Serviço aeromédico soma mais de 3,2 mil atendimentos e consolida referência no país

Sistema estadual opera sete aeronaves e garante cobertura integral com bases estratégicas e equipes especializadas

O Paraná mantém firme a tradição de fazer o básico bem-feito — e, no caso do serviço aeromédico, transformar isso em resultado concreto para salvar vidas. Um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mostrou que, entre janeiro e outubro deste ano, as equipes aéreas realizaram 3.201 atendimentos, média diária de 10,56 ocorrências. Em 2023 inteiro foram 3.932. Em 18 anos de atividade, o serviço já acumula 35.180 ações entre resgates, emergências clínicas, transporte de recém-nascidos, e transferência aérea de órgãos destinados a transplantes.

Cobertura total do Paraná
O modelo paranaense funciona de forma integrada pelo Sistema Estadual de Regulação de Urgência e é o único do Brasil totalmente coordenado e executado exclusivamente para demandas de saúde. A frota atual conta com seis helicópteros e um avião distribuídos em cinco bases: Curitiba, Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa. Cada operação envolve, no mínimo, piloto, médico e enfermeiro, todos habilitados conforme as regras da Anac e do RBAC 90.As bases têm raio de atendimento de até 250 quilômetros e voos de até duas horas, garantindo ida e volta sem reabastecimento. Em Curitiba, dois helicópteros (PRF e BPMOA) e um avião da Sesa compõem a estrutura principal. Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa operam aeronaves contratadas da Helisul, com equipes fornecidas pelos Samus Regionais.

Equipes que fazem a diferença
Para o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, o serviço é peça-chave no atendimento pré-hospitalar: “Levamos assistência especializada de forma imediata a quem mais precisa. É orientação do governador Ratinho Junior reforçar essa estrutura para garantir agilidade e segurança”.O coordenador em Curitiba, Guilherme Zammar, define sem frescura: “Transformamos minutos fatais em tempo de vida”. Já Etore Moscardi, da base de Maringá, lembra o impacto direto no cotidiano: foram mais de 8.700 atendimentos de excelência realizados ali.Durante o Verão Maior Paraná, uma aeronave extra passa a atuar no Litoral, com base em Matinhos.

Investimentos robustos
Todo o serviço é custeado pela Sesa. O contrato anual das aeronaves de Cascavel, Londrina, Maringá, Ponta Grossa e do avião de Curitiba chega a R$ 85,5 milhões, variando conforme o uso. Só o BPMOA recebeu R$ 16 milhões do Fundo Estadual de Saúde este ano, somados a R$ 4,5 milhões destinados às equipes médicas do Samu.Desde 2020, o Estado também garante aquisição de medicamento trombolítico usado em casos de infarto — cada ampola custa R$ 9 mil. Só em 2024, foram aplicadas cerca de 1.561, totalizando mais de R$ 7 milhões em investimento.

Inovação que salva vidas
Há três anos, o Paraná implementou um protocolo pioneiro: transfusões de sangue diretamente no local da ocorrência ou durante o voo. Em parceria com a Helisul, a base de Maringá armazena bolsas de sangue O negativo, permitindo atendimento imediato a pacientes em estado crítico. Desde então, 50 pessoas gravíssimas foram beneficiadas.

Histórias que dão sentido ao trabalho
Entre os pacientes atendidos, está José Marcos Francisco, 59 anos, morador do Fazendinha, em Curitiba. Ele sofreu fraturas na coluna cervical em Minas Gerais e foi transferido via serviço aeromédico para tratamento cirúrgico no Paraná. “Eu poderia ter sido ignorado, mas fui trazido para casa e muito bem tratado”, relatou, emocionado.

Uma trajetória construída no coletivo
Criado em 2007 com um único helicóptero, o serviço foi sendo ampliado ao longo dos anos. A partir de 2014 vieram as aeronaves próprias da SESA, e entre 2016 e 2018 as bases de Londrina, Maringá e Ponta Grossa consolidaram o atual modelo. O médico Vinícius Filipak, primeiro a atuar nos resgates aéreos no Estado, lembra o caminho percorrido: “Hoje atendemos qualquer tipo de urgência em qualquer cidade do Paraná. É gratificante ver que aquilo que construímos virou legado”.