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Opostos na corrida eleitoral, vereadores indígenas prometem união e ação pela comunidade

Adão Paulista e Sebastião Tavares foram eleitos e terão a oportunidade de representar o povo de Rio das Cobras na Câmara a partir de 2021

Nova Laranjeiras é um município reconhecido pela presença indígena. Não é para menos. Nele, está situado a maior reserva dos nativos do Paraná. São cerca de 960 famílias e 3,9 mil habitantes – 34% da população da cidade. 
A partir de 2021, os indígenas espalhados pelo Território de Rio das Cobras terão dois representantes na política municipal. Adão Paulista e Sebastião Tavares foram eleitos vereadores.
O primeiro tem 39 anos, casado, pai de cinco filhos e é evangélico. Filiado ao Progressistas, ele fez 221 votos. No pleito deste ano, Adão apoiou o candidato a prefeitura Zé Wittmann. que saiu derrotado.
Aos 52 anos, Sebastião concorreu pelo MDB, recebeu 237 votos e viu seu candidato a prefeito, Fábio da Farmácia, conquistar a vitória. 


Somos todos iguais

Os dois são unânimes quanto ao desafio principal quando assumirem suas respectivas cadeiras na Câmara de Vereadores: lutar pelos interesses da população da comunidade. “Fui me preparando, com o apoio do cacique. Nos últimos anos, o poder público não trabalhou bem para nós, por isso focamos em colocar representantes indígenas dentro da Câmara. O que faltou nos últimos anos foram projetos sociais nas aldeias. Não temos representantes dentro da prefeitura, muito menos dentro das secretarias de Saúde e da Agricultura. Não têm ninguém brigando pela nossa comunidade. Queremos nosso espaço”, diz Adão. 

Foi a primeira vez experiência dos dois na política. “Venho trabalhando nas campanhas, venho acompanhando a política da cidade e agora me envolvi diretamente”, declara Adão.
E apesar de disputarem a corrida eleitoral em lados opostos, os dois vereadores garantem que a cumplicidade falará mais alto no dia a dia de trabalho. 
Para Sebastião, Fábio da Farmácia tomou conhecimento das necessidades da comunidade e estará comprometido em cessá-las enquanto prefeito. “Precisamos promover a nossa cultura, ter um salão comunitário para fazer as nossas festas. Geralmente, nossos irmãos  assam carne debaixo do sol, festejam na chuva na chuva, ao ar livre. Nossos projetos muitas vezes são esquecidos pelos governos estaduais e federais e gostaríamos que lembram-se mais de nós”.


A união faz a força

Adão revela que a eleição deles se deve à conscientização do povo indígena de votar em quem lutará por seus interesses. 
“Os presidentes dos partidos lançavam muitos candidatos indígenas para que a aldeia se dividisse e não conseguisse eleger ninguém. Os vereadores eleitos no pleito passado, tiraram muitos votos de nós e nunca mais voltaram aqui. Agora, as nossas lideranças decidiram por nos indicar e nosso povo compreendeu bem.”.
Sebastião revela ainda o interesse em lutar pelo melhoria no sistema de saúde oferecido dentro e fora da comunidade. “Se faltam medicamentos aqui, nos enviam para o Ponto de Atendimento do município e lá também não têm. Nosso povo não têm condições de comprar na farmácia. Já percebemos isso há tempo, eu até por ser presidente do Conselho de Saúde local. Se não há remédio, o paciente fica sem se medicar”. 
 

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