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A primavera chegou e trouxe com ela as variações bruscas da temperatura

Especialista alerta para os impactos da crise hídrica e dos eventos meteorológicos extremos sobre a agricultura e a pecuária devido as altas temperaturas previstas

O Início da Primavera 2021 aconteceu às 16h21 de ontem (22). A primavera começa sempre no dia 22 ou 23 de setembro – quando termina o inverno – e acaba em 21 ou 22 de dezembro, dando lugar ao verão.

No hemisfério sul, onde está localizado o Brasil, a primavera é caracterizada pelo desabrochar das flores, chuvas e pelo aquecimento da temperatura. Nessa estação, o clima é mais ameno, ou seja, não tão quente quanto no verão, e nem muito frio como no inverno.

Essa época é muito apreciada por boa parte das pessoas, pois a natureza fica mais colorida com flores de variados tipos. Por conta disso, é um período conhecido também como “estação das flores”.

Equinócio da Primavera

O equinócio da primavera marca o momento exato do início da estação.

O equinócio é um fenômeno astronômico onde o Sol atinge com maior intensidade as regiões próximas à linha do Equador. Nessa altura do ano, o dia tem a mesma duração no hemisfério norte e no hemisfério sul.

O fim da primavera é marcado por outro evento astronômico: o solstício de verão. Este é o período em que o hemisfério sul está inclinado cerca de 23,5º na direção do Sol.

Clima no Paraná

“Para os próximos meses estão previstas variações bruscas da temperatura do ar em curtos períodos devido à passagem de frentes frias sobre o Paraná”, afirma o meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib.

De modo geral, nos períodos secos, o rápido aquecimento diurno formará ondas de calor, sobretudo nas faixas Norte e Oeste. As chuvas devem manter-se abaixo da normal climatológica.

La Niña

O conjunto dos modelos climáticos indica a probabilidade elevada de ocorrência do fenômeno La Niña nas águas do Oceano Pacífico Equatorial ao longo da primavera. O resfriamento da temperatura da superfície das águas altera os padrões globais de chuvas e temperaturas.

O meteorologista observa que o aumento gradual do volume de chuvas e das temperaturas médias são próprios da estação. “Aglomerados de nuvens de tempestade denominados Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM) costumam formar-se na região do Paraguai ou no próprio território paranaense”, explica.

Os maiores valores de temperaturas mínimas e máximas ocorrem habitualmente nas regiões Oeste, Sudoeste, Norte e Litoral. Já as chuvas são causadas pelas frentes frias e/ou quentes e outros sistemas de curta duração que se desenvolvem em função das altas temperaturas e da maior quantidade de umidade no ar no Estado e em áreas próximas, como Paraguai, norte da Argentina e estados vizinhos.

Por ser uma estação de transição entre os regimes climáticos do inverno e do verão, a primavera favorece eventos meteorológicos severos como fortes rajadas de ventos, granizo, chuvas volumosas e grande quantidade de raios, que só podem ser detectados em curto prazo. O Simepar faz o monitoramento sistemático das condições do tempo e emite alertas com antecedência de poucas horas, possibilitando a adoção de medidas de prevenção e mitigação dos efeitos na sociedade. Para receber esses alertas no celular, os interessados podem cadastrar-se na Defesa Civil Estadual enviando uma mensagem para o número 40199 com o número do seu CEP (Código de Endereçamento Postal).

Agrometeorologia

A agrometeorologista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, Heverly Morais, alerta para os impactos da crise hídrica e dos eventos meteorológicos extremos sobre a agricultura e a pecuária no contexto das altas temperaturas previstas para a primavera.

“As grandes culturas como soja, milho e feijão podem sofrer atraso na semeadura, germinação desuniforme da lavoura, crescimento inadequado das plantas e mau desenvolvimento dos grãos”, afirma.

Ela recomenda ao produtor escalonar a semeadura em talhões com cultivares de ciclos diferentes, manter o equilíbrio nutricional das plantas, utilizar sementes de boa qualidade, bem como não empregar população superior à indicada. Para melhorar a estrutura do solo e o armazenamento da água no sistema, sugere o cultivo e a incorporação de plantas de cobertura em sistema de plantio direto. “Essa técnica melhora os atributos físicos e químicos do solo, favorece o aumento de infiltração da água, aprofunda as raízes da cultura, reduz a temperatura e a evaporação do solo e mantém a água disponível para as plantas em períodos de estiagem fraca e moderada”, explica a pesquisadora.