Pressão pela renúncia do cargo deputado Ademar Traiano se intensifica
Nesta semana, deputados de oposição, entidades de classe e até uma prefeitura pediram para que Traiano deixe o cargo de presidente da Alep. Ele está no centro de uma crise após ter admitido receber propina para renovação de contrato de serviços na Assembléia
O atual presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano (PSD-PR), enfrenta uma crescente onda de pressões para renunciar ao cargo em meio ao vazamento do acordo com o ministério Público, em que admitiu ter recebido dinheiro para a renovação de contrato para que o Grupo Malucelli continuasse operando a TV Assembleia.
No último dia 19, o deputado Fabio Oliveira (Podemos) voltou a pedir, na tribuna da Alep, a renúncia de Traiano. “Traiano é ‘réu confesso’ em recebimento de propina numa e sua permanência como presidente desta casa, abala a credibilidade do poder legislativo estadual”, disse Fabio.
A pressão vem também dos municípios da base de Traiano. Também nesta semana, o prefeito de Palmas, Panayotis Nicolaou (PSD), enviou ofício ao governador Ratinho Junior, presidente do PSD no Paraná, a respeito de Traiano. “A prefeitura de Palmas se sente constrangida com os fatos expostos e não se identifica representada por este tipo de situação e de político”, diz o texto.
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Paraná (OAB-PR) emitiu uma nota, na última quarta-feira (20), instando o deputado a renunciar de forma imediata. “A diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Paraná, em nome da maioria de seu Conselho Pleno, entende ser necessário o afastamento do deputado do cargo de Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná e sua renúncia da cadeira no parlamento”, diz a nota da OAB-PR.
Entenda o caso
O caso iniciou em 2015, quando um contrato de serviços na TV Assembleia foi renovado sob circunstâncias questionáveis, envolvendo o pagamento de propina. Traiano confessou ter negociado e recebido propina no valor de R$ 100 mil do empresário Vicente Malucelli para garantir a continuidade deste contrato.
Além de Traiano, o ex-deputado Plauto Miró também teria recebido valores indevidos, conforme a delação de Malucelli, posteriormente confirmada pelos investigados no acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR).
Segundo o material divulgado, parte da propina foi paga em dinheiro vivo no gabinete de Traiano, enquanto a outra parte foi realizada por meio de cheques depositados em uma conta de uma oficina mecânica.
Apesar da confissão, o acordo de não persecução penal (ANPP), impediu um processo criminal por corrupção passiva, manteve as provas do caso em sigilo absoluto, mesmo após pedido do MP-PR pela publicidade do caso. Pelo acordo Traiano e Plauto em que confessam os crimes, eles devolveram o dinheiro e pagaram multa que somadas passaram de R$ 740 mil e não foram processados. A divulgação das informações só ocorreu após uma série de reportagens da RPC TV e G1, que revelaram detalhes das negociações, áudios e pagamento de propina.
O que dizem os citados
O empresário Vicente Malucelli afirmou que se sentiu coagido a fazer esses pagamentos, tratados como doações de campanha, com a anuência de Joel Malucelli, presidente do grupo empresarial.
Já Traiano e Miró disseram, em nota que “reafirmam que formalizaram o acordo com o Ministério Público e que esse acordo foi homologado pelo Judiciário, e, por eles, cumprido plenamente”.