O ser emocional

O homem e a mulher, pela sua estrutura evolutiva, são, essencialmente, seres emocionais. Recém-saídos do instinto, em processo de conscientização, demoram-se no trânsito entre o primarismo – a sensação – e a razão, passando pela emoção.

                Mesmo quando adquirem o senso do discernimento após se intelectualizarem, acreditando possuir um grande controle da emoção, dela não se libertam como a princípio gostariam.

                A emoção bem direcionada torna-se um dínamo gerador de estímulos e forças para realizações expressivas, promovendo aqueles que a comandam, como pode fazer-se instrumento de desgraça, caso lhes fuja ao controle.

                Nos relacionamentos interpessoais a emoção exerce um papel relevante, essencial para o êxito, contribuindo para a afetividade, a convivência feliz. No entanto, antes de se exteriorizar como seria ideal, exige todo um curso disciplinante, uma análise profunda, a fim de converter-se em equipamento adequado do eu superior, expressando-se na conduta e na vivência.

                Incialmente, cada indivíduo deve realizar uma avaliação a respeito da própria emotividade, para identificar se a mesma se encontra embotada, exaltada, indiferente, apaixonada ou sob estímulos enobrecedores.

                Quando está embotada, não registra as manifestações da afetividade, conforme se expresse, buscando apenas a fonte das sensações rudes, em cujo desbordar se compraz; se se apresenta exaltada, perde a diretriz do comportamento, deturpando quaisquer manifestações de carinho e perturbando o discernimento; quando indiferente, ignora o rumo das exteriorizações, morrendo por efeito de satisfações não saciadas e de prezeres não fruidos; se apaixonada, manifesta-se a um passo da alucinação, porque mantendo os remanescentes dos instintos fisiológicos, deixando que predominem os desejos hedonistas, em egocentrismo infeliz; somente quando estimulada pelos objetivos enobrecedores, estabelece paradigmas e patamares de auto-realização e integração nos mecanismos da Vida.

                Nessa natural escalada para os níveis da consciência lúcida ou de transcendência do ego, a caminho da conquista cõsmica através das suas diferentes etapas, é justo examinar-se: a) como se reage diante de si próprio; b) qual a conduta em referência ao próximo; c) de que forma desenvolve os valores íntimos em relação a si e aos demais.

                No primeito caso, torna-se essencial a análise cuidadosa a respeito das reações emocionais diante dos desafios: cólera, ciúme, mágoa, revide, ódio, inveja… que decorrem do primitivismo moral do ser, ainda aferrado a conplexos de inferioridade, de superioridade e aturdido pelos conflitos que remanescem da consiência de culpa

                No segundo caso, as reações diante do próximo serão resulfado do hábito de como enfrentrar situações inesperadas, fenômenos novos, jogos psicológicos desconhecidos, para que os conflitos não se expressem em forma de retraimento, suspeita, narcisismo, aparência de conhecedor de toda a verade, medo, loquacidade, presunção instigante… A insegurança pessoal responde pelo descontrole da emoção na conduta do relacionamento com outras pessoas.

                O indivíduo tranquilo, porque portador de confiança em si mesmo, não se atormenta quando enfrenta situações novas e desafiadoras, agindo com serenidade, sem a preocupação exagerada de parecer bem, de fazer-se detestado, de eliminar o outro ou de sobrepor-se a ele… É natural e wxponâneo, aberto aos relacionamentos interpessoais, respeitador das idéias e condutas do outro, embora não abdicando das suas próprias nem mascarando-as para agradar, ou exigindo-as para impô-las…

                No terceiro caso, faz-se doador, livre de exigências, sem paixões dissolventes, vinculando-se e amando, ou liberando-se sem ressentimentos, constatando, porém, que em todo relacionamento há sempe uma bela aquisição de vida pela empatia que provoca, pelas expectativas que desperta, pela convivência enriquecedora.

                Avançando no equilíbrio da emoção, o encantamento da existência física libera-o da queixa, das frustrações, dos tormentos, que são resquícios do período egoístico ultrapassado, para viver as excelências de cada momento novo e de todas as horas porvindouras, sem angústias pelo ontem, nem ansidades pelo amanhã…

                O desenvolvimento da emoção é imperativo da reencarnação do Espírito, que se aprimora, etapa a etapa, no processo da evolução, passando pelas sucessivas experiências carnais…

Livro: AUTODESCOBRIMENTO Uma Busca Interior. Joanna de Ângelis (Espírito). Psicografia Divaldo Pereira Franco. Livraria Espírita Alvorada Editora. 16ª ed. Salvador. BA. 1995. Págs 39-42

Manoel Ataídes Pinheiro de Souza. CEAC. Guaraniaçu – PR.  manoelataides@gmail.com