Paraná realiza a primeira telecirurgia robótica da América Latina

Procedimento em Cascavel integrou equipes médicas separadas por mais de 470 km

O Paraná marcou um feito histórico ao sediar a primeira telecirurgia robótica do Brasil e da América Latina. O procedimento experimental foi conduzido em Cascavel, conectando em tempo real médicos que estavam em Campo Largo, a mais de 470 quilômetros de distância. O avanço reforça a vocação inovadora da região Oeste do estado, que já concentra iniciativas voltadas à tecnologia e ao empreendedorismo, como o movimento ‘Iguassu Valley’.

Estrutura e execução da cirurgia
O médico Paolo Salvalaggio, de São Paulo, operou o robô cirúrgico ‘MP1000’, da Edge Medical, importado da China. A ação contou com a supervisão do especialista brasileiro em cirurgia robótica, Leandro Totti. Enquanto isso, uma equipe em Campo Largo acompanhava a operação em tempo real, oferecendo suporte aos comandos transmitidos instantaneamente.

Projeto-piloto em Cascavel
A experiência foi realizada em 13 de agosto de 2025, no Centro de Oncologia de Cascavel (Ceonc). O procedimento envolveu um porco, que passou por todos os protocolos de segurança para uma cirurgia de retirada da vesícula biliar. O momento foi acompanhado por profissionais da saúde, professores, empresários e representantes da área de tecnologia.O projeto surgiu de uma união entre o Centro de Treinamento Cirúrgico Scolla, a importadora Ortoteck, o Governo do Paraná (por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), a Unioeste e o ‘Iguassu Valley’. O médico Marcelo Loureiro, um dos idealizadores, destacou o caminho percorrido: “Desde 2019 estamos trabalhando para tornar isso possível. Foram muitos processos. O que apresentamos neste piloto é apenas a primeira etapa. Nossa busca é pela democratização do cuidado com as pessoas, permitindo que a tecnologia chegue a todos os pacientes”.

Tecnologia e inovação em saúde
O desenvolvimento da telecirurgia exigiu anos de preparação, incluindo cinco viagens à China até encontrar o equipamento adequado. O ex-presidente do ‘Iguassu Valley’, Jadson Siqueira, acompanhou os últimos oito meses do processo de transformação do projeto em realidade. Ele explica: “A telecirurgia permite que o profissional use um console e um braço robótico para interagir. É a transmissão de conhecimento à distância. Especialistas podem auxiliar ou até realizar procedimentos a centenas de quilômetros, o que representa uma revolução”.Para o gerente regional do Sebrae/PR, Augusto Stein, o feito demonstra como a inovação pode gerar impacto social. “Parte da função do Sebrae é criar um ambiente fértil para que empreendedores possam inovar. Um ecossistema com mais parceiros e ações se torna mais dinâmico e cheio de oportunidades. Este é um exemplo claro de como empreendedores podem se unir para gerar negócios, riqueza e desenvolvimento para o território”, destacou.A tecnologia promete impactar diretamente a formação de estudantes de medicina, oferecendo novas formas de aprendizado em cirurgias complexas. A parceria com a Unioeste deve ampliar a experiência prática de futuros profissionais. O diretor-clínico do Ceonc, Luiz Augusto Militão, ressaltou: “Estamos testando tecnologia e infraestrutura de conexão dentro do nosso próprio ambiente, um desafio diferente do que havia sido feito até então, com conexões internacionais”.

‘Iguassu Valley’ e Sebrae no setor da saúde
O Sebrae/PR mantém parceria com o ‘Iguassu Valley’ em diversas iniciativas voltadas para a inovação na saúde, como a realização de hackathons e projetos em conjunto com a Unioeste e a Universidade Federal do Paraná, em Toledo. As ações incluem o desenvolvimento de conteúdos empreendedores para futuros médicos e a busca de soluções aplicáveis ao sistema de saúde.