Senado debate ampliar isenção do IR para salários de até R$ 10 mil

Proposta ainda está em análise, mas expectativa é de aprovação tranquila entre os senadores

Após a aprovação unânime na Câmara dos Deputados, o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais chega ao Senado. Alguns parlamentares já sinalizam a intenção de propor emendas para ajustes no texto, mas a expectativa é de uma tramitação tranquila, com possibilidade até de aprovação por unanimidade.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ainda não definiu o rito de análise, mas líderes partidários acreditam em uma votação rápida. Entre os cotados para assumir a relatoria está o senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário político de Arthur Lira (PP-AL), relator da matéria na Câmara.

Possíveis mudanças no texto
Alguns senadores defendem ampliar a isenção para rendimentos de até R$ 10 mil, além de rever contrapartidas incluídas pelos deputados e corrigir pontos de bitributação. Apesar de resistências pontuais de partidos de oposição e do Centrão, nenhum deputado votou contra a proposta, considerada popular a menos de um ano das eleições.O resultado na Câmara surpreendeu até o Planalto, que buscava recompor a imagem do Congresso após críticas pela ‘PEC da Blindagem’, que aumentava a proteção a parlamentares, e pela urgência concedida ao projeto de anistia a condenados por envolvimento nos atos golpistas julgados pelo STF.A ministra da secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, acompanhou a votação em plenário. Após a aprovação, declarou: “É a justiça tributária sendo feita e isso, com certeza, dá perspectiva de que a gente avance neste sentido”.

Atuação de Arthur Lira
A vitória também é atribuída à articulação do presidente da Câmara. Arthur Lira rejeitou diversas emendas alegando incompatibilidade orçamentária e conseguiu barrar tentativas do Centrão de alterar o texto. O movimento reforça sua posição política em Alagoas, onde deve disputar uma vaga no Senado em 2026 com apoio do Planalto.Segundo estimativas do governo, a medida deve beneficiar cerca de 16 milhões de contribuintes. Se for aprovada no Senado até o final do ano, passará a valer a partir de 2026. Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o resultado no Congresso foi expressivo: “Esse projeto não busca apenas justiça tributária, mas justiça tributária com equilíbrio fiscal”.

Medida provisória preocupa governo
Enquanto avança a proposta da isenção, outra frente preocupa o Planalto. A medida provisória que prevê tributação sobre diferentes aplicações financeiras precisa ser aprovada na comissão mista, na Câmara e no Senado até a próxima semana, sob risco de perder a validade.O relator da MP, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), já anunciou ajustes para tentar viabilizar a votação, incluindo a retomada da isenção sobre letras de crédito imobiliário e do agronegócio. A medida é considerada essencial pela equipe econômica para evitar novos cortes no orçamento.