População e comunidade escolar realiza carreata em defesa das APAEs

Ato abriu a semana da Pessoa com Deficiência em protesto contra ação que ameaça repasses às escolas especiais; confira a programação completa

Na manhã de ontem (20), Laranjeiras do Sul realizou uma mobilização em defesa da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Uma carreata percorreu as ruas centrais da cidade reunindo famílias, alunos, servidores públicos e a comunidade em geral, em apoio à manutenção das escolas especializadas no Paraná.
O ato integrou a abertura da ‘Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla’ e teve como foco a luta contra a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7796, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação questiona leis estaduais que garantem o repasse de recursos às APAEs e instituições parceiras, colocando em risco a continuidade do atendimento especializado.

Mobilização
A carreata contou com forte adesão da comunidade e o apoio da prefeitura, que disponibilizou ônibus, veículos da saúde e servidores públicos para participarem do movimento. Faixas e cartazes lembravam a importância da inclusão e do trabalho das escolas especiais, que atuam há décadas no atendimento de pessoas com deficiência intelectual e múltipla.
O objetivo, segundo os organizadores, foi conscientizar a sociedade e pressionar para que o STF leve em consideração o impacto social de uma possível mudança no modelo de atendimento.

Permanência
A diretora da escola Nélci Felini – educação Infantil e ensino fundamental na modalidade de Educação Especial, Margarete Franco, reforçou que o movimento não se trata de oposição à inclusão, mas sim da defesa do direito de escolha e da preservação da qualidade no ensino. “Defendemos a permanência das escolas especializadas porque sabemos que muitos alunos necessitam desse atendimento diferenciado. Não estamos falando contra a inclusão, mas sim de respeitar o tempo e as necessidades de cada estudante. Muitos já estão inseridos no ensino regular, mas outros precisam de apoio especializado para se desenvolver”, destacou.
Ela acrescentou que a carreata foi uma forma de dar visibilidade à luta que acontece em todo o Estado. “A comunidade precisa entender o que está em risco. As famílias estão preocupadas, os professores também. Não podemos deixar que a decisão seja apenas jurídica, sem olhar para a realidade das pessoas atendidas”, disse.

O que está em discussão no STF
A ADI 7796 questiona dispositivos legais do Paraná que permitem o repasse de recursos públicos às APAEs e entidades conveniadas. Caso a ação seja julgada procedente, os alunos poderiam ser transferidos obrigatoriamente para a rede regular de ensino, sem garantia de que haverá suporte especializado.
Para famílias e educadores, isso significaria um retrocesso. Além de perderem o espaço acolhedor e adaptado, os estudantes poderiam enfrentar dificuldades de aprendizagem, exclusão social e falta de atendimento multiprofissional.
Margarete se posicionou sobre esse risco. “Nossos alunos não são números, são pessoas. Cada criança e cada jovem que atendemos tem uma história, uma necessidade específica. Tirar o direito de frequentar a escola especial seria um retrocesso e um desrespeito com toda essa trajetória”, relata.

Programação em Laranjeiras
A mobilização abriu oficialmente a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, que segue até 29 de agosto com uma programação educativa, religiosa e de integração entre famílias, alunos e profissionais.

Hoje (21) – Missa em Ação de Graças e abertura oficial

Amanhã (22) – Encontro Família na Escola

Segunda-feira (25) – Sessão de cinema na escola

Terça-feira (26) – Assembleia e eleição dos Auto defensores

Quarta-feira (27) – Palestra com equipe multiprofissional: “Deficiência não define. Oportunidade transforma”

Sexta-feira (28) – Encerramento com atividades recreativas

“Queremos respeito e oportunidade”
Encerrando, a diretora deixou um recado direto à comunidade e às autoridades. “Queremos que todos estejam conosco nesta luta. A causa da pessoa com deficiência é de toda a sociedade. Nossos alunos merecem respeito, oportunidades e condições para se desenvolverem da melhor forma possível”.
Ela completou. “Não pedimos privilégios, pedimos direitos. Direitos de permanecer onde somos respeitados, onde o aluno é visto em sua totalidade e não apenas como uma matrícula. As APAEs representam esperança para muitas famílias, e não podemos permitir que essa história seja interrompida”, finaliza.