A revista americana Forbes divulgou na terça-feira, 6, o novo ranking global dos bilionários em 2021. São 2,7 mil pessoas no total. Deste contingente, 56 moram no Brasil, sendo que 11 são novatos na lista – a expansão da presença nacional se deu apesar da crise gerada pela pandemia de covid-19, que fez a economia do País recuar mais de 4% em 2020. Entre os que aparecem pela primeira vez no ranking estão David Vélez (cofundador do Nubank, que é colombiano, mas mora no Brasil), Guilherme Benchimol (fundador da XP) e Ilson Mateus (Grupo Mateus).
Houve uma mudança na metodologia neste ano. No levantamento atual, a publicação considerou o país de domicílio de executivos e empresários. Desta forma, bilionários brasileiros como Jorge Paulo Lemann, sócio da gigante das bebidas AB InBev e das operações globais da Kraft Heinz e do Burger King, não entram mais na conta brasileira. Lemann mora na Suíça. Da mesma forma, segundo a revista, Antonio Luiz Seabra, da Natura, também aparece como listado pelo Reino Unido.
Quando essa divisão de domicílio é desconsiderada, e entram na conta empresários brasileiros residentes ou não no País, a presença nacional na lista sobe para um total de 65 pessoas. Mais uma vez, o avanço foi grande – por este método, havia 45 brasileiros listados em 2020. Esses executivos e empresários têm, no total, um patrimônio de quase US$ 220 bilhões – forte alta sobre os US$ 127 bilhões registrados no ano passado, de acordo com a revista.
Parte dos estreantes na lista da Forbes tem sua ascensão ligada ao crescimento de seus negócios, a investimentos recebidos de fontes privadas ou a aberturas de capital. A XP, por exemplo, abriu o capital na Nasdaq (bolsa americana ligada ao setor de tecnologia) no fim de 2019, mas empreendeu forte crescimento no ano passado. Por isso, Benchimol, seu fundador, agora aparece como representante brasileiro no ranking global de bilionários.
Já o banco digital Nubank recebeu um aporte de US$ 400 milhões (mais de R$ 2 bilhões) em janeiro de 2021, em uma operação liderada pelo GIC, fundo soberano de Cingapura. Desta forma, o banco fundado por Veléz, que passou a figurar no ranking, chegou a uma avaliação total de US$ 25 bilhões, de acordo com fontes de mercado. Uma abertura de capital já está no horizonte da instituição financeira. A aposta dos investidores é que, como ocorreu com a XP, o Nubank também opte por abrir seu capital nos EUA.
Outro caso curioso da lista é o de Ilson Mateus, ex-garimpeiro que fundou o Grupo Mateus, um dos destaques do setor de atacarejo da região Nordeste. No ano passado, em operação comandada pela XP, a empresa captou R$ 4,63 bilhões em seu IPO (oferta inicial de ações na B3, a Bolsa paulista). O empresário fundou a companhia no Sul do Maranhão, ao lado da primeira esposa, Maria Ribeiro, que também entrou para o ranking de bilionários da Forbes.
Dança das cadeiras
Na edição brasileira publicada em setembro do ano passado, o banqueiro Joseph Safra havia desbancado Lemann como o brasileiro mais rico do mundo. Com a morte de Safra, em dezembro de 2020, seus herdeiros passaram a constar na lista global da Forbes de forma conjunta, com fortuna estimada em mais de US$ 7 bilhões. No entanto, segundo a publicação, Lemann voltou a ser o brasileiro mais rico, com fortuna de US$ 16,9 bilhões – o suficiente para assumir a 114ª posição em todo o mundo.
ESTREANTES
Família Safra (Jacob Safra, Esther Safra, Alberto Safra e David Safra), com um total conjunto de US$ 7,1 bilhões
David Vélez, do Nubank, com US$ 5,2 bilhões
Guilherme Benchimol, da XP, com US$ 2,6 bilhões
André Street e Eduardo de Pontes, da StoneCo., com US$ 2,5 bilhões e
US$ 2,4 bilhões, respectivamente
Fabrício Garcia, Flávia Bittar Garcia Faleiro, ambos com US$ 2,1 bilhões, e Fernando Trajano, com US$ 1,5 bilhão, todos do
Magazine Luiza
Ilson Mateus e Maria Pinheiro, ambos do grupo
varejista nordestino Mateus, com US$ 1,4 bilhão e US$ 1 bilhão,
respectivamente
l Anne Werninghaus, da Weg, com US$ 1,1 bilhão