Você sabia que Fisioterapia pélvica transforma cuidado no pré e pós-parto?
Especialidade ainda pouco conhecida melhora qualidade de vida, previne complicações e atende homens, mulheres e crianças em diferentes fases da vida
A fisioterapia pélvica ainda é um campo pouco conhecido por grande parte da população, mas vem crescendo em relevância e despertando curiosidade, especialmente entre mulheres que enfrentam desconfortos relacionados à gestação, pós-parto ou até mesmo à sexualidade. Como forma de homenagear o profissional de fisioterapia pelo seu dia, comemorado ontem, 13 de outubro, o Jornal Correiro do Povo do Paraná conversou com a fisioterapeuta pélvica Carolina Orsi, de Laranjeiras, que atua exclusivamente na área desde 2017 e tem se tornado referência na área, no município.
O que é a fisioterapia pélvica?
Carolina explica de forma simples: trata-se da prevenção e do tratamento de disfunções relacionadas ao assoalho pélvico e órgãos como bexiga, útero e intestino.“Eu atendo apenas a fisioterapia pélvica, mas dentro dela existem subespecialidades: miccional, intestinal, sexualidade, obstetrícia, pós-parto. Nesse campo, me aprofundei especialmente no atendimento a gestantes, com acupuntura, reabilitação pós-parto de diástase, uso de tape e laserterapia, muito indicada para fissuras mamilares, mastite, cicatriz da cesárea e lacerações do períneo”, detalha.
Quando procurar esse tipo de tratamento?
De acordo com a especialista, as queixas mais comuns estão ligadas à incontinência urinária, aos prolapsos (popularmente conhecidos como ‘bexiga caída’), à constipação intestinal e à incontinência fecal. Também são frequentes os atendimentos a mulheres que sofrem com dor durante a relação sexual.Mas não se trata apenas de corrigir problemas já instalados. Muitas gestantes procuram o tratamento como forma de prevenção: “essas mulheres também fazem a fisioterapia pélvica durante a gestação, nesse pós-parto imediato e depois no pós-parto para trabalhar na questão do abdômen. Elas querem passar a gestação sem dores, se preparar para o parto normal e, depois, cuidar da recuperação no pós-parto, tanto imediata quanto tardia, envolvendo desde a diástase abdominal até o retorno da vida sexual sem dor”, afirma Carolina.
Homens e crianças também se beneficiam
Embora a fisioterapia pélvica seja frequentemente associada às mulheres, homens e crianças também podem ser pacientes. “Os homens também podem fazer, principalmente casos de constipação intestinal. É indicada principalmente após cirurgias de prostatectomia, que é a retirada da próstata, que é normalmente onde o homem, pode ter algum tipo de incontinência nesse pós-operatório. Já nas crianças, atendemos casos de enurese noturna, o famoso xixi na cama depois dos cinco anos, constipação intestinal ou infecções urinárias recorrentes”, explica.Quando perguntada sobre o início de seus atendimentos em Laranjeiras, em 2017, Carolina lembra que a área era pouco conhecida. “Na época, quase ninguém sabia o que era. Fui divulgando nas redes sociais e aos poucos os próprios médicos e enfermeiros passaram a reconhecer a importância do encaminhamento. Hoje vejo que a procura só cresce, porque é uma área muito abrangente”, afirma. “Como eu falei, tudo que envolve ali a nossa pélvis, a parte de bexiga, disfunções de bexiga, de intestino, da parte de sexualidade, de gestação, pode ser trabalhado pela fisioterapia pélvica, então só vem crescendo a procura na área”, reforça Orsi.
História marcante na carreira
Entre tantos atendimentos, um caso permanece especial para a fisioterapeuta. “Uma paciente jovem sofria de vaginismo, que causa dor e impedia a vida sexual. Ela passou por vários profissionais até descobrir a fisioterapia pélvica. Tratamos a disfunção, depois preparei o corpo dela para a gestação, e ela conseguiu realizar o sonho do parto normal. Após o nascimento, seguimos juntas no pós-parto. Essa mulher demorou anos e anos até descobrir que a fisioterapia pélvica tratava esse tipo de disfunção e então ela conseguiu ter o sonho de ser mãe realizado. Eu acompanhei toda a trajetória dela rumo ao sonho da maternidade. Foi um caso que me encheu de felicidade por ter acompanhado todas essas fases, até o seu sonho ser realizado”, relembra emocionada.
Vencer o medo e a vergonha
Apesar dos avanços, Carolina Orsi reconhece que muitas pessoas ainda sentem receio de procurar ajuda. “A fisioterapia pélvica evoluiu muito. Hoje a gente consegue trabalhar com técnicas minimamente invasivas, usa a tecnologia a favor da pessoa, então ela consegue se sentir acolhida, segura dentro do consultório, ela pode ficar tranquila, até pelo sigilo profissional que temos, as escolhas dela serão respeitadas. O tratamento é leve, respeita as escolhas da paciente e pode transformar a qualidade de vida. O medo e a vergonha não podem ser barreiras”, conclui.