Coreia do Sul exibe mísseis, drones e tanques durante 1º desfile militar em anos

Em discurso, o presidente Yoon Suk Yeol alertou o governo norte-coreano e seu líder, Kim Jong-un, contra o uso de armas nucleares

Na terça-feira (26), a Coreia do Sul apresentou um desfile militar na sua capital, exibindo tanques e mísseis, marcando assim o primeiro evento deste tipo em uma década. A realização deste desfile ocorreu em comemoração ao 75º Dia das Forças Armadas e se deu em meio às crescentes tensões na Península Coreana. Estas surgem à medida que a Coreia do Sul fortalece sua aproximação com os Estados Unidos e o Japão, em resposta à ameaça representada pelo programa nuclear da Coreia do Norte.

O evento teve início pela manhã, com cerimônias e apresentações na Base Aérea de Seul, onde o presidente Yoon Suk Yeol proferiu um discurso alertando Pyongyang sobre as consequências do uso de armas nucleares. Ele afirmou que se a Coreia do Norte utilizar armas nucleares, seu regime será aniquilado por uma resposta esmagadora da aliança entre Seul e Washington, ao fazer o pronunciamento sob chuva.

Há uma década

O desfile, o primeiro realizado na Coreia do Sul desde 2013, aconteceu na parte da tarde, com tropas e equipamentos militares desfilando pelo coração de Seul, passando pela Câmara Municipal e pela histórica Praça Gwanghwamun. As ruas estavam repletas de espectadores, muitos deles usando capas de plástico e segurando guarda-chuvas.

O evento contou com a participação de milhares de soldados sul-coreanos e mais de 300 soldados norte-americanos, conforme informado pelo Ministério da Defesa Nacional. Além disso, houve apresentações de bandas militares, porta-bandeiras e mascotes de cada unidade militar.

Diversos equipamentos de fabricação nacional foram exibidos, incluindo drones, tanques e veículos blindados de transporte de pessoal. Soldados a bordo dos veículos acenaram para a multidão que acompanhava o desfile.

Visibilidade

Segundo Peter Layton, pesquisador visitante do Griffith Asia Institute da Griffith University, o desfile tinha como objetivo enviar uma mensagem tanto para o público internacional, incluindo os Estados Unidos e as potências regionais como a Coreia do Norte e a China, quanto para o público doméstico. Layton afirmou que o evento serve para destacar o papel da Coreia do Sul como uma potência importante no cenário global, como o atual presidente enfatiza.

Além disso, o desfile ajuda a aumentar a percepção pública da indústria de defesa coreana, que tem obtido sucesso nas exportações, enquanto outros setores econômicos enfrentam desafios. Yoon já havia expressado sua meta de tornar a Coreia do Sul um dos quatro maiores exportadores de armas do mundo, depois dos EUA, Rússia e França.

Apesar de ainda não ter alcançado essa posição no ranking, a indústria de defesa sul-coreana cresceu rapidamente, com US$ 7 bilhões (cerca de R$ 35 bilhões) em exportações em 2021, de acordo com o Banco de Exportação e Importação da Coreia.

Layton enfatizou que o desfile também destaca a duradoura aliança entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos, especialmente à luz dos recentes testes de armas da Coreia do Norte.

Nos últimos anos, a inteligência internacional tem sugerido que Pyongyang pode estar se preparando para retomar os testes nucleares, com imagens de satélite mostrando atividade em seu local subterrâneo de testes nucleares.

Em abril deste ano, Yoon e o Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciaram um novo acordo fundamental para dissuadir a agressão norte-coreana, incluindo o compromisso dos EUA de implantar um submarino com armas nucleares na Coreia do Sul pela primeira vez desde a década de 1980.

Além disso, Yoon, Biden e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, realizaram uma reunião de cúpula histórica em agosto, na qual anunciaram novos exercícios militares e estabeleceram uma linha direta para comunicações de crise. Foi a primeira vez que Biden recebeu líderes estrangeiros no retiro de Camp David, em Maryland, um local com históricas negociações diplomáticas para ex-presidentes.