Grupo é preso por vender remédio veterinário como droga ilícita e lucrar R$ 10 milhões

Operação conjunta das polícias Civil e Militar, com apoio de outros quatro estados e do Ministério da Agricultura, cumpre prisões e busca em nove estabelecimentos envolvidos na comercialização irregular de cetamina

A Polícia Civil do Paraná (PCPR), em conjunto com a Polícia Militar do Paraná (PMPR), prendeu sete pessoas investigadas por integrar uma organização criminosa investigada pela prescrição, distribuição e venda de cetamina, um medicamento veterinário que é utilizado como droga alucinógena. A ação aconteceu simultaneamente em cidades do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio de Janeiro, na manhã desta quarta-feira (03).
A operação contou com a participação das Polícias Civis dos estados nos quais os mandados foram cumpridos e do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). O objetivo foi desarticular o grupo criminoso e interromper o comércio criminoso da droga. Os policiais cumpriram três mandados de prisão e oito de busca e apreensão, além da fiscalização, com o apoio de agentes do MAPA, em nove estabelecimentos comerciais que faziam a captação e venda irregular da cetamina. As ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Curitiba e Fazenda Rio Grande (PR); Mogi das Cruzes, Itapira, Estiva Gerbi, Valinhos, Indaituba, Campinas e São José do Rio Preto (SP); Belo Horizonte (MG); Várzea Grande (MT); e Macaé (RJ).
Nos locais, quatro pessoas foram flagradas em posse de caixas de cetamina e de uma arma de fogo. Os materiais foram apreendidos, assim como R$ 55 mil em espécie que foram localizados na residência de um dos alvos da operação em São Paulo. As investigações da PCPR iniciaram a partir de uma ação da equipe da PMPR em 21 de maio deste ano que resultou na apreensão de 1.171 unidades de cetamina, um medicamento anestésico para uso animal sujeito a controle especial. O material estava armazenado em uma residência no Bairro Alto, em Curitiba.
Inicialmente, os medicamentos tinham aparência de legalidade, pois possuíam notas fiscais e prescrições regulares assinadas por médica veterinária. Porém, em análise aos documentos fiscais, os policiais civis verificaram que a substância havia sido adquirida mediante pagamento em espécie com valores que superaram R$ 100 mil. Além disso, o registro da compra foi fracionado em diversas notas fiscais emitidas com diferença de minutos, levantando a suspeita de que a aquisição tinha objetivos ilícitos.
O major Arnaldo Luiz Pereira Filho, das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (RONE) da PMPR, ressaltou que, desde que as primeiras informações surgiram, em maio, o trabalho passou a ser conduzido de forma totalmente integrada entre as forças de segurança, o que permitiu avançar com precisão até o cumprimento dos mandados. “Desde maio, quando surgiram os primeiros indícios sobre o armazenamento de grandes quantidades de cetamina, trabalhamos de maneira conjunta com a Polícia Civil, compartilhando informações e alinhando cada passo da investigação. Esse esforço integrado foi essencial para confirmar o endereço usado pelo grupo, reunir provas e chegar aos responsáveis”, disse.
“Ainda, em conjunto com o MAPA, verificamos que a prescritora dos medicamentos apreendidos era uma médica veterinária recém-formada que, entre fevereiro e abril 2025, solicitou autorização ao órgão federal para aquisição de 28 mil unidades do medicamento”, afirma a delegada da PCPR Paula Christiane Brisola. A partir das informações obtidas, a PCPR identificou a estrutura da organização criminosa responsável pela prescrição, captação, distribuição e venda ilegal do medicamento no Paraná e em Santa Catarina para o consumo humano. Somente entre os meses de fevereiro e abril deste ano, o grupo movimentou aproximadamente R$ 10 milhões em cetamina, que é popularmente conhecida como Special-K ou Ketamina.

Doação
Os medicamentos apreendidos na ação de maio serão doados à prefeitura de Curitiba. O repasse foi autorizado judicialmente e deve ocorrer no dia 11 de dezembro. O montante poderá viabilizar a castração de cerca de 24 mil animais de pequeno porte.