Outono: clima irregular pode prejudicar safrinha no Paraná

Sob influência do La Niña, Estado terá períodos de chuva e frio intercalados com calor.

O outono, que começou no dia 22 de março, deve ser marcado por chuvas irregulares em todo o Paraná. Segundo o agrometeorologista Luiz Renato Lazinski, o fenômeno climático La Niña, caracterizado pelo esfriamento das águas do Oceano Pacífico, terá influência nas precipitações em praticamente todas as regiões brasileiras, inclusive no território paranaense. “O La Niña atingiu o seu máximo em janeiro e fevereiro. Ele está diminuindo de intensidade, mas mesmo fraco, segue influenciando nosso clima até meados deste ano”, afirmou.

De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), no decorrer desta estação os paranaenses devem conviver com manhãs e noites mais frias, enquanto as tardes seguem quentes. A partir de maio, ondas de ar frio e seco devem ser frequentes e intensas, provocando expressivo declínio da temperatura do ar. Dessa forma haverá dias muito frios, intercalados por outros de grande calor. 

Safrinha

O clima irregular vem complicando a lida nas lavouras paranaenses nos últimos tempos. No início da safra de verão faltou chuva no plantio. Depois, no início deste ano, choveu mais que o necessário. De acordo com o Lazinski, com a influência do La Niña, a previsão é que essa instabilidade continue ao longo da estação até o início do inverno.

“Podemos ter um ou outro veranico na safrinha de milho”, observa o especialista, referindo-se a períodos isolados de calor. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), até a terceira semana de março, 72% da área estimada de 2,4 milhões de hectares já estavam semeados, mas o avanço do cereal também depende das condições climáticas.

Essa situação climática poderia ser mais propícia a cultura do trigo, que tolera facilmente veranicos e também quedas bruscas de temperatura. O milho pode ser mais vulnerável às variações de temperatura e clima.

Segundo Edson Gonçalves do escritório regional do Deral, na região de Laranjeiras a safrinha está totalmente plantada, tanto o milho quanto o feijão. “As culturas estão com um bom desenvolvimento mas precisamos de chuvas mais homogêneas e com volumes maiores”.

Edson diz que o La Ninã é uma preocupação devido a escassez de chuvas e também porque houve um plantio tardio. “Temos em torno 20% da área que foi plantada fora do zoneamento. Essas áreas acabam sendo um pouco mais suscetíveis ao clima e podem sofrer com problema de frio antecipado e se não chover pode complicar bastante”, diz Edson.

Trigo

Com relação ao trigo na região Edson diz que o plantio acontece em sua maioria em junho e julho.  “O trigo é sempre plantado no período correto e determinado pelos agrônomos, então ficamos mais tranquilos. Só haverá preocupação de houver geadas mais tardias ou muito fortes na fase de reprodutiva que é a fase mais susceptível”.

Edson comenta que o trigo é uma cultura que não necessita de muita chuva ao longo do ciclo. “Se tiver uma boa chuva para a germinação e algumas pontuais na fase reprodutiva já garante o potencial produtivo”, completa.

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