Estudantes de Campo Mourão criam cimento sustentável a partir de casca de laranja

Projeto ‘Laranjix’ utiliza pó da casca desidratada da fruta como aditivo ao cimento tradicional, oferecendo ganhos em durabilidade e sustentabilidade na construção civil

A rede estadual de ensino tem investido na formação técnica de mais de 50 mil estudantes por meio da Educação Profissional e Técnica (EPT). Um exemplo desse trabalho é o projeto ‘Laranjix: Cimento com casca de laranja’, desenvolvido por alunos de Campo Mourão e que conquistou reconhecimento na etapa estadual do ‘1º Desafio da Educação Profissional e Tecnológica’ (Hack Tech Paraná), realizado em setembro, em Foz do Iguaçu. O evento reuniu 171 jovens de diferentes regiões do estado.
Promovida pela secretaria de Estado da Educação (Seed-PR), a iniciativa tem como objetivo estimular o protagonismo estudantil, aproximar a formação técnica das demandas do mercado de trabalho e incentivar a criatividade e o pensamento crítico dos jovens.

Reconhecimento pelo projeto inovador
O ‘Laranjix’ foi elaborado pelos estudantes Emanuel Henrique Smanioto da Cruz, Felipe Nascimento Américo, Gabriel de Freitas Machado, Gabriel dos Santos Molina, Vitor da Silva Reis e Vinícius da Silva Reis, todos com 15 anos, do Colégio Cívico-Militar Darcy José Costa, de Campo Mourão.A proposta garantiu ao grupo menção honrosa na categoria de projeto mais inovador da competição, que avaliou critérios como aplicabilidade técnica, sustentabilidade e impacto social.

Ideia surgiu em sala de aula
A professora Juliana Nunes, orientadora do grupo, conta que a iniciativa nasceu de conversas entre os alunos, que buscavam unir sustentabilidade e inovação aplicada à engenharia civil. O projeto consiste em misturar pó obtido da casca de laranja desidratada ao cimento convencional, criando um aditivo natural capaz de aumentar a resistência e melhorar a durabilidade do material, além de reduzir o descarte de resíduos orgânicos.“Eles mesmos trouxeram minitijolos produzidos durante os testes, e foi impressionante ver o empenho e a curiosidade científica deles. Fiquei maravilhada com o entusiasmo e inscrevi o grupo na competição”, destacou a professora.

Potencial de aplicação na construção civil
A proposta tem potencial para aplicação em blocos, pisos, revestimentos e peças pré-moldadas, funcionando como alternativa sustentável ao uso da cal. Além disso, pode ajudar a reduzir o impacto ambiental da indústria do cimento, uma das que mais emitem CO₂ no mundo.Segundo Juliana, o projeto combina benefícios como resistência mecânica, durabilidade e isolamento térmico, abrindo espaço para obras de baixo custo e com menor impacto ambiental.

Novos testes em andamento
Os estudantes continuam aprimorando a ideia. “Estamos realizando novos testes, pesquisando formas de melhorar a composição e estudando como aplicar o material em situações reais. Já conseguimos utilizar a mistura em blocos, reboco e argamassa, e futuramente queremos testar em telhas”, disse Emanuel Henrique Smanioto da Cruz, um dos integrantes do grupo.O projeto também recebeu apoio da Utfpr, que realizará análises de densidade e resistência para validar os resultados. A equipe acredita que o material pode substituir o uso da cal, tornando-se uma solução sustentável e de baixo custo para a construção civil.“O mais interessante nesse projeto é perceber como algo simples, como uma casca de laranja, pode se transformar em uma solução concreta para reduzir resíduos e contribuir com o meio ambiente”, acrescenta Emanuel.

O que é o ‘Hack Tech Paraná’
O ‘Hack Tech’ é um desafio promovido pela Seed-PR, em formato de hackathon, que incentiva estudantes a desenvolver soluções criativas para problemas reais. Na edição estadual, realizada em setembro, em Foz do Iguaçu, participaram 171 alunos da rede estadual, com projetos selecionados previamente na etapa regional.