Líder do Hamas anuncia encerramento do conflito e afirma ter acordo por cessar-fogo definitivo
Previsão é que todos os reféns sobreviventes sejam soltos até segunda-feira (13), enquanto o governo israelense avalia a aprovação formal do pacto
O líder do Hamas, Khalil Al-Hayya, declarou hoje (09) que a guerra contra Israel chegou ao fim. Ele afirmou ainda ter recebido garantias dos Estados Unidos e de mediadores árabes sobre a implementação de um cessar-fogo permanente. Al-Hayya atuou como principal negociador do grupo nas tratativas em torno do plano de paz apresentado pelos Estados Unidos para a Faixa de Gaza. Em setembro, ele sobreviveu a um ataque israelense contra alvos do Hamas no Catar.
O conflito teve início em 07 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque que resultou na morte de mais de 1,2 mil pessoas e no sequestro de 251 reféns. Desde então, mais de 60 mil palestinos foram mortos em Gaza, segundo números de autoridades ligadas ao grupo. O anúncio do acordo ocorreu na ontem (08). O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que Israel e o Hamas concordaram em iniciar a primeira etapa do plano para encerrar a guerra. Até a última atualização, ministros israelenses estavam reunidos para discutir a aprovação formal do acordo. Segundo porta-voz de Israel, o cessar-fogo deve começar até 24 horas após a ratificação.
Exigências e impasses
Entre as condições colocadas por Israel para avançar no entendimento, estão o fim do governo do Hamas em Gaza e a entrega de armas. Um representante do grupo, no entanto, afirmou que “nenhum palestino aceita o desarmamento”.
O líder de um partido de extrema direita que integra a coalizão israelense, Itamar Ben-Gvir, disse que derrubará o governo de Benjamin Netanyahu caso não haja o desmantelamento do Hamas.
Reféns mortos e desaparecidos
Um dos pontos mais delicados do acordo é a devolução dos corpos de reféns mortos em cativeiro. Fontes da imprensa norte-americana e israelense apontam que o Hamas não sabe a localização de alguns desses corpos.
Nesta quinta-feira (09), a Turquia anunciou a criação de uma força-tarefa internacional para auxiliar nas buscas. Além de autoridades turcas, participam Estados Unidos, Catar, Egito e Israel. Até a última atualização, não havia confirmação oficial sobre quantos corpos seguem desaparecidos. Estima-se que 28 dos 48 reféns ainda mantidos pelo grupo tenham morrido. A imprensa israelense fala em seis ou sete corpos sem paradeiro definido. Segundo Trump, todos os reféns deverão ser libertados até a próxima segunda-feira (13).
Pontos principais do acordo
O plano de paz, apresentado em setembro pelos Estados Unidos e mediado por Catar, Egito e Turquia, prevê que:
- todos os reféns sejam libertados em até 72 horas, vivos ou mortos;
- Israel libere quase 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo alguns condenados à prisão perpétua;
- tropas israelenses recuem de posições na Faixa de Gaza;
- caminhões com alimentos, água e medicamentos entrem no território palestino;
- os bombardeios em Gaza sejam suspensos.
Israel estima que dos 48 reféns ainda em poder do Hamas, apenas 20 estejam vivos.
Quando começa o cessar-fogo?
O início oficial ainda não foi confirmado. Netanyahu afirmou que o acordo seria votado pelo governo hoje (09). A assinatura formal estava prevista para as 6 horas (horário de Brasília).
Segundo a Casa Branca, esta é apenas a ‘primeira fase’ do plano. A imprensa israelense indica que os pontos mais sensíveis já foram resolvidos, mas ainda restam dúvidas sobre a transição de governo em Gaza e a questão do desarmamento do Hamas.
Estrutura do plano de paz
A proposta norte-americana contém 20 pontos. Entre eles:
- transformar Gaza em zona livre de grupos armados;
- conceder anistia a integrantes do Hamas que entregarem as armas;
- criar um governo de transição administrado por um comitê tecnocrático palestino;
- transferir, em um segundo momento, o poder para a Autoridade Palestina, condicionada a reformas internas;
- implementar um programa econômico de reconstrução e desenvolvimento;
- destruir toda a infraestrutura bélica e impedir novas instalações militares.
Reações
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comemorou o acordo e destacou a libertação dos reféns como vitória nacional. “Um grande dia para Israel”, escreveu em uma rede social. O Hamas, por sua vez, agradeceu o papel de Catar, Egito e Turquia na mediação e reconheceu os esforços de Trump para viabilizar o cessar-fogo.