Itaipu intensifica apoio à reconstrução de Rio Bonito do Iguaçu após tornado
Diretor-geral brasileiro da binacional, Enio Verri, acompanha ações emergenciais, anuncia novos suportes e destaca integração entre órgãos federais, município e voluntários
O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, esteve em Rio Bonito do Iguaçu nesta quarta-feira (19) para acompanhar de perto as ações de reconstrução após o tornado que atingiu o município no dia 7 de novembro. A passagem do fenômeno deixou oito mortos, dezenas de feridos e um rastro de destruição que afetou áreas urbanas e rurais. A visita reforçou o compromisso da binacional e de diversas instituições públicas em acelerar o processo de recuperação da cidade.
A comitiva incluiu o prefeito Sezar Bovino, o coordenador das ações do Governo Federal no município, Josias Lesch, o representante da Secretaria de Relações Institucionais, Martin Esteche, além de lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outras autoridades. O grupo percorreu pontos críticos, dialogou com moradores e acompanhou trabalhos emergenciais ainda em andamento.
Desde o primeiro dia após o evento climático, Itaipu enviou equipes e materiais para atendimento imediato, como água, lonas, telhas e suporte logístico. Segundo Verri, a fase atual exige planejamento e reconstrução estruturada. “A prioridade é a vida. Já garantimos apoio aos feridos e suprimentos básicos. Agora começamos a pensar na recuperação dos prédios públicos e no estímulo às atividades econômicas, para que a cidade possa retomar seu cotidiano”, afirmou.
Durante a visita, o Ministério do Trabalho anunciou medidas que vão beneficiar diretamente trabalhadores afetados. A superintendente regional, Regina Cruz, apresentou o Bolsa Qualificação, que assegura um salário mínimo aos funcionários celetistas que tiveram seus contratos suspensos. Ao todo, 837 trabalhadores devem ser contemplados. Também foram confirmadas parcelas adicionais do Seguro-Desemprego, liberação do FGTS e suspensão temporária de recolhimento do fundo pelas empresas atingidas.
O prefeito Sezar Bovino ressaltou o objetivo de reconstrução coletiva e a esperança de retomar a normalidade. “Queremos seguir em frente e quem sabe realizar uma celebração de Natal que simbolize nossa união e gratidão a todos os que estão ajudando”, declarou.
Apoio estruturado da Itaipu
Além do auxílio imediato, a Itaipu direciona esforços ao mapeamento técnico das áreas mais afetadas. Engenheiros da binacional, em parceria com o CREA, estão avaliando edificações comprometidas e elaborando laudos para orientar obras futuras. Entre os locais prioritários estão a Prefeitura, a Feira do Produtor e o Centro de Comércio Popular.
Para reforçar a capacidade de atendimento municipal, R$ 200 mil já foram repassados por meio do Fundo de Auxílio Emergencial, além de R$ 150 mil destinados à instalação de postos de saúde temporários. No dia 18, a prefeitura recebeu 35 computadores, armários e telefones celulares, doados com apoio do Itaipu Parquetec, para restabelecer setores administrativos essenciais. Equipamentos, ferramentas e combustível para maquinário também foram enviados para acelerar frentes de trabalho.
Verri destacou que o suporte da binacional está integrado às ações federais, que já ultrapassam R$ 30 milhões em investimentos destinados à recuperação de Rio Bonito do Iguaçu. “É a soma de esforços que permite transformar essa realidade. Renovamos aqui o compromisso da Itaipu e do Governo Federal em apoiar a cidade pelo tempo que for necessário”, declarou.
Mobilização de voluntários
Um dos elementos mais marcantes do processo de reconstrução é o trabalho voluntário realizado por integrantes do MST e outras organizações sociais. Os grupos atuam na limpeza de ruas, remoção de escombros, reparos em residências e na produção de cerca de 2.500 marmitas diárias.
Durante a visita, Verri conversou com moradores que recebem apoio direto dos voluntários. Na casa de Maria Aparecida Ferreira de Oliveira, que perdeu as telhas e parte dos móveis, equipes ajudavam na reposição da cobertura. “Não sei o que faria sem essa ajuda. Meu marido não pode subir escadas, e eu não teria condições. A vida foi preservada, e isso é o mais importante”, disse ela.
Destruição também na zona rural
As tempestades de 7 de novembro causaram danos significativos no campo, derrubando torres de energia, destruindo construções e retorcendo silos. Para apoiar agricultores, a Itaipu atua com o programa Semeando Gestão, que faz levantamentos socioeconômicos e avaliações técnicas em 260 propriedades de Rio Bonito do Iguaçu e outras 23 em Guarapuava.
Após deixar a cidade, Verri visitou o assentamento Nova Geração, em Guarapuava, onde estruturas como igrejas e galpões foram completamente destruídas. Moradores relataram perdas abruptas. “Em cinco segundos, perdi tudo. A casa, o caminhão, tudo o que tínhamos”, afirmou o agricultor Adair Hoffmann. Apesar do choque, ele ressaltou que a família saiu ilesa. Outro morador, Antoninho Makoski, mostrou os escombros que restaram de sua residência. Lurdes Ribeiro Barbosa, que já começou a recuperar a casa, relatou dificuldades emocionais após a tragédia.
A Itaipu informou que, com base nos levantamentos técnicos, solicitará novos recursos aos governos Estadual e Federal para reconstrução das estruturas rurais. Além disso, por meio do Fundo de Auxílio Eventual, será destinado o valor necessário para a construção de um novo barracão comunitário.
Encerrando a visita, Verri reforçou o compromisso contínuo da binacional com as famílias atingidas. “Vocês demonstraram força diante de uma situação extrema. Estamos aqui para caminhar ao lado de vocês na reconstrução”.



