Paraná incorpora implante contraceptivo ao SUS e distribui 25,6 mil unidades
Método de longa duração, que custa até R$ 4 mil no privado, agora é ofertado gratuitamente; Sesa e Ministério da Saúde capacitaram 150 profissionais de 38 municípios
O Paraná deu um passo firme na saúde pública ao incorporar o implante subdérmico contraceptivo de etonogestrel ao SUS. O dispositivo, conhecido como Implanon NXT e que chega a custar entre R$ 2 mil e R$ 4 mil no setor privado, agora é oferecido gratuitamente às mulheres e adolescentes da rede pública. Na prática, o Estado democratiza o acesso a uma tecnologia de ponta e eleva o patamar do planejamento reprodutivo.
A iniciativa vem alinhada com as Portarias MS nº 47 e 48, de 8 de julho de 2025, que preveem a distribuição nacional de 500 mil unidades ainda este ano, chegando a 1,8 milhão em 2026.
Capacitação e rede preparada
Para garantir a segurança no uso do novo método, a Sesa e o Ministério da Saúde reuniram na terça-feira (25) profissionais de 38 municípios referência das 22 Regionais de Saúde. Cerca de 150 médicos, enfermeiros e gestores participaram da oficina de qualificação.Eles receberam kits com cartilhas, aplicadores e placebos, além de treinamento prático em braços anatômicos. Também discutiram fluxos assistenciais, organização da oferta e planejamento territorial — aquele trabalho de bastidor que garante que a política chegue redonda lá na ponta.A diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, Maria Goretti David Lopes, bateu na tecla da equidade. Segundo ela, a qualificação é decisiva para reduzir desigualdades regionais e fazer o método chegar a quem mais precisa. Já o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, destacou que o Estado cumpre seu papel ao ampliar autonomia e segurança às mulheres. “Investir em planejamento reprodutivo é investir em saúde, dignidade e futuro”, disse.
Método de alta eficácia
O implante é um LARC — contraceptivo reversível de longa duração — com eficácia de até três anos e retorno rápido da fertilidade. Evita falhas comuns dos métodos de uso diário e mensal e se soma a toda a linha já disponível no SUS: DIU de cobre, injetáveis, pílulas, preservativos, laqueadura e vasectomia.O recado do Ministério da Saúde segue a mesma lógica. Para a enfermeira Camila Farias, consultora técnica da CGESMU, ampliar métodos é ampliar liberdade. Ela reforça: o implante é hoje o método reversível mais seguro disponível no país.
Distribuição no Estado
O Paraná já recebeu 25.620 unidades, todas distribuídas aos municípios. Nesta fase inicial, 38 cidades com mais de 50 mil habitantes foram contempladas, como Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Guarapuava, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Campo Largo, Paranaguá, Pato Branco, Umuarama e União da Vitória.No próximo semestre, o método estará disponível em todas as 22 Regionais de Saúde. A chefe da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher da Sesa, Carolina Poliquesi, explicou que os municípios já estão definindo equipes e organizando os fluxos para ampliar a oferta. Segundo ela, a medida fortalece o direito das mulheres ao planejamento reprodutivo e atende especialmente quem não pode utilizar outros métodos.
Contexto nacional
O avanço é oportuno. A Pesquisa Nascer no Brasil II (2021/2023) mostra que entre 33% e 40% das gestantes não planejaram a gravidez. Em 2022, 12,3% dos nascimentos foram de mães com até 19 anos. Números que pressionam políticas públicas e mostram por que LARCs como o implante são estratégicos para reduzir gestações não intencionais.



