Nos últimos anos, o impacto que a tecnologia tem provocado na vida das pessoas e principalmente dos casais, vem se tornando cada vez mais evidente e preocupante. Os computadores pessoais, os telefones celulares, o facebook, os blogs e twitters, o watsapp, o instagram, as secretárias eletrônicas, o identificador de chamadas, as televisões com mais de uma centena de canais, essas e muitas outras modernidades têm começado a desafiar e a dar novas formas à comunicação entre casais, jovens e sempre mais pessoas de todas as idades. Interferem em sua busca de significados, nas formas de eles vivenciarem o tempo, nas escolhas de atividades de lazer, nos rituais diários, nas fronteiras entre o trabalho e a vida em família, nas formas de interação entre pais e filhos e nas importantes definições sobre o que é a privacidade. Tudo isso acontece me um contexto em que as vivências de outras gerações são de pouca utilidade. Nossos pais podem ter assistido a filmes insinuantes, mas a tela tinha 10 polegadas de largura, e não 36, e a TV era desligada às 9 horas da noite. No máximo às 10. Nossos avós escreviam cartas, e não e-mails ou mensagens, e tinha que esperar uma hora para que a operadora telefônica completasse uma chamada de longa distância. E, tomando chimarrão (se eram aqui do sul) ficavam horas no bate-papo.
Vozes da “Terra da tecnologia”
Os avanços recentes da tecnologia estão penetrando na vida dos casais a uma velocidade superior à nossa capacidade em medir o impacto que eles causam nos relacionamentos. Algumas descrições podem dar-nos uma ideia deste impacto: uma esposa conta que seu marido chega em casa todos os dias às 20 horas, outras, um pouco mais tarde. Antigamente, ele me cumprimentava e conversava comigo. Agora ele vai direto para o escritório e se ocupa manuseando o celular… ele engole a janta e desaparece na frente do computador, até que, enfim, vai dormir. Perdi meu marido a tecnologia e estou cansada disso. Outra revelação é de um marido que acordou às três da manhã e descobriu que sua mulher não estava na cama. Uma luz vinha da sala dos fundos: ela estava escrevendo mensagens íntimas para um homem desconhecido, usando o celular. “Meu marido e meu filho passam o tempo todo diante do computador ou manuseando o celular. Não há lugar para mim no relacionamento deles”. Revela a esposa e mãe. E vai mais além “Antes, quando saíamos para jantar, era tão romântico e tínhamos tanto para conversar… hoje, cada um fica a um lado da mesa, atendendo às chamadas pelo celular, lendo e enviando mensagens”. “conheci minha noiva pela internet só fui vê-la e conversar pessoalmente com ela, três dias antes da festa do nosso casamento”. Encontrei um rapaz que iria para outro Estado para casar-se, com data marcada na Igreja, mas nunca tinha visto a noiva pessoalmente. Apenas pelos meios de comunicação… Namoros, casamentos e acertos pelos meios de comunicação será que darão certo? Muitos casais falam da tecnologia que entrou nas suas vidas e nos seus lares, responsabilizando-a pela incomunicação que se criou entre eles. Casais do século XXI precisam dar início a uma reflexão sobre o lugar que a tecnologia ocupa no seu dia a dia. Quanto tempo é gasto lendo e escrevendo mensagens. Quando os celulares são desligados? Um psicólogo perguntou a uma menina de oito anos se ficava em casa sozinha, à tarde. Ele respondeu: “Não. Tenho o celular”.