Ganhando o Mundo: Adriane C. Koch embarca para o Canadá em outubro

Doutora em Letras, ela é a única professora nascida em Laranjeiras do Sul, a ser selecionada para o intercâmbio de estudos oferecido pelo governo do Estado. Conheça sua trajetória e o funcionamento desta iniciativa inédita no Brasil

Nascida e crescida em Laranjeiras do Sul, a professora e doutora em Língua Portuguesa Adriane C. Koch, cujo primeiro emprego foi no jornal Correio do Povo do Paraná embarca para o Canadá em outubro. Ela está entre os 95 professores do Paraná selecionados para o programa ´Ganhando o Mundo´ do governo do Estado, que farão intercâmbio de conhecimento.

Trajetória

Mãe do Gustavo e esposa do Patrick, Adri conta que foi ao trabalhar durante sete anos no jornal que nasceu o amor pelos livros, pela literatura e principalmente por escrever. “Nós recebíamos as escolas municipais que traziam as turminhas para conhecer como o jornal era feito. E era eu quem geralmente mostrava as instalações e o processo para eles. E ali fui percebendo que realmente eu gostava de falar, de mostrar como que as coisas aconteciam”, relembra.
Ela então fez graduação na Unicentro em Letras na sequência, especialização em literatura contemporânea e em gestão escolar. “Parti para o mestrado na mesma instituição e depois de três anos fui pro doutorado na UEM. Sou professora do estado do Paraná, mas a minha carreira na docência não iniciou na educação básica e sim no nível superior. A convite da Joice, dei aulas na Faceopar e depois trabalhei na Universidade Federal da Fronteira Sul. “Me casei novamente faz cinco anos e acabei indo embora para Cascavel”, contou em visita à redação.

Professores formadores

Conforme Adriane, durante a pandemia surgiu o grupo de estudos formadores em ação. “Naquele momento de incerteza, de confusão, ninguém sabia de nada, não tinha aula, tudo fechado. E a gente precisava dominar as tecnologias, técnicas e práticas. E tudo isso sem contato com o aluno. E aí surgiu esse grupo para dar aulas semanais aos professores da rede estadual do Paraná. Quando saiu o primeiro edital, eu já me inscrevi e comecei a trabalhar como professora formadora”, conta a doutora.
Segundo ela, a secretaria da Educação fornece o roteiro de trabalho, o tema, a metodologia e proporciona uma grande formação, antes das aulas. “O grupo de estudos começou a ter um impacto muito grande nas escolas. Porque até então nós tínhamos aquela escola com o quadro, giz e o livro de chamada. Era o modelo clássico: ler o texto, responder as questões e… acabou, com algumas exceções. E com o grupo começaram a surgir novas formas de pensar a sala de aula e a aprendizagem do estudante”, reflete.

Ela explica que neste novo modelo o aluno é colocado como sujeito autônomo e crítico, como um leitor de situações de contexto do mundo. E o professor é um mediador. “É um caminho árduo. Nem todos os professores da rede têm acesso, mas enfim esse é o grupo de estudos (que ajudou a colocar o Paraná no topo do ranking do Ideb). Começou pequeno e hoje tem mais de trinta temas”, alegra-se.

Intercâmbio

Segundo a professora, o grupo de estudos começou a cobrar da SEED algo mais. “Porque a prática em sala é transformada. Hoje eu consigo ter uma compreensão maior da minha sala de aula, do meu aluno, do meu conteúdo a cada dia, a cada aula”, relata.

 Já havia sido lançada a primeira edição do programa de intercâmbio internacional para os estudantes. Em 2023 os pedidos foram atendidos e a secretaria lançou o edital do intercâmbio para o Canadá e para a Finlândia. Foi uma seleção muito concorrida, mas ela passou. “O objetivo do intercâmbio é levar os professores formadores e os professores cursistas a estudar e conhecer novas metodologias ativas para serem usadas em salas de aula. Ter contato com esse novo contexto, para que possamos mensurar o que é possível fazer aqui? Qual a possibilidade de trazer ideias e adaptar para nossa realidade?”, questiona.

Os professores que vão para o Canadá, como é o caso de Adriane, ficarão por três semanas. Já aqueles selecionados para a Finlândia, ficarão por quatro semanas. “Na Finlândia é férias. Então, o pessoal vai poder ficar hospedado na universidade. No Canadá não é férias. Nós vamos ficar em hotel. Daí uma semana a menos, por causa dos custos.

Novas oportunidades

De acordo com Adriane Koch o programa deve continuar nos próximos anos.  “O Ganhando o Mundo´ mexeu bastante com todo o estado, com todos os professores, com todos os alunos. Porque a gente nunca teve nada nesse sentido. Muitos professores, como eu mesma, nunca nem haviam pensado em ir a outro país para ficar estudando. E do meu bolso, eu jamais teria condições de pagar essa viagem. É uma felicidade muito grande. É motivador para os outros colegas professores na escola. A gente amplia o olhar. Sai da caixinha. Então, estou muito curiosa para saber, como é o ensino por lá. Mas ao mesmo tempo, também não quero me diminuir e quando eu falo me diminuir, eu falo do Paraná e do Brasil. Vou trocar experiências, levar vídeos da minha escola. Temos boas práticas aqui também”, disse a professora.

Segundo ela, estudar e melhorar o inglês foi fundamental. “Para podermos nos comunicar mais tranquilamente, a SEED nos colocou numa plataforma que foi ótima. Nosso único custo foi o passaporte e o visto. Ficaremos esse período lá e na volta vamos ter um prazo para aplicar na prática os conhecimentos adquiridos. Vou precisar fazer acontecer meu plano de ensino entregue ao projeto”, explica.

Pós doc

Aos 41 anos, Adriane que estuda e escreve sobre a obra de Clarice Lispector já está dando sequência ao aprendizado. “A proposta do pós-doutorado é a transformação da tese em livro. Uma vez que é uma discussão inédita, pois tratamos da poética animal na literatura da Clarice. Eu volto do Canadá e retomo, pois amo estudar, amo a literatura e amo escrever”, finaliza.