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Com pandemia, litoral do Paraná prevê temporada com metade do movimento

“Vai de duas a três temporadas para gente recuperar o prejuízo”, finaliza o vice-presidente da Adetur.

A chegada do verão é representa sempre a esperança de lucro para o litoral paranaense. Mas em tempos de pandemia do novo coronavírus, é preciso manter os pés bem fincados no chão.
 Por isso, a expectativa para a alta temporada, entre o final deste ano e o começo do próximo, é bastante comedida, com estimativa de um movimento (e faturamento) equivalente a algo entre 50 e 60% do que foi a temporada 2019-2020, a última antes da Covid-19 começar a se alastrar pelo território brasileiro.
Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Matinhos (Acima), Adriano Menine Ribeiro relata que desde meados de setembro o litoral paranaense vive um movimento de retomada, com um movimento que ele define como “quase normal”, equivalente a 70% do que fora registrado na mesma época em anos anteriores. 
A partir do final de semana que vem, diz ainda ele, começa enfim a chamada alta temporada, período de maior movimento turístico na região.

“Tanto a hotelaria como o setor de locações estão com expectativas super positivas. Nas imobiliárias, quase 100% dos imóveis estão reservados, restam poucas unidades a serem locadas”, comenta Adriano, relatando ainda que o comércio sofre pelo temor das pessoas em circularem. Ou seja, os turistas estão indo para o litoral, mas não estão gastando como em outros tempos.
“O turista está tímido em transitar pelo comércio. O trânsito existe, mas o gasto não existe. O que conversamos com os comerciantes é que, em comparação à temporada passada, o faturamento médio vai ficar em torno de 50%”, complementa o presidente da Acima.
O cenário descrito por Gilberto Keserle, vice-presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo Sustentável do Litoral do Paraná (Adetur), é um pouco diferente. Isso porque, em sua avaliação, o turismo da região teve dois picos com os feriados de outubro e novembro, em momentos nos quais as pessoas estavam com grande vontade (e ansiedade) para sair um pouco de casa.
“Isso deu um fluxo grande no litoral como um todo, mas foram picos, porque depois o movimento voltou a ser como antes”, aponta o vice-presidente da Adetur, que é também empresário (tem negócios na Ilha do Mel) e membro do conselho municipal de turismo de Pontal do Paraná.
Ainda segundo ele, até há sinais de que a temporada de verão 2020/2020 pode ser altamente positiva, mas num momento marcados por tantas incertezas ele destaca que o melhor é não colocar todas as fichas nisso. 
“A pandemia não está controlada, os estabelecimentos não estão atuando na capacidade máxima. É totalmente diferente dos anos anteriores. Vai ser uma temporada boa, mas que em nenhum momento vai fazer com que os empresários recuperem o prejuízo que tiveram”, afirma ele, citando ainda que a estimativa é de um faturamento que fique entre 50 e 60% do que foi registrado no verão passado.


Possibilidade de novo lockdown é um dos maiores receios
Entre março e setembro deste ano, diversos municípios litorâneos optaram por dificultar o acesso às cidades, inclusive com a instalação de barreiras sanitárias nas estradas. 
Com o verão se aproximando e a pandemia voltando a ganhar força no estado, o temor é que novas medidas mais restritivas venham ser impostas pelo poder público.
Em novembro, por exemplo, as sete cidades da região tiveram aumento de 45% no número total de casos confirmados em relação a outubro. 
Além disso, o litoral paranaense aporesenta uma das maiores indicêndias da doença e também um dos maiores índices de mortalidade por Covid-19 no estado, sendo que para toda a região há apenas um hospital com leitos UTI do SUS para pacientes com Covid-19 ou suspeita da doença.
“O impacto [de um novo fechamento] seria catastrófico, tememos muito por isso. Em Matinhos, temos o entendimento de que o comércio estimula e auxilia na fiscalização [dos protocolos sanitários. Além disso, não há comprovação científica de que o lockdown traga benefícios. Precisamos cuidar da população, manter os protocolos para viver o novo normal”, comenta Adriano Ribeiro, presidente da Acima.
Gilberto Keserle, vice-presidente da Adetur, relata ainda que a agência está em diálogo constante com as prefeituras e as respectivas secretarias de turismo. 
“Não existe sinalização de um novo quadro de mais restrição, fechamento. O que escutamos falar bastante é que vai ter fiscalização maior, para fazer valer o que já está em vigência”.


Foco na prevenção e apelo aos visitantes e moradores
Um dos principais apelos que o comércio e o turismo no litoral paranaense fazem é para que as pessoas tenham consciência com relação à gravidade do momento que o Paraná atravessa, o que deve se traduzir em respeito aos protocolos sanitários, em especial àquelas orientações mais básicas, como uso de máscara, higiene das mãos e a vedação de aglomerações.
“Embora a temporada esteja aí, a consciência do turista com relação aos riscos deve ser grande. As pessoas têm de se comportar como se estivessem em suas casas, nas suas cidades, tomando todos os cuidados. O que ninguém quer é que as pessoas venham para cá e depois apresentem problemas de contaminação e ajudem na disseminação do vírus.”, discursa Gilberto Keserle.
Para garantir essa conscientização, Adriano Ribeiro conta que as associações comerciais do litoral se reuniram e estão exigindo do poder público uma campanha forte e massiva para que as pessoas entendam, finalmente, a necessidade de respeito aos protocolos sanitários. 
“Vivemos o novo normal e essa forma nova de viver vai ser com extremo cuidado. O vírus está aí, infectando pessoas, e estamos numa escalada de contaminação. Precisamos que tanto o turista como o munícipe tomem as medidas de precaução”.
 

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