Pix deve ajudar pequenos também na gestão do negócio

Por Estadão Conteúdo

Pelo menos 49% dos micro, médios e pequenos negócios do país precisam pagar algum tipo de taxa ou tarifa para viabilizar transferências bancárias e fazer pagamentos, é o que apontam os números do QB Insights, pesquisa encomendada pela Intuit QuickBooks. Com a implementação do Pix, novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, a expectativa para as PMEs é que ocorra uma redução de custos, menos burocracias nos pagamentos, auxílio no capital de giro e até mesmo uma melhor gestão do estoque.
Para Nadja Heiderich, coordenadora do núcleo de estudos da conjuntura econômica da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), o impacto do Pix será grande, pois além de haver uma compensação mais rápida dos valores pagos pelos clientes, também haverá maior competição entre as instituições financeiras para captar os empreendedores, reduzindo ainda mais os custos.
“Eu acredito que haverá sim uma redução de custos e menos burocracia. Hoje, por exemplo, o boleto pode fazer até com que a pessoa desista do pagamento. Com a capitalização mais rápida, você pode ter até um volume maior de vendas e uma melhor gestão financeira dos negócios”, explica Nadja.
Com um recebimento mais rápido, o capital de giro das empresas também é influenciado. Como a transação do Pix é feita em segundos, o crédito entra em segundos. A entrada de capital mais rápida traz um auxílio muito grande no capital de giro.

A melhor opção

Muitos empreendedores ainda possuem contas em diferentes bancos para reduzir os custos por operação. Adriano, por exemplo, tem conta em quatro instituições financeiras. Com o Pix, ele pretende centralizar suas movimentações em apenas duas. “São quatro bancos para direcionar os pagamentos, que necessitam de um planejamento maior, logo, perco mais tempo para gerir”.
Cibele Pestillo, consultora do Sebrae-SP, explica que os empreendedores costumam abrir contas em vários bancos para não pagar por transferências. Mesmo com variadas contas, a pesquisa da Intuit QuickBooks mostra que 39% dos entrevistados gastam entre R$ 13 e R$ 50 com tarifas mensais, enquanto 19% tiram entre R$ 101 e R$ 200 mensais, e 17% pagam mais de R$ 200 por isso.
“Uma frase que eu sempre falo nas consultorias é que um pequeno vazamento pode afundar um navio. Ou seja, de valores pequenos em valores pequenos, você não percebe o quanto gasta, mas isso pode afetar o seu negócio”, ressalta Cibele.
Para ela, é importante o empreendedor entender quanto já gasta hoje com as tarifas mensais nas instituições financeiras em que tem conta. Depois, pesquisar as tarifas oferecidas para o Pix, não só em instituições financeiras, mas também em empresas de pagamento como PayPal e Mercado Pago.
As tarifas do Pix para pessoas jurídicas ainda não foram divulgadas pelo Banco Central, mas algumas instituições já afirmam que não cobrarão pelas transações.

O que escolher: Pix, boleto, transferência

A coordenadora do núcleo de estudos da conjuntura econômica da FECAP, Nadja Heiderich, explica como decidir pelas formas de pagamento:
Pix e maquininha de cartão: a maquininha continuará tendo o benefício do crédito (à vista ou parcelado), pois o Pix ainda funciona apenas a função de débito. Neste caso, para colocar na balança entre a maquininha para débito e o Pix, é preciso verificar qual é a taxa da antecipação de recebíveis, dado que o recebimento das maquininhas não é imediato.
Normalmente, o prazo para recebimento dos valores pode chegar até 30 dias e, quanto maior a antecipação, maiores são as taxas cobradas. Com o Pix, o recebimento é previsto para que ocorra em segundos. A especialista diz que, além de verificar as taxas, pode ser interessante analisar o valor gasto para que possa ser convertido em uma vantagem para o consumidor final, como um desconto, por exemplo:
TED e DOC: muitas vezes, o empreendedor opta por abrir contas em vários bancos para reduzir os valores gastos mensalmente com as transferências bancárias, que costumam entrar no pacote de taxas mensais quando feitas entre o mesmo banco (não sendo cobradas taxas extras). Com o Pix, é esperado que as tarifas cobradas sejam mais baixas ou até mesmo gratuitas.
Pensando nisso, compare as taxas que o banco vai cobrar entre Pix e TED/DOC. Neste caso, também é importante verificar a necessidade de ter o dinheiro no ato ou esperar a compensação, que pode levar até 72 horas. Um ponto importante é que o DOC possui uma limitação de valor até R$ 4.999,99, enquanto o Pix ainda não possui limite.
Boletos: as taxas de emissão de boleto bancário variam de banco para banco e podem ser cobradas por boleto emitido, por boleto recebido ou por quantidade de boletos gerados. Com o Pix, a cobrança será por transações. Aqui, é necessário comparar as tarifas do Pix com as tarifas de boleto cobradas pela instituição financeira.

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