Especial Dia Internacional das Mulheres

Conheça a trajetória de quatro personalidades da política, segurança pública, saúde e associativismo. Confira na íntegra

Mulheres moldam o mundo com sua presença, coragem e determinação. No lar, são a base como filhas, mães e esposas. Profissionalmente, lideram em diversos campos. Exemplos inspiradores incluem a ex-prefeita Sirlene Svartz, a ex-primeira dama Eliza Gemelli e a vereadora Valeide Scarpari. Na história, figuras como Marie Curie e Melinda Gates se destacam.
Em celebração ao Dia Internacional da Mulher (08), entrevistamos mulheres influentes, como a a prefeita Mari Terezinha da Silva, vereadora Indiara Barbosa, a presidente da Aciqi, Paula Rigoni e a delegada Anielen Matias e, que compartilham suas trajetórias e reflexões sobre esta data.

Prefeita Mari:  1ª mulher a presidir o consórcio regional de saúde

A prefeita de Goioxim, Mari Terezinha da Silva, entrou para a história como a primeira mulher a assumir a presidência do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS) da 5ª Regional. Um marco significativo, não apenas para a política local, mas também para a representatividade feminina na gestão pública.

De professora a prefeita

Como já contamos em outras reportagens, Mari Terezinha nasceu em Chopinzinho, e atuou como professora de Português. Mãe e avó, ela foi primeira-dama em 2004 e infelizmente ficou viúva em 2006. A carreira política só veio em 2017 com o incentivo de seu grupo político e apoio popular. A competência na função levou a prefeita a ser escolhida gestora do consórcio de saúde – CIS.
Representatividade

Ao assumir a liderança do consórcio, Mari torna-se pioneira em um ambiente tradicionalmente dominado por homens. Composto por 20 municípios, dos quais 19 são liderados por prefeitos, o CIS 5ª Regional representa um desafio e uma oportunidade para a prefeita de Goioxim.

Mari expressa sua satisfação e gratidão pela oportunidade histórica. “ Estou feliz e grata, especialmente aos secretários municipais de Saúde e aos prefeitos pela confiança. Estou dando o meu melhor”, diz Mari.

De igual para igual

Questionada sobre os desafios de liderar em um ambiente predominantemente masculino, a prefeita destaca sua abordagem firme e equilibrada. Para ela, a igualdade de tratamento é fundamental. “Não vejo diferença alguma ao me relacionar com homens, principalmente na liderança política. Trabalhamos diretamente com prefeitos e deputados, tanto estaduais quanto federais, e suas equipes de assessores, enfrentando diversas situações sem menosprezo”.

Mulher corajosa se candidata

Além de sua atuação como líder política, Mari procura servir de exemplo e motivar outras mulheres que almejam cargos de liderança. “O conselho que dou é que todas podem chegar onde desejam. Basta agir com determinação e coragem. Não podemos nos vitimizar; podemos, conseguimos e iremos onde quisermos. Precisamos de mais mulheres dispostas a buscar cargos eletivos para termos mais representatividade. Na região de Guarapuava, por exemplo, sou a única prefeita. Na Cantu, que abrange 20 municípios, somos apenas duas prefeitas. Em outubro teremos eleições. Espero ver mudar esse quadro”, finaliza.

Indiara Barbosa: vereadora recordista de votos, pode disputar a prefeitura de Curitiba

Neste dia especial da mulher, trazemos uma personagem está fazendo história no cenário político curitibano. Bacharel em Administração, Indiara Barbosa, representante do partido Novo, fez 12.147 votos, nas eleições municipais de 2020. A primeira mulher a conquistar tal marca.

De atendente do Mcdonalds à diretora de multinacional

Nascida em Umuarama, no Norte do Paraná, Indiara Barbosa mudou-se para Curitiba na juventude, onde construiu uma trajetória marcada por esforço e dedicação. Ela que começou a vida profissional como atendente do Mcdonalds ainda na adolescência, é graduada em Administração pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em Ciências Contábeis pelas Faculdades Spei. Indiara consolidou sua carreira como auditora contábil em uma empresa multinacional antes de ingressar na política. Além disso, é mãe de dois filhos.

Para Indiara, sua jornada até a esfera política foi permeada por desafios e reflexões sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea. “É uma trajetória de muita responsabilidade e comprometimento”, descreve a vereadora.

Ser mulher na política

Ao refletir sobre sua experiência como mulher ocupando um cargo público, eletivo, Indiara destaca a importância de criar oportunidades e inspirar outras mulheres a se envolverem ativamente na esfera pública. “Todas essas discussões e conversas são extremamente necessárias e é meu papel incentivar as mulheres a continuar se interessando por política e participar”, disse ela.

No que tange às dificuldades enfrentadas, Indiara reconhece a existência de situações de machismo, porém ressalta que estas são oportunidades para promover a reflexão e impulsionar mudanças de comportamento. “Temos que criar essas oportunidades, mostrar que somos capazes, e acredito totalmente que podemos fazer isso”.

