Rua Santana o berço do catolicismo em Laranjeiras

No Dia da Família, nada melhor do que contar a história da criação da paróquia e da escola que carregam o nome de Santa Ana: a Matriz e a Evisa

Para dar sequência à série de matérias ‘Pelas Ruas da Cidade’, junto ao Dia da Família, celebrado ontem (08), conheça hoje a história da Santana. Com nome que homenageia a paróquia e a santa padroeira, a rua, e avenida, tem cerca de dois quilômetros e é repleta de curiosidades. Ela ainda abriga dois marcos atemporais: a Igreja Matriz e a Escola Vicentina Santa Ana.

O trecho passa pelo bairro Presidente Vargas, cruza o centro e dá acesso ao trevo da BR 158. Em sua maioria, abriga áreas residenciais, como o residencial Jaboticabal e o edifício Santana, mas ainda se destacam outros pontos do comércio, como a Skynet, Supermercado Redelar, livraria Vida Nova, Matriz Santana, Casa de Líderes, Arte Estofados, Safra Engenharia, Poli Beer, Fibrocar, Centro Universitário Campo Real, Master Coffee & Beer, Empório Iguassu, entre outros.

Homenagem

A matriz e a escola já estavam instaladas em Laranjeiras antes da cidade possuir este nome. Até antes mesmo do Território Federal do Iguaçu.
O livro ‘Nerje: Raízes de Nossa Terra’, de João Olivir Camargo, conta um pouco da história da Paróquia Sant’Ana, que tem suas raízes registradas nos arquivos da Paróquia Nossa Senhora de Belém de Guarapuava.

Em 1906, a primeira capela dedicada à padroeira Nossa Senhora Sant’Ana foi construída em Laranjeiras, sofrendo modificações ao longo dos anos. Em 1910, ela foi ampliada devido ao aumento no número de famílias na região que professavam a fé na Igreja Católica Apostólica Romana. Guilherme de Paula Xavier, Manoel Pinto de Oliveira e Antônio Joaquim de Camargo lideraram essa expansão.

Ana Coutinho doou a imagem de Santa Ana, dando origem à Irmandade do Sagrado Coração de Jesus em 1913, organizada por Estela Camargo. Em dezembro de 1913, um contrato detalhado foi assinado para mais uma ampliação na capela, realizado por Reinaldo Guertner. Em 7 de julho de 1914, a obra foi concluída, e os valores detalhados no recibo de pagamento incluíam emenda na igreja, pintura, consertos, esteios novos, feitio de mesa e andor.

Em 1928, decidiram construir uma nova capela no local mais alto da povoação, inaugurando-a em 26 de julho de 1932. Em 1946, a lei que nomeava as vias da cidade incluía a Santana, para homenagear a rua em frente à Matriz.

Evisa

Por falar em Sant’Ana, é necessário frisar o Instituto Santa Ana, criado em 1938, quando chegaram a Laranjeiras do Sul as primeiras Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, Irmã Cecília Lechashi e Salomé Dets para os trabalhos de educação e paróquia.

Em entrevista o assistente de Direção da Escola, Aleson Cristiano Dvenka e a Irmã Dalva Kolling, detalham a história e a evolução da primeira instituição de ensino de Laranjeiras. “A cidade cresceu em torno da Matriz e da Escola, pontos que a marcaram por longos anos. Todo mundo conhece alguém que já passou pelo popularmente conhecido ‘Colégio das Irmãs’”, destaca Aleson.

O Instituto Santa Ana foi oficialmente instalado em 10 de abril de 1938. Dirigido desde o início pelas Irmãs, essa instituição sempre primou pela ação formativa e educativa. As Irmãs se dirigiram a Laranjeiras a pedido da Prelazia de Foz do Iguaçu para se dedicar à Catequese e à Educação, junto do Internato para dar oportunidade de estudos às crianças que moravam no interior. Iniciaram o trabalho com os cursos de Jardim de Infância e Primário, também trabalhavam com Datilografia, Música, Corte e Costura, Trabalhos Manuais e Atendimento aos Pobres.

Desde a chegada das Irmãs em 38 até 1968, o Instituto funcionou numa casa de madeira. Devido à grande demanda de educandos, foi necessário a construção de um prédio maior para oferecer melhores condições para um avanço no desenvolvimento educacional. Em 83, as Irmãs, com audácia e criatividade, implantaram o Curso de 1° Grau (5ª a 8ª série).

Em 86, o Instituto, em resposta aos apelos da época, iniciou as atividades com o Semi-internato, fundando o Centro de Menores Integrados à Comunidade (Cemmic) para atender crianças de 07 a 14 anos, oriundas de famílias em vulnerabilidade social. Para esses menores era oferecida educação integral, alimentação e vestuário.
“Hoje, o Cemmic oferece a comunidade local serviço sócios assistenciais e atende 115 crianças e adolescentes, em situação de risco e vulnerabilidade social, serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, na modalidade contra turno, e a clientela em sua grande maioria, é oriunda das escolas públicas do município”, descreve Aleson.

Irmã Dalva, que esteve em Laranjeiras pela primeira vez em 2003, brinca ao falar sobre o desenvolvimento da cidade. “Agora é bem fácil de se perder. Antigamente era mais tranquilo e menos movimento, mas agora, a Santana cresceu, assim como a avenida Santos Dumont”, relembra.
“Quando trabalhei na creche Nossa Senhora das Graças, lembro de como andávamos por esta rua nas apresentações de Natal no comércio. Sinto saudade daquele tempo, mas é impressionante ver como a cidade cresceu”, finaliza a Irmã.