Getúlio Vargas: 66 anos da morte do presidente que mudou o rumo de Laranjeiras do Sul

Em agosto de 1954, o então presidente da República, em meio a uma crise de seu governo, preferiu o suicídio ante a renúncia. Em 18 anos como governante, ele deixou marcas através de leis trabalhistas, incentivo à indústria nacional e criou o TFI

Presidente do Brasil por quase 20 anos, Getúlio Vargas é considerado uma das figuras políticas mais relevantes da história do país. Durante os anos 1930 e 1950, ele se apresentou ao povo como de uma personalidade forte e controversa.

Na segunda-feira (24), completou-se 66 anos de sua morte. Em 24 de agosto de 1954, aos 72 anos, ele cometeu suicídio em pleno Palácio do Catete – então sede do governo federal – e causou uma comossão nacional.


Mandatos

Vargas governou o Brasil durante três períodos. No primeiro, quando deu um golpe de estado e assumiu o governo. Sete anos depois, quando se aguardava para o ano seguinte a volta das eleições diretas – em que Vargas não poderia ser candidato – ele dá um novo golpe, implanta o Estado Novo, um modelo de governo autoritário e com o poder centralizado em sua figura.


Getúlio Vargas anunciando a  instituição do Estado Novo
foto:reprodução

Em 1945, ele deixa o poder e o general Eurico Gaspar Dutra assume. Só que, apesar do comportamento autoritário e ter atuado como ditador – com direito à tortura de oposicionistas e da censura à imprensa -, Vargas entrou, positivamente, para a memória do povo brasileiro por conta, principalmente, das leis trabalhistas. Estas, na época, eram consideradas uma verdadeira revolução proletária, sendo que alguns direitos alcançados, como direito a férias renumeradas e a regulamentação da jornada de trabalho de oito horas, estão vigentes até hoje.

Por conta disso, quando houve enfim a primeira eleição com a participação da população, em 1950, Getúlio foi o escolhido. Ele teve impressionantes 48,73% dos votos, contra 29,66% de Eduardo Gomes. Só que, mesmo tendo voltado ao poder democraticamente, Getúlio seguiu sendo aspirando o amor de ons e o ódio de outros, como da imprensa. Em meio à uma crise de popularidade, pressionado a renunciar, Vargas cometeu suicídio durante o terceiro ano do novo mandato.

Na carta de testamento, encontrada ao lado de seu corpo, o então presidente disse: "Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na historia”. 


Território Federal do Iguaçu

Além de deixar um legado para o país como um todo, Getúlio Vargas foi peça-chave na mudança dos rumos da história da região da Cantu. Foi ele o maior defensor e o responsável pela implantação do Território Federal do Iguaçu (TFI) – que teve como capital Iguaçu, atual Laranjeiras do Sul – e de outras cinco regiões (Amapá, Fernando de Noronha, Guaporé Ponta Porã e Rio Branco).

“Ele visava criar o Território do Iguaçu para garantir a posse da região pelo Brasil, já que aqui, até então, era povoado por argentinos e paraguaios, e acabou  criando o plano 'marcha para oeste', visando nacionalizar essa extensão, explica o professor de história Luciano Bagdinski Júnior.

Mapa do antigo do Território Federal do Iguaçu, que englobava parte do Paraná e Santa Catarina
Foto: Reprodução

O nacionalismo

"Vargas era muito nacionalista, a ponto de defender o país com unhas e dentes  e eu classifico que o suicídio foi o ultimo ato politico dele”, afirma Luciano.

Além das leis trabalhistas, Vargas, como bom nacionalista, foi o responsável por incentivar a indústria nacional em diversos setores. Ele criou estatais como a Petrobras, que passou a explorar o petróleo. Além destas, fundou a Companhia Siderúrigica Nacional (CSN), em razão da carência e das dificuldades de importar aço que o país atravessera em meados da década de 1940, com o desenrolar da Segunda Guerra Mundial. O Banco de Desenvolvimento Economico (BNDE), fundado em 1952, foi outro legado deixado pelo presidente.