Conforme a vereadora, pelo bom desempenho desde o início do mandato, foi convidada pelo partido a ser pré-candidata a prefeita. “Comprometi-me a fiscalizar e simplificar o ambiente de negócios, pois há muita burocracia e problemas no país. Agora, acredito que, pelo meu desempenho, o próprio partido me convidou no ano passado para ser pré-candidata à prefeitura. Fiquei muito lisonjeada com o convite, pois é um reconhecimento importante. Houve mudanças com a entrada de novas figuras. Estamos discutindo dentro do partido quais os melhores nomes”, disse.

Vamos apoiar outras mulheres

Em relação ao significado do Dia Internacional da Mulher, a vereadora expressa sua convicção sobre o papel das mulheres na construção de um futuro mais inclusivo e equitativo. “A opinião das mulheres é diferente e importante, às vezes conseguimos agregar outros pontos de vista que não foram percebidos pelos homens. Eu acredito que só participando, sendo um exemplo, mostrando que é possível, apoiamos outras mulheres a se envolver mais na política”.

“Sempre tive essas posições muito fortes e sempre fui uma mulher muito trabalhadora e determinada e isso é o diferencial. Que minha trajetória seja exemplo e inspiração para que mais mulheres tomem espaço na política brasileira”, finaliza Indiara.

Paula Rigoni: a primeira presidente da Aciqi em 40 anos

Ocupar a cadeira maior nunca é um trabalho fácil, mas com determinação e cuidado, tudo se torna mais leve. Esse é o segredo da presidente da Associação Comercial e Empresarial de Quedas do Iguaçu (Aciqi), Silvia Paula Rigoni. Gaúcha, mudou-se para o Paraná em 1976, aos três anos e desde 2012, faz parte da associação. “No final de 2022, fui convidada para comandar a Aciqi e aceitei. É uma experiência e tanto, muito desafiadora, ainda mais por ser mulher, mas acima de tudo, dou o meu melhor sempre”, diz a presidente.

Psicóloga e gestora

A filha do seo Enio Carlos Rigoni e da senhora Anita Maria Vicari, é a segunda de seis irmãos. Seu pai trabalhou na Usina Hidrelétrica de Salto Santiago, mudando-se para o Paraná em 1976.

Sua infância foi marcada por uma vida tranquila e comunitária em Salto Osório. Aos 14 anos, mudou-se para Curitiba para estudar no Cefet, trabalhando na instituição para ajudar nas despesas. Apesar de ter estudado eletrônica por dois anos, não se encontrou na área.

Retornou a Salto Osório e continuou seus estudos em Quedas do Iguaçu, atuando em um pequeno negócio da família. Mais tarde, em 1991, voltou para Curitiba para cursar Psicologia na Universidade Federal do Paraná, onde também lecionou Matemática no Estado, graças aos anos no Cefet.

Concluiu a faculdade em 1995 e conheceu seu marido, Eder Marcos Manfredi. “Enfrentamos preconceitos devido à diferença de idade, mas estamos juntos até hoje”, conta.

Ela foi colaboradora na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Quedas do Iguaçu por 17 anos, além de outras Apaes na região. Fez pós-graduações em Educação Especial Inclusiva, Psicopedagogia Clínica e Gestão Escolar, atuando como Diretora Auxiliar na Apae local.

Paula tem dois filhos, Beatriz e Theodoro, e sempre auxiliou seu marido na Prontovet Clínica Veterinária, por ele fundada em 2003.

Posteriormente, Paula assumiu a gestão da Prontovet. Sob sua liderança, a clínica se tornou a maior da região, atendendo mais de dez cidades ao redor.

Na Aciqi desde 2012, ela já participou de várias chapas e em 2022, foi convidada para concorrer a presidente. Na votação, alcançou 74 votos favoráveis e um contrário e se tornou a primeira presidente mulher em 40 anos.

Perfeccionista, como a maioria das mulheres

Paula relata que ao assumir a presidência, percebeu o tamanho de sua responsabilidade. “Foram quase 80 votos e além disso, a primeira mulher. Não me assustei, e pelo contrário, tive mais forças para encarar da melhor forma o mandato”, lembra.

Com uma diretoria formada com mais mulheres e membros mais jovens, a ideia foi sempre buscar inovação e o desafio. “Me senti em casa. 2023 foi fantástico, com muitas atividades. Montamos um núcleo só de mulheres empresárias e estamos fazendo diversas atividades”, detalha.

Segundo ela, ser mulher à frente de uma associação é delicioso. É desafiador e ao mesmo tempo angustiante, pois sente que precisa fazer mais do que os outros fizeram. “É como se eu não pudesse cometer um erro sequer, exatamente por ser mulher. Parece que a cobrança parece estar sempre à espreita, esperando um deslize, mas sei bem do que sou capaz”, afirma a presidente.

