarem investindo fortemente para disponibilizar o produto para o consumidor final nas gôndolas de supermercado.

Edmar assegura que: “a piscicultura no Paraná deve dobrar sua capacidade de produção nos próximos anos e com o ganho de escala, a proteína de peixe deve se tornar mais barata para o consumidor, fomentando ainda mais o consumo”.

O cultivo de peixes é em geral realizado com baixa tecnologia em tanques escavados na terra. “No mundo já existem tecnologias que aumentam exponencialmente a capacidade de produção em tanques com controle total de temperatura, oxigênio e outras variáveis, porém o investimento neste modelo é alto. Tanques escavados apresentam ótimo custo-benefício”, aponta Edmar. Ele afirma que a tilápia corresponde a mais de 80% de tudo que é produzido de carne de peixe.

Vantagens

A piscicultura traz vantagens para o setor agrícola como um todo. Para o secretário de Meio Ambiente de Quedas do Iguaçu, Rubens Adriano Drzindzik, o crescimento de pescados impulsiona outras cadeias como a do milho e da soja, pois acaba consumindo essas matérias primas. Também impulsiona cadeias como a da farinha do pescado, que está em alta. A farinha é usada em rações de cães e gatos, assim como o óleo também é utilizado em fábricas de rações para compor dietas animais e dar bom acabamento a ração animal.

Em relação a piscicultura com outros setores do agronegócio, Rubens ressalta que hoje vemos a profissionalização da atividade em todos setores que ela possui: fabricação de ração, logística de entrega, produtores no campo da engorda, produção de alevinos com alta carga genética, produção de juvenis com padrão e saudáveis, cadeia de despesca dos peixes, frigorífico 4.0. Usa-se cada vez mais a tecnologia e a expertise de outras cadeias na piscicultura e os resultados surgem ano a ano, 10% de crescimento anual na atividade. “Isso é crescimento Chinês. Porém, isso está acontecendo em nossa região, com os agricultores paranaenses”, explica Rubens.

Para o secretário de Quedas, o Paraná está na vanguarda da produção de tilápia no Brasil, já que é o principal peixe produzido no estado. “A tilápia paranaense começou a ser exportada esse ano. Friso que esse ano começou a exportação. Nós exportamos para Estados Unidos, mercado altamente exigente; começamos exportar para a China, maior produtor de tilápia do mundo. Algo de bom existe no nosso peixe. E estamos apenas começando”.