Rumo ao desconhecido

“Migração alemã para o Brasil é impulsionada por crises e guerras, mas fluxo se inverte nos anos 1990.”

(Priscila Ferreira Perazzo)

O processo de unificação alemã, datado dos anos 1870, foi um dos propulsores da saída dos germânicos de seu território, pois as transformações desordenavam organizações sociais e econômicas, fazendo com que muitas famílias fossem para a América. No Brasil, diferentes regiões apresentavam-se como chamarizes de mão-de-obra estrangeira.

Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo receberam fluxos numerosos de  alemães. Eles substituíam os escravos nas fazendas, compravam terra no interior, produziam coma funcionários ou pequenos proprietários rurais ou empregavam-se como operários nas cidades. No período de guerras de 1918 a 1939 deu-se outro significativo fluxo migratório da Alemanha par ao Brasil. Em 1923, o país sofreu uma das piores crises econômicas, com taxas de desemprego alarmantes. Na década de 1920, cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre receberam várias famílias que se instalaram nas cidades  e nelas trabalharam em empresas, bancos, comércios, escolas ou profissionais liberais ou técnicos especializados. Formaram comunidades urbanas e organizaram agremiações recreativas, culturais e públicas.

Após a ascensão de Hitler ao poder, uma política sistemática da NSDAP (partido nazista) voltava-se aos alemães do exterior, dando oportunidade de militância partidária ao que desejassem. Entre os emigrantes, alguns saiam da Alemanha na década de 1930, por desgostarem da política nazifascista. Outros partidários do nazismo  buscavam no Brasil oportunidade de negócios. Até mesmo do século 20, o fluxo de alemães no Brasil era mais intenso que o inverso.  Após a 2ª Guerra Mundial, o Brasil se tornou porto seguro dos refugiados e até mesmo dos nazistas. No entanto, desde a década de 1990, esse fluxo de imigração parece se inverter. A imigração brasileira é um fenômeno relativamente recente na Alemanha e ocorre a partir dos anos 1970. A entrada de brasileiros na Alemanha, há cerda de 25 anos, parece reverter tal situação histórica. Fatores como crise econômica,  denúncias de corrupção, anseio por qualidade de vida, violência urbana e tarifas áreas acessáveis levaram brasileiros a rumar para o país daqueles que outrora imigravam para cá. A Alemanha também atrai com benefícios econômicos, respeito em relações aos homossexuais, prestígio reconhecido aos artistas e possibilidades de produção acadêmica.

Diante desses fatores, algumas estatísticas demonstram o interesse de alguns brasileiros para essa imigração: o consulado brasileiro e o censo alemão apontaram, em 2008 uma comunidade de cerca de 39 mil brasileiros na Alemanha. O ministério das Relações Exteriores do Brasil, por sua vez, anunciou um número muito maior: 70 mil. A maioria dos imigrados é de mulheres.

Se esses números se confirmarem, os brasileiros do século 21 parecem pretender perseguir a cifra do fluxo imigratório ocorrido com os alemães ao final do século 19 e início do 20.

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