Mensagem às futuras empreendedoras

Para as mulheres que desejam seguir o caminho do empreendedorismo, Paula diz que se dedicar ao máximo é o diferencial. “Sei que não sou perfeita, mas ninguém é! Procuro sempre fazer o meu melhor e tudo que estiver ao meu alcance para fazer a entidade e o comércio de Quedas crescer. Para aqueles que estão dando os primeiros passos, dedicar-se aos estudos, à leitura, ao trabalho árduo, e interagir com indivíduos experientes na área escolhida é crucial”, afirma.

“Esteja aberta a diferentes perspectivas e seja corajosa o suficiente para assumir riscos calculados. Lembre-se: conformidade não é o bastante neste mundo competitivo. Seja excepcional, pois o mundo já está saturado de gente mediana”, finaliza Paula.

Delegada Anielen Matias: “seguir os sonhos e estudar vai levar a mulher onde ela quiser”

Em dezembro de 2023, Laranjeiras do Sul, recebeu, pela primeira vez, uma delegada para combater a violência doméstica e crimes sexuais contra crianças e/ou adolescentes. Anielen Matias, possui nove anos de experiência policial e retrata o importante papel da mulher na área da segurança pública.

Importância dos estudos e dos sonhos

Nascida no Distrito Federal – DF, e formada em Direito, a nova delegada de Laranjeiras do Sul, Anielen Matias, conta que não nasceu em família rica, mas que sempre foi batalhadora e teve o incentivo aos estudos como prioridade em casa.

Com muito orgulho ela fala da avó, feirante, que mesmo diante das dificuldades da vida continuava com um sorriso no rosto. A mãe, técnica em enfermagem e o pai advogado, foram os seus grandes motivadores. “Vi o estudo como um meio de alcançar novos voos. Ele nos equipara e promove mudanças. Mudamos de nível social por meio dele”, relata a delegada.

Assim que se formou, Anielen, foi aprovada em concurso para o conselho federal de psicologia, no cargo de analista de direitos humanos, atuando na assessoria jurídica. Em seguida, ingressou na carreira policial como investigadora, e nessa posição ficou por nove anos.

Com apoio de outras mulheres, colegas de trabalho na delegacia que atuava no DF, prestou concurso para delegada no Paraná, e foi aprovada. “Eu sonhava mais alto. E consegui”.

Modelos

Além das colegas que a incentivaram, ela ressalta o papel das amigas que fizeram parte de sua vida, e as outras delegadas que concluíram o curso de formação com ela em Curitiba as quais estão espalhadas pelo Paraná. “Muitas amigas e colegas de trabalho fizeram parte da minha trajetória. A delegada exalta ainda seus maiores exemplos. “A minha mãe e a minha avó são modelos para mim. Pessoas de muita garra e superação. E são essas mulheres que fizeram ser quem eu sou hoje, forte”, enaltece Anielen.

Ser mulher e ser policial

Para Anielen, para superar as questões sociais as mulheres precisam estar em posição de destaque e ocupar cargos que são geralmente ligadas aos homens. “Quero encorajar mais mulheres a estudar e ingressar na polícia, pois isso nos fortalece e muda o paradigma de ambientes tradicionalmente masculinos”, relata.

Segundo a delegada, ser mulher nessa profissão é romper barreiras, mostrar representatividade, não se limitar a papéis estereotipados, demonstrar força e determinação. “Hoje, para mim, significa coroar um período de muita luta, de muita resiliência e principalmente romper barreiras”.

“Ser uma mulher delegada, não é apenas figurativo. Não estou na área de atendimento à mulher apenas por ser mulher, e sim porque gosto da pauta. Mas há policiais femininas que trabalham em outras áreas e fazem um excelente trabalho”, explica.
Projeto

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, a Polícia Civil de Laranjeiras do Sul, em colaboração com as prefeituras de cinco municípios da região, tem um projeto de atendimento descentralizado. O objetivo é aproximar a comunidade da polícia e destacar a importância desse tema. A delegada diz que propôs esse projeto para oferecer suporte às áreas vulneráveis, que estão torno de Laranjeiras. Junto com dois agentes de polícia judiciária, será ofertada orientação, registros de ocorrências e medidas protetivas, visando entender e atender às necessidades das mulheres dentro do sistema jurídico.

Conselhos e podcast para a carreira policial

A delegada reforça que o estudo é o caminho, para quem quiser seguir seu exemplo e ingressar numa carreira policial. Anielen compartilhou que junto de outras colegas criou um podcast, o ‘Tricot.40’, sobre mulheres policiais. O objetivo era dar visibilidade para as mulheres dentro das instituições e servir como inspiração para aquelas que desejam atuar nessa área. O material está em fase de transição, mas quem desejar assistir, os episódios gravados estão disponíveis gratuitamente, no Instagram e no Youtube.