Final da Prata teve audiência acima de 50 mil, mas emissoras de Laranjeiras e Coronel saíram descontentes com a Federação
TVs que transmitiram a partida final argumentam limitação imposta no trabalho. Presidente da FPFS afirma que entidade possibilitou a transmissão de todos
O jogo que deu o título da Série Prata do Paranaense de Futsal ao Operário Laranjeiras, até a segunda-feira (14), já havia sido assistido por 57 mil pessoas. Transmitiram o jogo seis emissoras: Campo Aberto e Educadora, de Laranjeiras do Sul; Vicente Pallotti e Voz do Sudoeste, de Coronel Vivida; Jornal, de São Miguel do Iguaçu e a Federação Paranaense de Futebol de Salão (FPFS).
A vinda da equipe da Federação não afetou os índices de audiência das “concorrentes”. Contando os números das transmissões no Facebook e no YouTube, a Educadora foi líder, com 22,7 mil visualizações. A Voz do Sudoeste alcançou 15,6 mil e ficou com a vice. Em 3º, ficou a Vicente Pallotti, com 10,2 mil, enquanto a Campo Aberto, em seguida, teve 4,7 mil. A Federação teve a 5ª melhor audiência, com 4 mil acessos, enquanto a Rádio Jornal marcou 0,5 mil.
2º – Voz do Sudoeste – 14,6 mil
3º – Vicente Pallotti – 7,1 mil
4º – Federação – 3,4 mil
5º – Campo Aberto – 3,3 mil
6º – Jornal (São Miguel) – 0,3 mil
2º – Vicente Pallotti – 3,1 mil
3º – Campo Aberto – 1,4 mil
4º – Voz do Sudoeste – 1 mil
5º – Federação – 0,6 mil
6º – Jornal (São Miguel) – 0,2 mil
2º – Voz do Sudoeste – 15,6 mil
3º – Vicente Pallotti – 10,2 mil
4º – Campo Aberto – 4,7 mil
5º – Federação – 4 mil
6º – Jornal (São Miguel) – 0,5 mil
Polêmica entre emissoras e Federação
A decisão foi conturbada nos bastidores. Os veículos de imprensa de Coronel Vivida e Laranjeiras do Sul – que cobriram toda a competição – concluíram a temporada zangados com a Federação Paranaense.
As rádios Campo Aberto e Educadora, de Laranjeiras do Sul, e Vicente Pallotti e Voz do Sudoeste, de Coronel Vivida, transmitiram os jogos de Operário e Coronel, respectivamente, o ano todo. Para a final, em Laranjeiras, a Federação enviou uma emissora de São José dos Pinhais, e exigiu que todas as equipes se posicionassem num único lado da quadra, para que as principais câmeras focassem na faixa do patrocinador da competição.
A Rádio Educadora, que tem cabine própria no Ginásio Laranjão, não pôde dispor de sua estrutura e os profissionais trabalharam na arquibancada. A Campo Aberto, também com local próprio, precisou cedê-lo para a equipe que fez a cobertura para a Federação.
O narrador da Campo Aberto, Eleandro Rodrigues, acredita que os profissionais da região de Curitiba tiveram “regalias”, como direito à câmera dentro da quadra, coisa que os demais veículos de imprensa não tiveram.
“Nós transmitimos a competição inteira e recebemos algumas imposições na final. Na partida de ida, algumas coisas não foram cobradas, mas na volta ficamos surpresos. Exigiram cinco integrantes por equipe. Não podemos levar nosso comentarista. A Federação deixou a desejar na tratativa conosco, pois fomos nós quem demos a visibilidade às competições. Ela quis organizar tanto, mas deixou a imprensa de Laranjeiras e Coronel de lado”.
Para Tiago Almeida, narrador e diretor artístico da Educadora, a entidade demonstrou desvalorização pelos meios de comunicação. “O que chateia é não termos nem sido chamados para um diálogo. Demos visibilidade às competições durante o ano todo e na final somos jogados para escanteio. Isso nos faz repensar se vale a pena seguir investindo. O futsal paranaense tem status por conta dos clubes, não da Federação. Não valorizam as tevês. Ficamos sentidos”, lamenta.
