Durante todo esse tempo, ele passou por experiências em inúmeros países. Sua primeira vinda ao Brasil foi em 1974, há 46 anos
Dando continuidade a série de matérias ‘Vida e fé’, o Correio do Povo do Paraná entrevistou o padre Giovanni Murazzo, que está com 84 anos. Ele saiu da Itália e veio ao Brasil pela primeira vez há 40 anos seguindo sua missão, e já escreveu 15 livros.
O objetivo dessa sequência de matérias é aprofundar um pouco o conhecimento sobre a cultura de outros países e relação deles coma fé, fomentar reflexões sobre a religião e o mundo contemporâneo ou mesmo entender um pouco mais sobre trajetória de vida do entrevistado.
Decisão
Após a 2ª Guerra Mundial, já em 1947, um padre foi até a cidade onde Giovanni morava na Itália e ficou durante uma semana. Lá, pediu o apoio de uma professora para recrutar jovens ao seminário e auxiliarem em missões na China.
Em aula, ela perguntou quantos queriam participar e 15 levantaram as mãos. Desses, três foram ao seminários e, ainda, apenas um prosseguiu e se tornou padre. Sobre como decidiu permanecer na caminhada, há um relato mais específico.
“Uma noite na escuridão entrei na capela, me ajoelhei no altar onde tinha a estátua de São Francisco Xavier e naquele momento alguma coisa se mexeu no meu coração, ai que senti a atração. Depois, essa semente foi adubada e cultivada através do testemunho dos missionários xaverianos que tinham sido expulsos da China, alguns após anos de prisão”, revela.
No dia 13 de outubro de 1963, ele foi ordenado padre com outras 31 pessoas. No entanto, foi substituir provisoriamente um padre em um região da Itália e acabou permanecendo lá por 10 anos. Após esse tempo, veio ao Brasil.
Caminhada
Além do Brasil, Giovanni passou por outras países, como Alemanha, Argentina, México, Estados Unidos, Suíça; chegou aqui em 1974 e permaneceu até 1987, quando foi chamado para Itália de novo, retornando após oito anos, em 1995.
Desse período até agora, passou por vários estados e municípios brasileiros. Em 2004 foi eleito como superior regional dos Xaverianos, seguindo nessa função até 2011. Sua primeira vez em Laranjeiras foi em 1998. Em 2018, retornou à cidade, após quase 20 anos seguindo outro rumo.
Centro da evangelização do mundo
Como muitos sabem, o Vaticano, residência do papa, fica na Itália. De certa forma, devido a presença do Vaticano e também por questões históricas e culturais, a Itália está muito ligada ao cristianismo.
O vaticano, segundo Giovanni, é o estado mais pequeno do mundo, mas o mais importante, porque se tornou o centro da evangelização da Europa e depois do mundo inteiro. “A Itália foi o berço do cristianismo. Em Roma tem muitas Igrejas bonitas e muitas tradições por causa da época do Ressurgimento na Itália, mas hoje em dia essas igrejas muitas vezes estão vazias”, disse o padre.
“Não dá para fazer comparações, o cristianismo em cada país nasceu em épocas diferentes e com personagens diferentes. Na Itália temos regiões em que o cristianismo é vivo e atuante, mas há regiões em que é muito fraco”.
De acordo com o padre, essa queda no número de fiéis ocorre porque a Europa está passando pela crise da pós-modernidade. “Famosa crise do secularismo, corrente de pensamento que diz: deixa Deus de lado, o homem é o protagonista da sua história, é o homem que deve pensar, fazer, decidir”, explicou.
Como resposta, a evangelização deve seguir e a Igreja tem recebido o apoio do Papa Francisco, não apenas através dos documentos, mas também pelos exemplos que ele tem dado.