Agricultoras transformam produção em sustento e solidariedade
Com recursos federais e estaduais, associação liderada por mulheres garante alimentos saudáveis a instituições sociais e renda para dezenas de famílias
Em meio aos desafios da agricultura familiar, um grupo de mulheres de Rio Bonito do Iguaçu está escrevendo uma história de resiliência, colaboração e impacto social. A Associação de Mulheres Agricultoras da Agricultura Familiar (Amaarbi), presidida por Lizabete Telles Ziemniczak, vem conquistando recursos federais e estaduais para garantir alimentos saudáveis a instituições que realizam trabalhos sociais e, ao mesmo tempo, garantir renda direta no bolso de dezenas de famílias da agricultura familiar.
Recursos que alimentam e fortalecem
Nos últimos meses, a associação já captou quase R$ 500 mil, sendo R$ 343.105,82 do Governo Federal, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e R$ 138.977,14 via programa Compra Direta, coordenado pelo departamento de Segurança Alimentar do Estado da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SEAB) do Paraná. Esses recursos são usados para comprar produtos como feijão, frutas, hortaliças e pães diretamente de 60 agricultores(as) associados(as), sendo muitas mulheres que encontraram na Amaarbi uma voz coletiva para prosperar.
Os alimentos adquiridos com estes recursos são doados a entidades como o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Rio Bonito do Iguaçu e a Casa de Repouso São Francisco Xavier, de Laranjeiras do Sul, garantindo refeições nutritivas a crianças, idosos e famílias em situação de vulnerabilidade social. “Cada quilo de alimento que compramos vira esperança na mesa de quem precisa e sustento para quem planta”, afirma Lizabete Telles, orgulhosa do ciclo de solidariedade criado.
Renda que circula na comunidade
Além de fortalecer a segurança alimentar das instituições de ações sociais, os projetos geram um retorno financeiro médio de R$ 2 a R$ 3 mil mensais por família agrícola. O dinheiro, reinvestido no comércio local, movimenta pequenos negócios em Rio Bonito do Iguaçu. “Quando o agricultor recebe, ele compra sementes, conserta ferramentas ou paga contas aqui mesmo. Toda a comunidade ganha”, destaca Lizabete, reforçando a economia local.
O resultado é visível: só em 2024, mais de 16 toneladas de alimentos foram comercializadas, incluindo produtos como abacate, banana, couve e pão caseiro, todos cultivados sem agrotóxicos, conforme exigências dos programas.
Do campo à mesa
No CRAS de Rio Bonito do Iguaçu, as doações são parte essencial do cardápio oferecido a famílias atendidas pelo programa socioassistencial. Já na Casa de Repouso, em Laranjeiras do Sul, as frutas e legumes frescos melhoraram a qualidade nutricional das refeições dos idosos. “Sabemos que esses alimentos vêm de mãos que trabalham com amor. É um orgulho ver nosso trabalho fortalecendo vidas”, emociona-se Lizabete.
Parcerias que fazem a diferença
Segundo a presidente, o sucesso da Amaarbi não seria possível sem parcerias como a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Instituto Paranaense de Assistência e Extensão Rural (Emater) e a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, que oferecem suporte técnico e logístico. A
previsão é ampliar as entregas em 2025, incluindo novos produtos e beneficiando mais municípios da região.
Um modelo para o Brasil
Enquanto o país debate políticas de combate à fome, Rio Bonito do Iguaçu, a partir da Amaarbi, mostra que a solução pode começar no campo, com organização e protagonismo feminino. “Não somos só fornecedoras de alimento. Somos agentes de transformação”, conclui Lizabete, cujo sonho é ver a experiência replicada em outras comunidades.