Valdenir Lima, narrador da Vicente Pallotti, de Coronel, argumenta que a emissora foi pega “de surpresa” quando chegou ao ginásio. “Iríamos fazer a transmissão num tablado, ao lado da cabine da Educadora. Então nos disseram também que não poderíamos fazer entrevistas antes, no intervalo e após o jogo. Cobrimos todo o campeonato e na final, na ‘cereja do bolo’, chegaram com essas imposições. É uma desvalorização à imprensa, sendo que a competição não teria a mesma repercussão sem nós”.
“Não é a primeira vez que isto acontece. Eu, particularmente, penso que a Federação não dá o devido valor aos veículos de comunicação, principalmente às rádios, que cobrem os campeonatos. A TV de Curitiba que veio fazer a transmissão não vivenciou o campeonato. Nós acompanhamos o Coronel em todos os jogos. Fomos a São Miguel, a Paranaguá”, enfatiza Jean Pereira, narrador da Voz do Sudoeste.
“Todos tiveram liberdade para trabalhar”, diz presidente
O presidente da Federação Paranaense, Jesuel Laureano de Souza, afirmou que houve uma reunião com os representantes dos clubes e que nela foi informado do protocolo para a decisão. “Inclusive publicamos um artigo com todas as informações. A Federação busca ter cuidado com os protocolos da Covid-19. De alguma forma, não agradamos a todos, mas buscamos, e conseguimos, possibilitar o trabalho de todos. Está no regulamento que o direito de transmissão do campeonato, acima de tudo, é da Federação. Houve que neste último jogo o processo foi diferente. Não buscamos desvalorizar a imprensa. Todos tiveram liberdade para trabalhar”.
Jesuel avaliou a temporada da Série Prata como bem-sucedida. Apesar de não ter conseguido pôr em prática projetos como a Copa Paraná – em razão da pandemia -, o presidente disse que o futsal provou relevância no estado. “Clubes, imprensa, torcedores e Federação fizeram um esforço a mais para que o futsal acontecesse. Enquanto algumas modalidades não conseguiram prosseguir, nós estamos finalizando as competições”.
Lado bom
Com 26 anos trabalhando com comunicação e 19 como narrador de rádio, Eleandro Rodrigues estreou em 2020 na TV. Ele reconhece diferenças “grandes” entre um e outro veículo. “É preciso adaptar um pouco a narração, tem o posicionamento em frente às câmeras e um trabalho diferente por trás delas. Foi uma parceria sensacional da Campo Aberto com a ConnecTV. Conseguimos números excelentes e estou feliz. Na narração, levei o Eleandro Rodrigues do rádio para a TV, com uma narração acelerada e com a mesma empolgação. Acho que ficou legal”.
“Foi uma experiência única, num ano diferente. Trabalhamos sem torcida, ficamos fora da quadra, o que dificulta o nosso trabalho, pois não podemos mais entrevistar os atletas na quadra. Essas dificuldades foram potencializadas na final, já que a Federação estava presente e quis mostrar organização”, diz Willian Maurer, que está em seu segundo ano como repórter esportivo da Campo Aberto.
Apresentador do programa “Futsal PR” – institucional da FPFS -, Giuliano Costa narrou sua segunda decisão da segundona. A primeira foi em 2018, em Matelândia, entre Aymoré e São José dos Pinhais. Vindo da Região Metropolitana de Curitiba, o profissional ficou impressionado com a popularidade do Operário em Laranjeiras do Sul. “Fomos almoçar num restaurante e a atendente estava com a camisa. Depois, algumas famílias chegaram, também de uniforme. A Série Prata tem a pegada da Série Ouro. O ponto negativo da temporada foram os ginásios vazios”.
Giuliano disse que, embora o descontentamento das outras emissoras para com a Federação, foi bem recebido no ginásio. “Fomos bem tratados. A insatisfação é normal. Eles cobriram o campeonato todo e nós fizemos a partida final”.