“Se a greve não afetar as pessoas ela não atinge o objetivo”

A demora no atendimento e a incerteza de que realmente será atendido é o que mais impacta a população

Em greve desde o dia 17 de agosto, após sucessivas tentativas de negociação, os Correios anunciaram que aguardam decisão judicial para normalizar as atividades operacionais. Segundo nota divulgada pela empresa, as negociações estão sendo feitas desde julho e visavam preservar a saúde financeira da estatal com cortes de privilégios e “adequação a realidade do pais”. A empresa reconhece ainda que “não há margem para propostas incompatíveis com a situação econômica atual da instituição e do país, o que “exclui de qualquer negociação a possibilidade de conceder reajustes”. O julgamento da ação de dissídio coletivo será na próxima segunda-feira dia (21).

Conforme a direção da empresa, os termos demandados pelos funcionários (continuação do acordo coletivo de 2019), colocam em risco a economia que vinha sendo aplicada. Os Correios acumulam um prejuízo de R$ 2,4 bilhões e planejavam economizar R$ 800 milhões/ano, o que zeraria o déficit em três anos.

Em seu site, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect) acusa a direção dos Correios de intransigência e reafirma que os trabalhadores decidiram entrar em greve para protestar contra a proposta de privatização da estatal e pela manutenção dos benefícios trabalhistas, além de reajustes salariais.


Em Laranjeiras

O Jornal Correio do Povo foi até a agência dos Correios de Laranejiras do Sul, onde de todos os funcionários apenas um carteiro não aderiu a greve, além do gerente que está de licença médica. As pessoas que aguardam na fila sentem-se prejudicadas e a demora no atendimento é uma das reclamações de um de nossos entrevistados.

“Sinceramente é uma falta de respeito, eu estou aqui há mais de duas horas. Isso atrapalha muito. Estou perdendo tempo de serviço, mas infelizmente preciso do serviço dos Correios”, afirma uma senhora, que preferiu não se identificar.

Com o horário de atendimento reduzido e com apenas um guichê em funcionamento, outra dificuldade é a incerteza no atendimento. As pessoas esperam alguma providência para minimizar os impactos na população que precisa dos serviços.

“Eu acho complicado, deviam se organizar, entregar uma quantidade de senhas para atendimento. Nós deixamos nossa casa, nosso trabalho para vim aqui sem garantia de que seremos atendidos”, explica outro entrevistado, que também não quis se identificar.

Perante as dificuldades encontradas por quem enfrenta a fila, as opiniões sobre a greve e sobre a privatização se dividem. Algumas pessoas apoiam e dizem não concordar com a privatização como é o caso de uma jovem laranjeirense.

“Se a greve não afetar as pessoas ela não atinge o objetivo. Acho que temos que apoiar a greve dos servidores públicos dos Correios, porque eles estão perdendo muitos direitos trabalhistas e nós trabalhadores não conseguimos nada se não for por greve. Sei que a população está sendo afetada, mas mantenho meu apoio. Eles ainda correm o risco de serem privatizados”, completa.

Já outro entrevistado aponta que a solução é a privatização.

“Com a privatização o serviço vai baratear e a qualidade do serviço vai melhorar, sem greves e sem transtorno para a população”, afirma.

O Correio do Povo ainda tentou conversar com os funcionários em greve, porém, estes não retornaram até o fechamento desta edição. A que estava atendendo, não é funcionária da agência local, por isso, preferiu não opinar.

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