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Avanço da variante Delta reacende debate sobre o retorno das aulas presenciais

Dados da Seed-PR apontou que, até o dia 14 de agosto, havia 16 escolas fechadas e 128 turmas com aulas presenciais suspensas neste mês

Por Thamiris Costa

A medida em que se cresce o número de internações e mortes por Covid-19 em crianças a nível internacional e nacional, o mito de que esse grupo não pode ficar gravemente doente vem sendo constantemente desmentido. Nos Estados Unidos, por exemplo, foram registrados 3,5 milhões de casos entre crianças até o final de julho, segundo dados do Centro Nacional de Estatísticas em Saúde do país.

No Brasil, apesar de as testagens de crianças serem baixas e não haver números precisos sobre mortes infantis, cerca de mil crianças de 0 a 9 anos morreram vítimas da doença até maio deste ano, demonstra um levantamento realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo. Além disto, em março, ao menos 11.628 pacientes da mesma faixa etária precisaram ficar internados, e um em cada quatro deles precisou ir para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Considerando esses fatores, somados ao avanço da variante Delta e aos surtos de Covid-19 em diversas escolas no país, registrados especialmente neste mês, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou, na última segunda-feira (23), o documento “Recomendações para o retorno às atividades escolares presenciais no contexto da pandemia de Covid-19”, que volta a discutir a seguridade das aulas presenciais.

O retorno das aulas

Com o avanço da vacinação e a queda momentânea nos números da Covid-19 (em 31 de julho, pela primeira vez desde janeiro, a média móvel de mortes ficou abaixo de mil por dia), uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostrou que quase um terço das prefeituras (29,5%) tinham reaberto ainda no primeiro semestre e 38,5% reabriram em agosto, em um modelo híbrido, que combina atividades remotas e presenciais.

Desde então, a secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR), entidade que monitora os casos de Covid-19 nas escolas estaduais, apontou que até o dia 14 de agosto, havia 16 escolas fechadas e 128 turmas com aulas presenciais suspensas devido a casos de coronavírus. Dentre elas, por exemplo, estava a Escola Estadual da Vila Industrial, de Laranjeiras do Sul.

Apesar de o chefe do Departamento de Epidemiologia do município, Luiz Aquiles, ter confirmado os casos, não se sabe quantos foram registrados e nem se entre os positivados estavam estudantes, professores e/ou funcionários. A reportagem tentou entrar em contato com a chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Laranjeiras do Sul, Adriane Almeida, para esclarecimentos, mas não obteve respostas.

Até a última terça-feira (24), o Estado contava com 1.933 colégios abertos para as atividades presenciais, e 38 instituições foram fechadas devido a decretos municipais que restringem a circulação de pessoas. Houve, na semana anterior a este período, 1,5 mil casos positivos, dos quais incluía pessoas que compunham todo quadro de funcionamento das escolas.

Crianças como grupo prioritários e protocolos  

Segundo a nutricionista laranjeirense, Gabriele Protcz, crianças e idosos possuem condições semelhantes no que se refere ao sistema imunológico. Isto porque, enquanto crianças estão em fase de desenvolvimento do sistema de defesa do organismo, os idosos estão em fase de uma diminuição dele.

“Um dos elementos essenciais para a constituição saudável do sistema imunológico das crianças está na absorção de nutrientes. Porém, muitas não possuem hábito de consumi-los, fator que prejudica a imunidade. Já os idosos têm dificuldade de absorver esses nutrientes, situação que resulta também em uma imunidade frágil”, explica ela.

Por este motivo, especialistas afirmam que os dois “extremos da vida” devem ser considerados grupos prioritários. Não à toa, o relatório da Fiocruz apontou que as aulas presenciais só serão totalmente seguras com a vacinação de crianças e adolescentes; além de ressaltar prioridades para medidas protetivas dentro das escolas.

O relatório concluí que é preciso balancear as necessidades de tentar recuperar o tempo perdido na aprendizagem e convencer os alunos que desistiram de estudar com as ações que evitem ao máximo possível o número de casos; lembrando que o plano de retorno as atividades presenciais devem ser constantemente atualizado e aprovado após ampla discussão entre a sociedade e a comunidade escolar.