Matemático Alexsandro Schneider, estuda corpos celestes na China

A convite de um antigo orientador, Alexsandro ficará três meses em Shenzhen.”A pesquisa em matemática é peculiar, pois possui um caráter global, os problemas relevantes são os mesmos em qualquer lugar do mundo”.

Nascido e criado em Laranjeiras do Sul, o matemático e professor universitário da Universidade Estadual da Centro Oeste (Unicentro), Alexsandro Schneider, está em Shenzhen – China desenvolvendo seus estudos, após convite da Southern University of Science e Technology – (SUSTech). Durante três meses, ele pesquisa na área de matemática pura, focando na área originada de problemas na mecânica celeste. O objetivo é compreender o comportamento de corpos celestes, como estrelas, planetas e satélites, que interagem pela Lei da Gravitação Universal.

Trajetória
Alexsandro, relata que desde pequeno sempre gostou de matemática, a mãe que possui apenas o ensino básico foi sua grande incentivadora, pois ensinava-o a fazer contas básicas mesmo antes de ir a escola. “Eu adorava fazer contas de vezes e dividir no caderno de ‘quadrinhos’ que ela me deu”, afirma.
Ele lembra que no ensino médio, cursado no Colégio Estadual Gildo Aluísio Shuck, por sempre ir bem nas disciplinas de exatas, veio a vontade de ser professor de matemática. “Eu não sabia que poderia ser matemático e desenvolver pesquisas. Foi no período da graduação que passei a entender melhor as possibilidades e decidi levar os meus estudos mais a sério”.
O matemático relata que fez graduação em licenciatura em matemática na Unicentro entre os anos de 2008 e 2011. Em 2013 concluiu mestrado em matemática aplicada na Universidade Federal do ABC (UFABC). E em 2017 conquistou o título de doutorado em matemática pura na Universidade de São Paulo (USP). “No final do mestrado eu passei no concurso da Unicentro, porém fui nomeado apenas em agosto de 2017. E isto foi ótimo, pois pude me dedicar integralmente ao doutorado neste período. Atualmente estou fazendo o pós-doutorado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA)”.

Pós-doutorado
Ele afirma que sua motivação para fazer o pós-doutorado é pessoal e a razão principal é o tempo voltado para pesquisa. “Desde que tomei posse na Unicentro dou aulas na graduação e desenvolvo pesquisa. Hoje leciono exclusivamente no curso de Matemática Aplicada e Computacional e, apesar de adorar dar aulas, esta é uma atividade que demanda muito tempo”, relata.
“Como o pós-doutorado é um período em que poderia me dedicar integralmente a desenvolver o que amo, vi essa oportunidade como ideal. Porém não foi uma decisão simples, pois sou casado e moro em Guarapuava e o IMPA fica no Rio de Janeiro. Mas eu senti que este era o melhor momento e devido ao suporte da minha esposa, Ana Julia, decidi concorrer a posição de pós-doutorado e fui aceito”, conclui.

Convite
A oportunidade, segundo ele, surgiu por meio da colaboração que mantém com o um pesquisador que o orientou no doutorado, e que ocupa uma posição de prestígio na SUSTech. “Recebi o convite do Instituto para passar três meses desenvolvendo minhas pesquisas em Shenzhen e obtive total apoio do meu supervisor no IMPA. A pesquisa em matemática é peculiar, pois possui um caráter global, os problemas relevantes são os mesmos em qualquer lugar do mundo. Sendo assim, tenho a oportunidade de colaborar com pesquisadores de vários lugares mesmo vivendo em Guarapuava. Atualmente desenvolvo pesquisas com colaboradores no Brasil, China e Coreia do Sul”, afirma Alexsandro.

Pesquisa
De acordo com ele, a matemática é dividida em três grandes áreas: Educação Matemática, Matemática Aplicada e Matemática Pura. “Eu desenvolvo estudos na área de Matemática Pura, mais especificamente na área de Dinâmica Simplética. Esta área teve origem em problemas na mecânica celeste, e basicamente a ideia é entender o comportamento de corpos como estrelas, planetas e satélites que interagem por meio da Lei da Gravitação Universal”.
Ele também cita que recentemente foi lançada uma excelente série de ficção científica na Netflix, chamada ‘O problema dos três corpos’. Esta série leva o nome de um famoso problema ainda em aberto e estudado por muitos matemáticos na minha área. Em certo momento a série aborda um pouco a respeito disso. “Eu desenvolvo estudos em problemas relacionados, porém as leis que regem o sistema podem ser outras”, afirma.

Tempo na China
O matemático relata que o período que está passando na China tem sido maravilhoso, a cidade Shenzhen que é próxima de Hong Kong, é muito tecnológica. “Aqui a maioria dos carros e motos são elétricos e ninguém usa dinheiro ou cartão, é tudo feito por meio de aplicativos no celular, desde pagar uma refeição a entrada no transporte público”.
A diferença de idioma é grande e segundo ele poucos em Shenzhen sabem falar em inglês. “Eu não entendo o que eles falam e eles não me entendem, porém hoje existem ótimos aplicativos com tradutores que nos auxiliam nesta tarefa”.
Alexsandro conclui que o fato do chinês ser muito paciente e educado ajuda bastante, e a adaptação com a culinária tem sido melhor do que esperava. “Aqui, em geral, as comidas são muito temperadas se comparadas com o Brasil, mas podemos encontrar facilmente comidas típicas de outros países, inclusive a do Brasil. Tenho aproveitado para aprender mais sobre a cultura chinesa. Com certeza tem sido uma experiência enriquecedora em vários níveis”, finaliza.